Suspeita volta a negar que matou filha e nora envenenadas; irmã diz que poderia ser ‘próxima vítima’


Elizabete Arrabaça, que está presa, prestou novos esclarecimentos à Polícia Civil nesta quarta-feira (25). Filho dela, o médico Luiz Garnica também será novamente interrogado. Nathália Guarnica e Larissa Rodrigues eram cunhadas e morreram envenenadas em Ribeirão Preto, SP
Reprodução/g1
Elizabete Arrabaça, investigada em Ribeirão Preto (SP) pela morte por envenenamento da nora Larissa Rodrigues e da filha Nathalia Garnica, prestou novos esclarecimentos à Polícia Civil nesta quarta-feira (25). O interrogatório ocorreu de maneira virtual, já que a suspeita está presa em Mogi Guaçu (SP).
À EPTV, afiliada da TV Globo, o advogado de Elizabete, Bruno Corrêa, revelou alguns trechos da fala da mulher. Um deles aborda como a suspeita encontrou a filha morta, em fevereiro deste ano (veja abaixo detalhes da morte).
“Ela esclarece que já estava na casa da filha, porque a filha estaria com dengue, então ela foi lá para ajudar a cuidar da filha. Durante o início da noite, ela ouviu a filha aparentemente engasgando, ela segue até o quarto, e a filha alega que teria engasgado ao tomar água. Então ela [Elizabete] sai e retorna mais à noite, onde a filha já estaria desfalecida”, afirma.
Ao ser questionada pelo delegado Fernando Bravo, que investiga os casos, sobre uma suposta pesquisa por uma pensão da filha, Elizabete também negou ter feito essa busca.
“Ela fala que não fez nenhuma pesquisa, embora a gente saiba da existência, sim, de uma previdência da Nathalia, onde a beneficiária era, única e exclusivamente, a Elizabete”, cita o advogado.
Ao fim do interrogatório, a suspeita pediu que seja concedida prisão domiciliar a ela, pelo fato de enfrentar problemas de saúde. Esse pedido já havia sido feito e negado pela Justiça anteriormente.
Filho de Elizabete, o médico Luiz Garnica, que também está preso por suspeita de envolvimento na morte de Larissa, deve ser interrogado na tarde desta quarta-feira.
Irmã acredita que seria próxima vítima
A reportagem também obteve acesso ao depoimento de uma das irmãs de Elizabete, Eveline Arrabaça. Ela destacou que acredita que a suspeita cometeu os crimes e que imagina que poderia ser a próxima vítima, devido a uma herança deixada pelo pai delas.
“Começou a se aproximar mais de mim para eu poder comprar essa parte dela da herança. Nosso pai faleceu, não conheci meu pai, mas ele faleceu, daí todo mundo começou a me chamar: ‘vamos montar um grupo porque vai ter um dinheiro do pai para receber’. Ela [Elizabete] começou a se aproximar mais de mim. Ela: ‘compra, estou precisando de dinheiro’. [Pediu] Que eu passasse no apartamento para tomar chá. Juro por Deus, agora, passando tudo isso, acho que eu seria a próxima vítima”, disse.
A frieza de Elizabete também foi abordada por Eveline ao lembrar de quando a cachorra de Nathalia morreu.
“Ela mandou um vídeo para mim da cachorrinha da Nathalia morrendo. Ela falava assim: ‘olha, Fabiane [outra irmã], a cachorrinha estrebuchando’.”
A suspeita foi perguntada sobre esse vídeo no interrogatório desta quarta-feira, mas novamente negou a prática.
O que disse ex-marido da suspeita
A contratação de um seguro de vida e a morte de uma amiga por causas naturais foram mencionadas pelo ex-marido de Elizabete Arrabaça, durante depoimento à Polícia Civil nesta terça-feira (24).
Chamado como testemunha, o ex-prefeito de Pontal (SP) Antonio Garnica, que é pai do médico Luiz Garnica, também investigado no caso, afirmou que, enquanto foi casado com Elizabete, soube que a mulher havia contratado uma apólice de seguro de vida no nome dele sem seu conhecimento prévio, o que na época foi entendido com naturalidade, diferente de hoje.
