Dólar abre em alta, à espera da votação do novo pacote de Trump na Câmara dos EUA


Na véspera, a moeda americana subiu 0,51%, cotada a R$ 5,4610. Já a bolsa fechou em alta de 0,50%, aos 139.549 pontos. EUA: Senado vota proposta de orçamento do governo Trump
O dólar abriu a sessão desta quarta-feira (2) em alta. A moeda subia 0,21% perto das 09h, cotada a R$ 5,4731. As negociações no Ibovespa, por sua vez, começam a partir das 10h.
▶️ Os mercados globais seguem na expectativa pela votação do megapacote de cortes de impostos do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pela Câmara dos Deputados do país. O texto, que conta com 940 páginas e, entre outros pontos, prevê a redução de tributos e um expressivo aumento nos gastos públicos do país, já havia sido aprovado ontem pelo Senado.
Com ele, a dívida pública dos EUA deve aumentar em US$ 3,3 trilhões na próxima década, agravando a situação fiscal do país e elevando a desconfiança em relação à maior economia do mundo.
▶️ Além disso, os investidores monitoram a proximidade do fim do prazo de suspensão do tarifaço. Os EUA têm buscado negociar com seus parceiros econômicos, mas a poucos dias do fim da trégua, apenas dois acordos foram firmados.
▶️ No Brasil, o mercado espera desdobramentos da derrubada do projeto que aumentava o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Como mostrou o g1, a queda na arrecadação e a resistência do Congresso devem levar a novos cortes no Orçamento, e os investidores esperam uma resposta do governo.
Veja abaixo como esses fatores impactam o mercado.
💲Dólar

a
Acumulado da semana: -0,41%;
Acumulado do mês: +0,51%;
Acumulado do ano: -11,63%.
📈Ibovespa

