
O Jornal Nacional foi ouvir especialista sobre os efeitos que eles consideram mais prováveis nessa guerra deflagrada por Donald Trump por motivos ideológicos. Guerra tarifária: economistas expressam preocupação com os efeitos sobre empregos, PIB e inflação
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O Jornal Nacional foi ouvir economistas sobre os efeitos que eles consideram mais prováveis nessa guerra tarifária deflagrada por Donald Trump por motivos ideológicos.
O clima é de incerteza. A ameaça de Donald Trump deixou os setores mais impactados em compasso de espera.
“Até que tenha clareza do que vai acontecer, a tendência dos setores mais sensíveis é aguardar qualquer decisão de investimento, até ter maior clareza desse horizonte”, diz Zeina Latif, consultora da Gibraltar Consulting.
Uma das preocupações é com o comportamento do dólar. Se a moeda americana voltar a subir, gera mais pressão sobre a inflação. E isso significa que pode levar mais tempo para o Banco Central decidir baixar a taxa básica de juros da economia, a Selic, hoje em 15% ao ano.
“O real vai perder uma parte importante nos ganhos que teve esse ano contra o dólar, e isso aí gera constrangimentos para a atividade como um todo. Inflação também, por exemplo, é muito evidente. Não vai ser uma tarefa fácil. Mas a economia brasileira hoje tem mais parceiros, tem mais tentáculos, por assim dizer, no resto do mundo, de tal sorte que a gente pode passar por essa dificuldade de forma mais tranquila”, afirma o economista André Perfeito.
Os economistas também estimam uma redução no PIB.
“O Brasil não é tão dependente do mercado americano como é o caso do Canadá, do México, do Japão. Só 11% das exportações vão para os Estados Unidos. Apesar disso, há um impacto nas cadeias produtivas que poderia ser até de 0,5%, a depender do volume da alíquota e das alternativas de exportação para as indústrias brasileiras”, afirma Welber Barral.
Mas não é um consenso. A economista Zeina Latif não vê impacto significativo das tarifas no nosso crescimento econômico:
“Os efeitos setoriais são relevantes para aquelas empresas que destinam uma parcela importante do seu produto para os Estados Unidos, ou aqueles setores, mas não tem um impacto macroeconômico significativo”.
Uma das alternativas apontadas pelos especialistas é buscar novos parceiros e aumentar relações comerciais com os países do Brics e do Mercosul.
“Você tem um risco, o comércio mundial tem um elemento adicional de risco, e aí, diante do risco, você tem que diversificar parcerias comerciais. O comércio mundial não está caindo, mudaram apenas os parceiros. Quando a gente olha as estatísticas, não é que está despencando o comércio mundial porque os Estados Unidos adotaram medidas protecionistas. Não é isso que está acontecendo. É que muda essa dança aí de parceiros. A gente vai ter que rediscutir também isso”, diz Zeina Latif.
O que poderá acontecer a partir de 1º de agosto, quando Donald Trump disse que as medidas vão entrar em vigor, vai depender de muitas variáveis: das soluções encontradas pelas empresas e de como o governo brasileiro vai reagir.
“Um impacto muito ruim a médio prazo é a incerteza dos investimentos. Nós temos muito investimento americano no Brasil, é o principal investidor estrangeiro. Então, várias empresas vão postergar investimentos, vão suspender investimentos em razão, justamente, da insegurança de ter acesso ao mercado americano”, afirma Zeina Latif.
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