
Atividades do projeto Quilombo Vivo abordam temáticas relacionadas ao racismo ambiental. Projeto chega até comunidades afetadas pela mudança climática
Divulgação/Utopia Negra
O projeto Quilombo Vivo, lançado em março deste ano pelo coletivo Utopia Negra, segue levando atividades que incentivam o protagonismo de moradores de comunidades quilombolas. Entre os debates estão discussões ambientais sobre impactos de mudança climática.
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A ação busca incentivar o posicionamento ativo dessa população vulnerável e a incidência política no Plano de Adaptação Climática de Macapá. O projeto iniciou na escola a Escola Estadual Quilombola Raimundo Pereira da Silvana, na comunidade do Carmo do Maruanum, Zona Rural da capital.
A ação forma oficinas que levantam a temática sobre o racismo ambiental, que destaca que populações tradicionais vivem em localidades que estão mais vulneráveis aos impactos da mudança climática.
“Não se trata apenas de ausência de políticas, mas da forma como se decide onde o lixo será despejado, onde faltará água ou luz, onde não chegará saneamento. E esses lugares têm cor, têm nome, têm história”, disse Alicia Miranda, estudante de história social e de gênero da Unifap.
Alicia Miranda, coordenadora do projeto
Isadora Pereira/g1
Alicia é quem conduz o projeto e dá continuidade ao anterior: ‘Vida sobre águas’. Em conversas durante as oficinas implementadas, os moradores relataram as problemáticas enfrentadas no cotidiano, com infraestrutura precária e acesso limitado a serviços básicos.
“A gente tem a intenção de instigar a discussão sobre a adaptação climática. Por entender que as mudanças climáticas estão acirrando uma realidade que se afunila muito fácil para populações já minoritárias, como quilombolas, ribeirinhas. E infelizmente essas zonas são populadas por negros, então não tem como a gente negar os impactos de raça e classe na questão das mudanças climáticas”, disse.
Quilombo Vivo busca fortalecer a construção do Plano de Adaptação Climática Municipal
A oficina funciona como uma denúncia para que os moradores contem sobre as suas lutas diárias e deve seguir para outras comunidades. A população também relata como são organizadas soluções para os problemas cotidianos enfrentados apenas com o conhecimento tradicional.
“As falas mostram que há uma riqueza de estratégias locais de cuidado ambiental e de convivência com o clima, que muitas vezes são ignoradas”, disse Alicia.
Projeto foi levado à comunidade do Maruanum
Divulgação/Utopia Negra
Tecnologia sustentável e saneamento básico
Paulo Cardoso, que é engenheiro florestal e gestor de projetos socioambientais e coordenador do ‘Quilombo Vivo”, disse que o projeto é uma iniciativa inédita na capital. Com os dados recolhidos pelos encontros através dos projetos, é possível consolidar recomendações técnicas aos órgãos competentes, conforme necessidade e de acordo com a vivência.
“Acreditamos que podemos ampliar o debate climático para outras áreas de Macapá, transformando esses espaços em centros de escuta para a criar um arcabouço técnico de recomendações para a elaboração do Plano de Adaptação Climática Municipal”, disse Cardoso.
Na próxima etapa do projeto os debates e reuniões devem acontecer nos espaços públicos da capital, para que mais pessoas atingidas por essa problemática possam contribuir para a garantia de uma infraestrutura que gere qualidade de vida.
“Disseminar essa experiência para outras regiões é um passo essencial para a construção de políticas públicas mais inclusivas e conectadas com a realidade dos territórios, garantindo justiça climática e social”, finalizou Paulo.
Projeto Quilombo Vivo é levado à comunidade do Maruanum
Divulgação/Utopia Negra
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