
Coronel Cláudia (PL), candidata a vice-prefeita de Engler, e deputada estadual Delegada Sheila (PL) também foram denunciadas. Deputado federal Nikolas Ferreira (PL) apoiou Engler para prefeito. g1 entrou em contato com denunciados e aguarda retorno. Montagem de fotos com Nikolas Ferreira, Bruno Engler, Coronel Cláudia e Delegada Sheila
Reprodução/Redes sociais
O Ministério Público de Minas Gerais denunciou, nesta terça-feira (8), o deputado estadual Bruno Engler (PL) e seus aliados por espalhar informações falsas contra o ex-prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman, durante o segundo turno das eleições municipais de 2024. Além de Engler, foram denunciados:
Coronel Cláudia (PL), candidata a vice-prefeita na chapa de Bruno Engler;
Delegada Sheila (PL), deputada estadual;
Nikolas Ferreira (PL), deputado federal.
Agora, caberá à Justiça analisar a denúncia. Se ela for aceita, os envolvidos se tornam réus e deverão ir a julgamento.
Segundo o MP, o grupo fez uma campanha de desinformação para prejudicar a imagem de Fuad, morto em março deste ano, durante a campanha e favorecer o candidato do PL na corrida eleitoral (leia mais abaixo). A estratégia incluiu:
uso de trechos descontextualizados de um livro escrito por Noman;
falsa acusação de que o ex-prefeito expôs crianças a conteúdo impróprio durante um festival de quadrinhos promovido pela prefeitura.
O g1 entrou em contato com os políticos citados na representação criminal para um posicionamento, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.
Ações nos últimos dias de campanha
Conforme a promotoria, as fake news foram divulgadas nos últimos dias de campanha por rádio, TV, internet e redes sociais, o que ampliou ainda mais o alcance das mensagens. Um dos denunciados também desobedeceu a uma ordem judicial para remover as postagens.
O Ministério Público destacou que a Justiça Eleitoral já havia reconhecido as ações como ilegais ao longo das eleições, determinando a retirada do conteúdo e concedendo direitos de resposta. Agora, a denúncia criminal busca responsabilizar os envolvidos na esfera penal.
“As decisões judiciais anteriores fundamentaram-se na vedação de utilização de conteúdo calunioso, difamatório, injurioso ou sabidamente inverídico na propaganda eleitoral. A denúncia oferecida nesta terça-feira enfatiza que as sanções eleitorais não afastam a apuração dos mesmos fatos na esfera criminal, dada a independência entre as instâncias”, informou o MP.
Pedidos da condenação
Na representação criminal, o MP pediu que, caso os acusados sejam condenados, a Justiça fixe um valor mínimo de indenização por danos morais. Essa quantia deverá ser destinada a uma instituição de caridade escolhida pelo juiz do caso, já que os familiares da vítima optaram por não receber a compensação.
Além disso, o MP solicitou que os direitos políticos dos denunciados sejam suspensos após uma eventual condenação definitiva. Isso significa que eles poderão ficar impedidos de votar e se candidatar a cargos públicos enquanto durarem os efeitos da sentença.
Polêmica com livro e feira de quadrinhos
O livro “Cobiça”, escrito por Fuad em 2020, foi alvo de ataques da campanha de Engler durante a corrida eleitoral pela Prefeitura de Belo Horizonte.
Na obra, uma personagem relata que sofreu abuso sexual quando criança. No entanto, o adversário de Noman retirou trechos de contexto para forçar o entendimento de que o texto endossava a prática do crime.
“Eu não vou nem ler o que está escrito pois é muito pesado e pode ter crianças ouvindo”, disse a candidata a vice de Engler, Coronel Claudia, em uma peça veiculada na TV.
O ex-prefeito recorreu ao Judiciário dizendo que, ao apresentar o livro desta forma, a propaganda induzia o eleitorado ao erro. À época, a Justiça Eleitoral determinou a retirada do conteúdo do ar.
No mesmo período, a equipe de Engler publicou uma inserção na TV ligando Fuad a uma feira de quadrinhos, onde, de acordo com o vídeo, crianças teriam “amplo acesso” a conteúdos voltados para adultos.
Debate BH: Bruno Engler (PL) e Fuad Noman (PSD) debatem sobre livro de Fuad
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