
Inquérito foi concluído e encaminhado para análise do judiciário. Segundo a polícia, laudos indicam incapacidade de um dos envolvidos e ausência de crime da professora. Agora, o Ministério Público analisará se oferece denúncia. Universidade Federal da Grande Dourados.
Ricardo Zanella/UFGD
A Polícia Civil concluiu o inquérito e decidiu não indiciar a professora de medicina da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), nem os dois homens que estavam na casa dela no momento em que quatro alunas, segundo denúncia, foram vítimas de importunação sexual.
Segundo a delegada responsável, Ariana Gomes, o inquérito foi enviado ao Judiciário nesta quarta-feira (25). Agora, o Ministério Público analisará se oferece denúncia.
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Segundo a delegada, laudos médicos apontaram que o homem de 30 anos que estava na casa e é filho da professora, não possui capacidade de compreender que seus atos eram inadequados, por ter transtorno do espectro autista. Quanto ao idoso, também não foi identificado crime.
Sobre a professora, a Polícia Civil concluiu que não há responsabilidade criminal nem por omissão. A delegada explicou que, para haver omissão, seria necessário presumir que ela deva responder por todos os atos do filho em qualquer situação.
Quanto à escolha de aplicar a prova em sua residência, a polícia informou que uma eventual punição administrativa deve ser avaliada pela própria UFGD. O caso agora será analisado pelo Judiciário, que pode ou não concordar com a conclusão da polícia.
A professora foi afastada das atividades na universidade e no Hospital Universitário. O g1 procurou a UFGD, que afirmou por nota que o procedimento interno de apuração da corregedoria foi concluído, dando início a processo administrativo disciplinar, em andamento dentro do prazo legal.
“Não há previsão de data de conclusão, uma vez que devem ser respeitados todos os ritos do processo administrativo, incluindo o direito ao contraditório e à ampla defesa. Além disso, as estudantes estão tendo, desde a ciência dos fatos pela universidade, todo o suporte de acolhimento institucional, de acordo com a política contra o assédio da UFGD.”
O g1 tentou contato com as defesas das alunas e da professora, mas não obteve retorno.
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Entenda o caso
Segundo as vítimas, o caso aconteceu em 9 de junho, durante uma atividade fora do campus universitário. As alunas relataram à polícia que foram à casa da professora para realizar uma avaliação, proposta por ela. No local, foram recebidas por dois homens — um idoso de cerca de 70 anos e um jovem de aproximadamente 30 — ambos apenas de roupas íntimas.
Nos depoimentos, as estudantes relataram que os homens fizeram comentários inapropriados sobre seus corpos e elogios de forma inadequada. Uma delas teria sido beijada à força. As outras relataram abraços, toques e beijos do homem mais jovem.
As estudantes disseram que a professora apareceu durante a situação e pediu a um terceiro homem que retirasse os dois envolvidos. Mesmo com o abalo emocional das alunas, a docente teria insistido na aplicação da prova. Elas permaneceram na casa e só saíram após o fim da atividade.
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