Fiemg diz que eventual retaliação do Brasil a tarifaço de Trump seria ‘outro golpe na indústria’


Donald Trump anunciou aumento de taxas de 50% sobre produtos brasileiros. Decisão impacta especialmente a siderurgia mineira, analisa economista. Bruno Carazza avalia impacto de tarifa de 50% dos EUA para produtor mineiro
A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) manifestou preocupação com o “tarifaço” de Donald Trump sobre produtos brasileiros. Segundo o presidente da entidade, Flávio Roscoe, uma eventual retaliação do Brasil seria “outro golpe” na siderurgia mineira.
“Uma retaliação do Brasil seria outro golpe na indústria de ferro-gusa, porque as indústrias são complementares. Na hora que você retaliar, você vai subir o custo das importações que o Brasil faz nos EUA, com isso várias empresas brasileiras vão ter algum custo de matérias-primas ou componentes aumentados”, disse Roscoe em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (10).
Ainda conforme o dirigente da instituição, o setor siderúrgico terá dificuldades para realocar as exportações norte-americanas para outros mercados. Por isso, a Fiemg defende o diálogo e a cooperação entre os países.
“O melhor cenário possível é um diálogo amplo, aberto e imediato, e encontrar saídas e alternativas para uma solução de consenso. O Brasil sempre foi um país neutro nas relações internacionais, e nós entendemos que esse posicionamento é sempre muito positivo para o comércio”, completou.
Economista analisa impactos
O economista Bruno Carazza, doutor em direito econômico pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), afirmou, em entrevista à TV Globo nesta quarta-feira (9), que a decisão de Donald Trump de taxar produtos brasileiros nos Estados Unidos com tarifa de 50% representa uma “porta se fechando” para os produtos mineiros.
De acordo com ele, a decisão do presidente dos EUA impacta especialmente a siderurgia brasileira, que já enfrenta tarifas de 50%. Ainda não está claro se, no caso da nova determinação de Trump, incidirão mais 50% sobre as atuais taxas ou se ficará padronizado 50% de taxa para todos os produtos.
No caso do aço bruto, afeta diretamente a indústria mineira. MG é o maior fabricante brasileiro de aço bruto e semiacabado, de acordo com o Instituto Aço Brasil. Em 2024, o estado liderou a produção nacional, com uma fatia equivalente a 30,1% (10,2 milhões de toneladas) do setor no país.
“Quando Trump põe sobre taxa de 50%, praticamente fecha mercado americano para produtores em Minas. O produtor mineiro muito provavelmente vai ter que procurar outros mercado porque cada vez fica mais difícil vender para o mercado americano […] É uma porta que está se fechando”, avaliou Carazza.
O economista explicou que a medida do governo norte-americano deverá influenciar no preço do produto no mercado internacional, afetar os ganhos das empresas brasileiras e obrigar o empresariado mineiro a agir.

“Se o mercado americano se fecha, são menos compradores. Com uma demanda menor proveniente dessa medida, é de se esperar que haja excesso de oferta e mudança nos preços das commodities. Mesmo os siderúrgicos mais básicos tendem a ser mais impactados”, disse.
Imagem de 2020 de indústria siderúrgia em Sete Lagoas, na Região Central de Minas Gerais
Flávia Cristini/TV Globo
MG é o 3° estado brasileiro que mais exporta para EUA
De acordo com dados da Câmera de Comércio Exterior do Brasil, Minas é o terceiro estado brasileiro que mais exporta para os EUA, que por sua vez é o segundo maior destino das exportações mineiras.
Os produtos que lideraram na lista de exportações de MG para o mercado norte-americano no primeiro semestre de 2025 são:
café
ferro-gusa
ferroliga
transformadores
carne de gado bovino
silício
metais comuns
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