
Caso está sendo analisado pelo Ministério Público de São Paulo; defesa da atriz diz que inquérito ouviu apenas uma das partes e questiona legalidade de dados usados na investigação. Susy Camacho e o ex-marido, Farid Curi
Reprodução/Instagram
A ex-atriz e psicóloga Suzy Camacho, de 64 anos, está sendo investigada por um suposto desvio de R$ 42,2 milhões de seu ex-marido, o empresário Farid Curi, que morreu em 2022 aos 85 anos.
O caso, segundo informações da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP), foi investigado por meio de inquérito policial instaurado pelo 4º Distrito Policial (Consolação) para apurar possíveis crimes previstos nos artigos 102 e 107 do Estatuto do Idoso.
O procedimento foi concluído no último dia 6 de junho e encaminhado para a apreciação do Ministério Público de São Paulo.
O artigo 102 se refere a “apropriar-se de ou desviar bens, proventos, pensão ou qualquer outro rendimento da pessoa idosa, dando-lhes aplicação diversa da de sua finalidade”.
Por sua vez, o artigo 107 refere-se à coação do idoso para doar, contratar, testar ou outorgar procuração.
Em nota, o advogado de defesa da ex-atriz, Luiz Flávio Borges D’Urso, afirma que o relatório final do inquérito “faz juízo de valor sobre provas e depoimentos colhidos, focando somente uma das partes, os filhos do sr. Farid, que travaram uma verdadeira guerra contra o pai e contra a minha cliente” (leia a íntegra mais abaixo).
Suse Maria Gomes Camacho Curi, que usava o nome artístico de Susy Camacho, é acusada de se aproveitar da cognição reduzida e da saúde fragilizada de Farid Curi para desviar recursos do então marido para enriquecimento próprio e do filho dela, Mike Camacho Martins Tosta, fruto de um relacionamento anterior, além de outros familiares.
O inquérito foi aberto a pedido dos filhos de Farid. Segundo informações de um dos advogados criminalistas que os representa, Rodrigo Carneiro Maia Bandieri, as investigações revelaram que, enquanto Farid enfrentava sérias limitações cognitivas e físicas, quadro que se acentuou a partir de 2019, Susy teve um crescimento patrimonial incompatível com a renda que declarava à Receita Federal.
Esse aumento de patrimônio teria sido constatado a partir da análise tanto de declarações de Imposto de Renda quanto de dados bancários e do Relatório de Inteligência Financeira (RIF) lavrado pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
As análises teriam apontado um volume elevado de transações bancárias, aquisições de bens e transferências para terceiros sem justificativa econômica plausível.
A acusação afirma ainda que Susy privou Farid do convívio social e passou a centralizar sua administração financeira, afastando o empresário dos filhos e da funcionária de confiança que cuidava das finanças dele.
Susy, então, teria transmitido a gestão de recursos para seu irmão, Pompilio Camacho, que passou a ser cotitular em uma conta originalmente vinculada a Farid. A conta teria sido usada para realizar saques em espécie e transferências expressivas para contas em nome da própria Susy e de pessoas próximas a ela.
De acordo com Bandieri, Susy movimentou quantias inclusive fora do Brasil, encontradas em contas bancárias em Mônaco e Miami que somariam mais de R$ 18 milhões.
Susy e Farid se casaram em 2013 com separação total de bens. O empresário foi sócio da rede Atacadão e considerado um dos responsáveis pela consolidação da empresa, uma das grandes varejistas do país, depois vendida ao Grupo Carrefour.
O que diz a defesa de Susy Camacho
A defesa diz que os filhos de Farid processaram o pai para impedi-lo de movimentar R$ 10 milhões que ele havia reservado para as despesas na velhice.
Também menciona que os filhos do empresário foram investigados pela Polícia Civil e pelo Ministério Público, em inquéritos policiais, por crimes de denunciação caluniosa, perseguição e ameaça e violência psicológica contra Susy, além de corrupção de testemunha e escuta ambiental ilegal.
Argumenta, ainda, que o inquérito usou informações do Coaf sem a autorização judicial que seria necessária para acessar esses dados.
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