Siga o canal g1 Ribeirão e Franca no WhatsApp
“No momento, ele acreditou que seria algo pra resguardar, caso algum mal acontecesse a ele. Hoje ele tem outra convicção e que aquele seguro de vida o tornaria mais uma vítima”, afirmou Julio Mossin, advogado de defesa de Luiz Garnica.
Durante o depoimento, segundo Mossin, Antonio Garnica também mencionou que uma amiga de Elizabete, com quem ela tinha uma dívida, morreu por causas naturais pouco depois de encontrá-la.
“Um outro ponto importante que ele trouxe pra nós seria um novo caso que a senhora Elizabete tinha uma dívida com essa pessoa, fez uma visita para essa pessoa e no outro dia uma mulher também acordou morta. (…) Porém, eu preciso ressaltar isso, são elementos que estamos levantando sem de fato apresentar qualquer acusação formal contra ela. São suspeitas que estão sendo levantadas inclusive pela própria família da Elizabete.”
Advogado de Elizabete, Bruno Corrêa confirmou que o ex-marido levantou suspeitas sobre o envolvimento da ex-mulher na morte da filha, mas, para ele, a fala pode estar prejudicada pela relação conturbada entre os dois.
“Isso é versão dele, queira ou não, nesse momento ele entende que ela pode ter matado a filha dele, então seria natural ouvir, então eu entendo que a força do testemunho dele poderia ser ouvido somente como um informante, por ele querer ou não ter certa intenção de vê-la punida por um fato que pode ou não ter cometido”, argumentou.
Além de Antonio Garnica, a Polícia Civil obteve nesta terça-feira o depoimento da filha de Elizabete Arrabaça e irmã de Luiz Antonio Garnica, Viviane Garnica. Entre outros pontos, ela citou uma dívida de R$ 320 mil que a mãe acumulava com financiamentos, segundo o advogado Bruno Corrêa.
À direita, Antônio Garnica, ex-marido de Elizabette Arrabaça, após prestar depoimento à Polícia Civil em Ribeirão Preto (SP)
Reprodução/EPTV
Mortes por envenenamento
A professora de pilates Larissa Rodrigues, de 37 anos, foi encontrada morta no apartamento em que vivia com o médico Luiz Antonio Garnica em Ribeirão Preto em 22 de março deste ano. O laudo toxicológico apontou envenenamento pela substância conhecida popularmente como “chumbinho”.
O exame necroscópico descartou sinais de violência, mas apontou que ela teve lesões no pulmão e no coração, assim como a irmã de Garnica, Nathalia, que morreu aos 42 anos em fevereiro deste ano em Pontal, após um infarto, mesmo não tendo problemas de saúde aparentes.
Corpos de Nathalia Garnica e Larissa Rodrigues estão sepultados no mesmo túmulo, em Pontal (SP).
Reprodução/EPTV
Diante da proximidade das mortes, a Polícia Civil realizou uma exumação e a perícia nos restos morais de Nathalia concluiu que ela também morreu por ingestão de “chumbinho”.
Elizabete Arrabaça é investigada tanto pela morte de Larissa quanto pela morte da filha, por circunstâncias ainda a serem explicadas. Já o médico Luiz Antonio Garnica é suspeito de participação na morte da esposa.
LEIA TAMBÉM
Suspeita de matar nora envenenada também é investigada pela morte da filha em Ribeirão Preto, SP
Exame em penitenciária não aponta doença grave em Elizabete Arrabaça, suspeita de envenenar a filha e a nora
Professora morta com veneno: sogra presa acumula dívida de R$ 320 mil em financiamentos, diz advogado
Irmã de médico suspeito de matar esposa envenenada também morreu após ingerir chumbinho, confirma IML
A Polícia Civil e o Ministério Público suspeitam que um pedido de divórcio de Larissa, que pouco tempo antes havia descoberto uma relação extraconjugal do marido, pode ter motivado o crime. A sogra, por sua vez, foi a última pessoa a estar no apartamento da vítima antes da morte da professora.
Segundo o promotor Marcus Túlio Nicolino, uma denúncia por feminicídio contra os suspeitos deve ser formalizada à Justiça nos próximos dias.
O médico Luiz Antonio Garnica e a mãe, Elizabete Arrabaça ribeirão preto
Arquivo pessoal
Veja mais notícias da região no g1 Ribeirão Preto e Franca
VÍDEOS: Tudo sobre Ribeirão Preto, Franca e região
Adicionar aos favoritos o Link permanente.