
Pesca, principal fonte de renda das comunidades ribeirinhas da região, caiu drasticamente no período de elevação do nível dos rios no estado. Pescadores relatam escassez de peixes nos rios do Amazonas.
Alexandro Pereira/Rede Amazônica
Mesmo com a cheia do Rio Negro, moradores do bairro Puraquequara, na Zona Leste de Manaus, enfrentam dificuldades com a escassez de peixes. A pesca, principal fonte de renda das comunidades ribeirinhas da região, caiu drasticamente no período de elevação do nível dos rios no estado – que acontece entre os meses de outubro e julho.
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Francisco Mateus, de 67 anos, é pescador e diz que a situação é uma das piores que já enfrentou. “Tá faltando o peixe. Os outros anos, numa época dessas, a gente tinha bastante peixe”, contou. Segundo ele, a atividade teve queda de mais de 80%.
Para o pescador, os efeitos das secas severas registradas nos últimos anos ainda impactam diretamente o ciclo natural da pesca.
“Os peixes não se reproduzem de uma hora pra outra. Eles têm um período de reprodução e para crescer. Por isso essa escassez hoje do pescado na nossa região”, explicou.
Segundo o biólogo e especialista em ecologia aquática, Edinbergh Caldas Oliveira, a situação é resultado das secas extremas de 2023 e 2024.
“Isso ocasionou a diminuição dos estoques de peixes para os pescadores que dependem dessa captura para sobreviver. Com as grandes vazantes que tivemos, a qualidade da água foi prejudicada, o que afeta diretamente a sobrevivência das larvas e alevinos das espécies”, afirmou.
Com a queda na pesca, a renda e a alimentação das famílias ribeirinhas também foram comprometidas. “Se você não consegue o pescado, não tem renda. Então fica difícil”, completou Francisco.
Pescado está em falta nos mercados de Manaus mesmo em meio a cheia dos rios.
Alexandro Pereira/Rede Amazônica
Nesta quinta-feira (10), o nível do Rio Negro chegou a 29,01 metros, após baixar quatro centímetros na semana. Especialistas apontam que esse comportamento pode indicar o início da estabilidade do rio, com tendência de vazante nos próximos dias.
Segundo a Defesa Civil do Estado, 42 dos 62 municípios do Amazonas estão em situação de emergência, com mais de 530 mil pessoas afetadas pelas cheias.
No Puraquequara, moradores relatam que, diferente dos anos anteriores, não receberam nenhum tipo de assistência do poder público.
“Todo ano a gente recebia o rancho. Ajudavam com algum dinheirinho também. Mas, infelizmente, este ano não veio nada. Ninguém está recebendo nada da Defesa Civil, nem do Estado, nem da prefeitura”, disse o pescador Sérgio Matheus da Silva.
Em nota, a Prefeitura de Manaus informou que, mesmo com o início da descida das águas, segue monitorando a situação das comunidades ribeirinhas. A gestão anunciou que enviará, na próxima semana, cestas básicas para moradores atingidos pela cheia, incluindo a comunidade São Francisco do Mainã, no Puraquequara.
Já o Governo do Amazonas informou que tem atendido os municípios em situação de emergência, mas Manaus não fez este decreto, e, por esse motivo, o atendimento às comunidades localizadas na zona rural da capital é de responsabilidade da Prefeitura de Manaus.
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