
No litoral do Paraná, Orlando Luiz Pires Júnior, de 49 anos, foi dado como morto após um suposto afogamento. A certidão de óbito foi emitida, e um amigo dele seria o beneficiário do seguro de vida. Pescador do Paraná forja afogamento para receber seguro
Uma investigação exclusiva do Fantástico revelou um esquema de fraudes contra seguradoras. Um dos casos é de um homem que simulou a própria morte para tentar receber R$ 2 milhões do seguro de vida. (Veja vídeo acima.)
No litoral do Paraná, Orlando Luiz Pires Júnior, de 49 anos, pescador nas horas vagas e que também trabalha como pedreiro, foi dado como morto após um suposto afogamento.
A certidão de óbito chegou a ser emitida, e um amigo dele, Hamilton Piveta, seria o beneficiário de um seguro de vida feito dois meses antes do afogamento.
Dois meses depois, Orlando apareceu vivo em uma audiência trabalhista no interior do estado, fazendo com que a fraude fosse descoberta. A polícia o localizou em Jaguapitã, também no Paraná, onde ele confirmou sua identidade.
A história de pescador começa em abril de 2018. O telefone do Corpo de Bombeiros tocou com um pedido de socorro. Segundo a chamada, um pescador teria sido arrastado por uma onda, se afogou e desapareceu.
“As buscas perduraram por mais 15 dias, ao longo de todo o litoral”, relata Douglas Konflanz, major do Corpo de Bombeiros de Matinhos, onde o acidente teria acontecido.
Na hora de fazer o seguro de vida, Orlando declarou que era empresário, com renda de R$ 250 mil por ano, o que garantiria uma boa poupança a quem o recebesse.
A certidão de óbito por morte presumida indicava afogamento como a causa provável da morte.
Reprodução/TV Globo
Depois do registro do desaparecimento, um sobrinho de Orlando pediu à Justiça que reconhecesse a morte presumida dele. A certidão de óbito foi emitida e Orlando Luiz Pires Júnior foi dado como morto durante uma pescaria.
No entanto, a história teve uma reviravolta quando a polícia e a seguradora descobriram o que aconteceu em Rolândia, outra cidade do interior do Paraná, que fica a mais de 500 quilômetros da Praia de Matinhos.
Dois meses depois do relato da morte por afogamento, Orlando participou de uma audiência na Justiça do Trabalho da cidade. E fechou um acordo com um antigo empregador em 2019.
O Fantástico localizou a testemunha-chave da investigação que desmascarou o golpe do seguro de vida: João Carvalho, o advogado do próprio Orlando na causa trabalhista. Ele comprovou que o morto, na verdade, estava vivo.
“Foi feito um acordo. Ele até pediu para que pudesse antecipar o valor em dinheiro, que ele estava sem conta bancária. Teve uma insistência um pouco, a gente fez o pagamento, depois não tive mais contato com ele”, revelou o advogado.
Orlando Luiz Pires, pescador e pedreiro de Matinhos, no litoral do Paraná, forjou a própria morte para receber seguro de vida.
TV Globo/Reprodução
“Certamente é um sujeito vivo que tentou o recebimento de uma apólice pela morte”, diz Thiago Fachel, delegado de Matinhos que participa da investigação.
A equipe do Fantástico localizou Edival Berton, o amigo que confirmou às autoridades que Orlando tinha se afogado. “O mar estava bem bravo, a onda subiu e (como) ele estava mais na frente, levou (ele)”, contou. “Isso foi verdadeiro.”
Contudo, para a polícia, essa foi a mentira que deu origem ao golpe. “A gente percebe uma atitude criminosa, uma atitude irresponsável, naquele momento nós mobilizamos todos os recursos possíveis para que nós pudéssemos localizar uma possível vítima”, opina Fabrício Frazatto, tenente-coronel do Corpo de Bombeiros de Matinhos.
Edival nega ter participado do crime. “Não me envolvi nem participei de nada disso aí, não faço ideia disso aí”, defendeu-se.
O Fantástico foi até Jaguapitã, cidade natal do pescador. Ao pedir informações na vizinhança, com uma foto dele em mãos, uma surpresa: Orlando apareceu e conversou com a equipe. “O que aconteceu?”, questionou Orlando, que disse morar em Curitiba e que tinha acabado de chegar à cidade.
Depois que a tentativa de golpe morreu na praia, a polícia do Paraná indiciou cinco pessoas por estelionato e associação criminosa. Todos já viraram réus nesse processo.
A defesa de Hamilton Piveta, que seria o beneficiário do seguro, diz que vai provar sua inocência. O Fantástico não conseguiu contato com o advogado de Orlando Luiz Pires Júnior. “A gente espera que haja a condenação e que sirva também de exemplo para que isso não aconteça mais vezes”, pontua Fachel.
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