
Fiesc afirmou que taxa de 50% imposta ao Brasil compromete competitividade dos produtos do estado. Os Estados Unidos são o principal destino das exportações catarinenses. Trump anuncia taxa de 50% ao Brasil
A Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) diz que o tarifaço de 50% anunciado pelo governo dos Estados Unidos às exportações do Brasil vai prejudicar “severamente os embarques dos produtos”. A entidade também defendeu a necessidade de manutenção dos canais de negociação pela diplomacia brasileira.
A medida norte-americana foi divulgada na quarta-feira (9) pelo presidente Donald Trump e causou rápida repercussão no Brasil. Em Santa Catarina, a entidade aponta que a medida compromete a competitividade dos produtos do estado, já que países concorrentes podem ter taxas bem inferiores.
“A tarifa de 50% anunciada pelo governo norte-americano para as exportações de produtos brasileiros vai prejudicar severamente embarques para os Estados Unidos”, declarou a Fiesc, em nota.
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Federação das Indústrias de SC prevê danos ‘severos’ e defende diplomacia com os EUA
Fiesc/Divulgação
▶️Os Estados Unidos são o segundo parceiro comercial do Brasil e o principal destino das exportações catarinenses. Em 2024, o estado arrecadou US$ 1,74 bilhão no comércio com o país, na sua maioria com itens manufaturados, como produtos de madeira, motores elétricos, partes de motor e cerâmica, segundo a Fiesc.
O governo de Santa Catarina também se manifestou em nota, nesta manhã. O Estado afirmou que “medidas que impactam as exportações exigem respostas construtivas”. “É hora de agir com diplomacia e assertividade”, escreveu o governo (íntegra da nota no fim do texto).
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Plínio Bordin/Fiesc
Fiesc ressalta três pontos
Em comunicado nesta quinta-feira (10), a Fiesc defendeu que não há justificativa para a aplicação desta taxa. Defendeu que o Brasil é um país soberano e suas decisões devem ser respeitadas. A entidade afirmou ser necessário avaliar a situação por três pontos:
Econômico: “não há justificativa para a aplicação desta taxa, já que os Estados Unidos registram superávit há décadas na balança comercial com o Brasil”;
Políticas domésticas: “o Brasil é um país soberano e suas decisões, certas ou erradas, devem ser respeitadas”;
Diplomacia: “ao invés de adotar postura neutra em relação à diplomacia internacional, o Brasil repetidamente assume posições de desalinhamento com os Estados Unidos”.
O Brasil importa mais do que exporta para os Estados Unidos, segundo os dados oficiais do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
Os números revelam que o Brasil tem registrado déficits comerciais seguidos com os Estados Unidos desde 2009, ou seja, nos últimos 16 anos.
Nesse período, as vendas americanas ao Brasil superaram suas importações em US$ 90,2 bilhões – considerando os números até junho de 2025.
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Na carta enviada a Lula, Trump também:
Citou Jair Bolsonaro (PL) e disse ser “uma vergonha internacional” o julgamento do ex-presidente no Supremo Tribunal Federal (STF);
Sem apresentar provas, afirmou que a decisão foi tomada “devido aos ataques insidiosos do Brasil contra eleições livres e à violação fundamental da liberdade de expressão dos americanos”.
O presidente Lula afirmou que o Brasil “não aceitará ser tutelado por ninguém” e que o aumento unilateral de tarifas sobre exportações brasileiras será respondido com base na Lei da Reciprocidade Econômica.
O que disse o governo de SC
O compromisso do Governo é com Santa Catarina. Medidas que impactam nossas exportações exigem respostas construtivas por parte do Brasil. É hora de agir com diplomacia e assertividade.
Os Estados Unidos são um parceiro comercial importante, e Santa Catarina tem papel estratégico nessa relação — especialmente nos setores industrial e do agronegócio. Qualquer barreira imposta aos nossos produtos afeta diretamente empresas, empregos e a competitividade da nossa economia.
Na condição de Governo, vamos defender os interesses catarinenses em todas as frentes. Isso inclui dialogar e buscar articulação com lideranças internacionais que possam contribuir para o equilíbrio dessa relação.
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