Acumulado da semana: -0,58%;
Acumulado da semana: +1,96%;
Acumulado do mês: +0,50%
Acumulado do ano: +16,02%.
O ‘grande e belo’ pacote orçamentário de Trump
O megapacote orçamentário de Trump, que reduz impostos, aumenta a verba contra imigrantes e corta programas sociais, deve ser votado pela Câmara dos Deputados dos EUA nesta quarta-feira (2), após ter sido aprovado pelo Senado do país na véspera.
Intitulado de One Big Beautiful Bill (“Um grande e belo projeto”, em tradução livre), o texto prevê, entre outros pontos:
aumento de recursos destinados ao controle da imigração;
ampliação dos gastos com as Forças Armadas;
cortes em programas sociais — especialmente na área da saúde;
criação de novas isenções fiscais para gorjetas e horas extras;
revogação de incentivos à energia limpa implementados pelo democrata Joe Biden.
A proposta prorroga os cortes de impostos implementados em 2017, durante o primeiro mandato de Trump. Em contrapartida, reduz os recursos destinados a programas como o Medicaid — que garante acesso à saúde para famílias de baixa renda.
Além disso, o projeto pode aumentar significativamente a dívida pública dos EUA. O Escritório de Orçamento do Congresso dos Estados Unidos (CBO, na sigla em inglês) estima que o pacote orçamentário adicionará cerca de US$ 3,3 trilhões (aproximadamente R$ 18 trilhões) à dívida pública do país.
Após a aprovação no Senado, o projeto retornará à Câmara dos Deputados. Se for novamente aprovado, seguirá para sanção presidencial. A expectativa é que a votação ocorra já na próxima quarta-feira (2).
Trump deseja sancionar a lei até o feriado da Independência, em 4 de julho. O presidente da Câmara, Mike Johnson, afirmou em comunicado que pretende cumprir esse prazo. SAIBA MAIS AQUI.
Tarifaço: contagem regressiva para o fim da trégua
O tarifaço de Trump voltou a ganhar destaque após a estabilização da situação no Oriente Médio. A suspensão de 90 dias das tarifas impostas pelo republicano está prestes a expirar, e o baixo número de acordos firmados até o momento continua gerando preocupação.
Trump e o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, afirmaram nesta terça que o prazo não será estendido e as tarifas poderão ser restabelecidas após 9 de julho.
Nesta segunda-feira, o Canadá cancelou o imposto sobre serviços digitais direcionado a empresas de tecnologia dos EUA, poucas horas antes de sua entrada em vigor. A decisão foi interpretada como uma tentativa de destravar as negociações comerciais, que haviam sido interrompidas por Trump.
Além disso, a União Europeia busca um alívio imediato nas tarifas comerciais para setores estratégicos do bloco como condição para qualquer acordo com os EUA, segundo diplomatas ouvidos pela Reuters.
🔎 O mercado avalia que o aumento das tarifas sobre importações pode elevar os preços ao consumidor e os custos de produção, pressionando a inflação e reduzindo o consumo. Esse cenário pode levar à desaceleração da economia dos EUA e até a uma recessão global.
Powell sob os holofotes
Diante das preocupações com as contas públicas e pelo tarifaço, os investidores avaliaram as declarações do presidente do Fed, Jerome Powell, em um evento no Banco Central Europeu (BCE) nesta terça.
Powell reforçou que a instituição pretende “esperar e obter mais informações” sobre os impactos das tarifas na inflação antes de reduzir as taxas de juros, ignorando mais uma vez as pressões de Trump por cortes imediatos.
“Estamos simplesmente dando um tempo”, afirmou. “Enquanto a economia dos EUA estiver sólida, acreditamos que a atitude mais prudente é esperar, entender melhor e observar quais serão os efeitos.”
Na semana passada, Powell já havia feito declarações semelhantes e foi duramente criticado por Trump, que tem pressionado o Fed a iniciar o ciclo de cortes de juros. O presidente chegou a indicar que pretende substituir Powell antes do fim do mandato, em maio de 2026.
Questionado sobre as críticas de Trump, Powell afirmou que o Fed está “100% focado” em suas metas de controle da inflação e de geração de empregos — declaração que foi aplaudida pelo público presente na conferência do BCE.
A próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) está marcada para os dias 29 e 30 de julho.
De olho no IOF
Por fim, a agenda brasileira fraca nesta terça-feira volta as atenções do mercado para as contas públicas, especialmente após o Congresso Nacional ter derrubado, na semana passada, o decreto presidencial que alterava as regras e aumentava a cobrança do IOF.
Com a agenda brasileira esvaziada nesta terça-feira, as atenções do mercado se voltam para as contas públicas.
Segundo a equipe econômica, a revogação do decreto do IOF deve resultar em uma perda de arrecadação de R$ 10 bilhões ainda neste ano. Especialistas ouvidos pelo g1 alertam que a medida pode levar o governo a adotar novos bloqueios e contingenciamentos no Orçamento de 2025.
▶️ Nesta terça-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou novamente que o governo precisa do aumento do IOF para equilibrar as contas em 2026.
Ele evitou confirmar se a medida será contestada no Supremo Tribunal Federal (STF) pela Advocacia-Geral da União (AGU), mas argumentou que o reajuste do imposto apenas “fecha uma brecha” para a sonegação de tributos.
O ministro também declarou que, para equilibrar as contas públicas, será necessário aprovar a Medida Provisória que aumenta a tributação sobre apostas eletrônicas (bets), criptoativos, fintechs e outros setores, além de cortar aproximadamente R$ 15 bilhões em benefícios fiscais.
Haddad indicou que pretende manter o diálogo com o Congresso e afirmou que aguarda um contato do presidente da Câmara, Hugo Motta, para esclarecer a decisão. Ele também ressaltou que o Executivo nunca mencionou qualquer tipo de traição por parte do Legislativo em relação ao tema.
*Com informações da agência de notícias Reuters.
Cédulas de dólar
bearfotos/Freepik

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