
Nova meta é de reduzir em 90% emissões de gases e para isso proposta permite que países comprem créditos de carbono de países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil. Emissões de carbono
Reprodução/TV Globo
A Comissão Europeia propôs nesta quarta-feira (2) a meta climática da União Europeia para 2040 que, pela primeira vez, permite que os países usem créditos de carbono de nações em desenvolvimento, como é o caso do Brasil.
A meta proposta pelo executivo da União Europeia é de reduzir as emissões líquidas de gases de efeito estufa em 90% até 2040 , em relação aos níveis de 1990. A medida tem como objetivo manter os países do bloco no caminho para a meta de 2050, que é de emissões líquidas zero.
No entanto, após a oposição de governos como França, Alemanha, Itália, Polônia e República Tcheca, a Comissão decidiu propor flexibilidades que suavizariam a meta para as indústrias europeias.
A União Europeia tem uma das metas climáticas mais ambiciosas entre todas as grandes economias. Isso porque também são os quartos maiores emissores do mundo. Até agora, as metas de emissões tinham se baseado inteiramente em cortes de emissões nacionais.
Refletindo a posição pública da Alemanha, até 3 pontos percentuais da meta de 2040 podem ser cobertos por créditos de carbono comprados de outros países por meio de um mercado apoiado pela ONU, reduzindo o esforço exigido pelas indústrias nacionais.
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Os créditos de carbono seriam implementados gradualmente a partir de 2036, e a UE proporá legislação no ano que vem para estabelecer regras sobre quais padrões de qualidade os créditos devem atender e quem os compraria.
O comissário climático da UE , Wopke Hoestra, disse que a nova meta climática criaria certeza de investimento para indústrias e governos – e que a compra de créditos de carbono estrangeiros poderia ajudar a diplomacia da UE com outros países.
“Estamos mantendo o curso da transição limpa. Sabemos por que estamos fazendo isso — por razões econômicas, de segurança e geopolíticas”, disse Hoestra em um comunicado.
Os países também teriam mais flexibilidade na escolha de quais setores em sua economia contribuiriam mais para a meta de 2040 .
As mudanças climáticas fizeram da Europa o continente com aquecimento mais rápido do mundo e uma onda de calor severa esta semana causou incêndios florestais e perturbações em todo o continente, mas as políticas ambiciosas da Europa para combater o aumento da temperatura alimentaram tensões dentro do bloco de 27 membros.
Embora a Comissão Europeia tenha apresentado sua agenda climática como uma forma de melhorar a competitividade e a segurança da Europa , alguns governos e legisladores dizem que as indústrias afetadas pelas tarifas dos EUA e pelos altos custos de energia não podem arcar com regras de emissões mais rígidas.
Os consultores de ciência climática da UE alertaram contra a contagem de créditos para a meta de 2040 e disseram que gastar dinheiro em créditos de carbono estrangeiros desviaria investimentos das indústrias locais.
Créditos de carbono são gerados por projetos que reduzem as emissões de CO2 no exterior – por exemplo, a restauração florestal no Brasil – e arrecadam fundos para tais projetos. No entanto, investigações demonstraram que alguns créditos não geraram os benefícios ambientais alegados.
Os países e legisladores da UE precisam negociar e aprovar a meta de 2040. Esse processo legislativo pode levar anos, mas a UE tem o prazo até meados de setembro para apresentar uma nova meta climática para 2035 à ONU – que, segundo a Comissão , deve ser derivada da meta de 2040 .