
Segundo a Polícia Civil, pai, filho e um amigo deles compravam gado em Bocaiuva, levavam para São Francisco e enviavam para leilões em SP em Uberlândia. Policiais durante a operação
Polícia Civil
Quinze vítimas e um prejuízo de quase R$ 1 milhão. Esses números foram levantados pela Polícia Civil durante uma investigação que apura golpes aplicados por pai, filho e um amigo deles em produtores rurais de Bocaiuva.
Nesta quinta-feira (10), a PCMG deu detalhes sobre uma operação que teve os três homens, de 54, 59 e 81 anos, como alvos. Foram cumpridos mandados de busca e apreensão, bloqueio de valores e sequestro de bens. Os nomes dos envolvidos não foram divulgados. O g1 não conseguiu localizar a defesa deles.
Responsável pela apuração, o delegado Theles Bustorff define os golpes como “muito bem orquestrados e que envolvem valores vultosos”.
📲Clique aqui para seguir o canal do g1 Grande Minas no WhatsApp
A investigação
Os levantamentos apontam que os investigados começaram a agir em meados de 2023, após adquirirem uma fazenda em Bocaiuva e conseguirem a confiança de um produtor de renome na região.
“Inicialmente, eles faziam transações comerciais envolvendo gado de forma lícita, sempre pagando certinho pelo produto adquirido. Quando conseguiram a confiança dessa pessoa de renome de Bocaiuva, começaram a aplicar os golpes utilizando-se do nome dessa pessoa como fiador desses negócios, utilizando cheques sem fundo”, detalhou o delegado.
Conforme a investigação, foram identificados 20 cheques sem fundo, com valores que variavam de R$ 5 mil a R$ 154 mil, totalizando R$ 953 mil. Após comprarem o gado com os cheques sem fundo, pai, de 81 anos, e filho, de 54, enviavam os animais para outros lugares e ocorria a lavagem do dinheiro com a ajuda do amigo deles.
“Eles adquiriam o gado e transferiam para uma fazenda na cidade de São Francisco. De São Francisco, pegavam e encaminhavam para leilões no estado de São Paulo e Uberlândia. O valor adquirido com o gado era lavado por meio de uma empresa desse terceiro envolvido, em Brasília de Minas”, falou Theles Bustorff.
Os golpes começaram a ser investigados quando as pessoas que venderam os animais descobriram que os cheques recebidos no pagamento estavam sem fundo. O produtor que foi usado como fiador – e que também é considerado vítima pela polícia – procurou pela delegacia. Ele chegou a arcar com parte do prejuízo das demais vítimas para manter sua reputação.
Ao perceber que a fraude tinha sido descoberta, os golpistas abandonaram 220 cabeças de gado em uma fazenda pela qual haviam pagado somente o sinal. Sem conseguir receber o pagamento conforme combinado, o dono da propriedade já tinha acionado a justiça contra eles.
O prejuízo causado pelos três homens, de acordo com o delegado Theles Bustorff, não se restringiu aos produtores de Bocaiuva.
“Durante as investigações, a gente verificou que, antes mesmo desses golpes aplicados na nossa região, também foram aplicados outros golpes em Buritizeiro e na região de Diamantina, em um valor de R$ 2 milhões.”
A PC acredita que mais pessoas possam ter sido prejudicadas. Quem tiver sido vítima, deve procurar pela delegacia.
A operação
A operação coordenada pelo delegado de Bocaiuva contou com o apoio da Delegacia de Investigações Especiais de Montes Claros, chefiada pelo delegado Cezar Salgueiro. As equipes cumpriram três mandados de busca e apreensão, dois em Brasília de Minas e um em uma fazenda em São Francisco.
De acordo com Cezar Salgueiro, na propriedade rural foram arrecadadas 57 cabeças de gado e documentos de contabilidade que demonstram a movimentação financeira proveniente da venda dos animais.
Já em Brasília de Minas, em uma casa, foi apreendida uma munição. Por conta disso, o proprietário, investigado de 81 anos, foi levado para a delegacia. Ainda na cidade, os policiais estiveram na empresa do amigo de pai e filho.
“No imóvel comercial, uma empresa ativa e usada de fachada, foram apreendidos documentos que corroboram a investigação no sentido da lavagem de dinheiro dos golpes aplicados em Bocaiuva”, informou Salgueiro.
Ao ser questionado sobre o motivo de não haver mandados de prisão para os três alvos, Cezar Salgueiro explicou que, nesse momento, a Polícia Civil entendeu que as demais medidas cautelares – mandados de busca e apreensão, bloqueio de valores e sequestro de bens – são suficientes.
“Quando a gente enfrenta uma associação criminosa com viés de golpes e lavagem de dinheiro, muitas vezes a própria apreensão e a indisponibilidade de bens faz mais efeito do que a própria prisão”, completou.
A investigação continua.
VEJA TAMBÉM:
Transporte coletivo de Montes Claros terá 60 ônibus elétricos
Vídeos do Norte, Centro e Noroeste de MG
Veja mais notícias da região em g1 Grande Minas.