
Jorge Viana participou de reunião com Lula e comentou decisão de Trump de impor tarifas de 50% sobre todos produtos brasileiros importados pelos EUA. Segundo o chefe da Apex, 70% das exportações brasileiras para os norte-americanos sai da região Sudeste. O presidente da Apex, Jorge Viana, durante entrevista no Palácio da Alvorada
Guilherme Mazui/g1
O presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações (Apex), Jorge Viana, afirmou nesta quinta-feira (10) que o estado de São Paulo será o mais afetado pela tarifa de 50% sobre produtos brasileiros importados pelos Estados Unidos.
Ainda segundo Viana, a região Sudeste – composta por Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro, além de São Paulo – será a mais prejudicada. Segundo ele, mais de 70% do que o Brasil exporta para os EUA sai desses quatro estados.
Viana deu as declarações após participar de uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Palácio da Alvorada. Lula conversou nesta quinta com ministros e auxiliares a respeito da estratégia do governo para lidar com as tarifas anunciadas por Trump.
“A efetivação dessas medidas ferem o interesse do Brasil. Eu espero que o governador de São Paulo, independente das posições ideológicas que tenha, reflita e veja que o estado mais afetado será São Paulo com desemprego, com empresas tendo dificuldade de seguir adiante. Em vez de fazer disso uma disputa, deveríamos estar unidos para encontrar melhor solução”, declarou Viana.
“As nossas exportações são extraordinárias porque elas têm muito valor agregado, parte industrial que é forte. Para vocês terem uma ideia, mais de 70% do que a gente exporta para os EUA sai do Sudeste. Então, se efetivar uma tarifa de 50%, grande prejudicado é a região Sudeste”, completou o presidente da Apex.
Viana disse acreditar que será possível chegar a um “entendimento” com o governo americano até 1º de agosto, a fim de evitar que as tarifas entrem em vigor.
Para o presidente da Apex, retaliar os EUA a partir da lei de reciprocidade deve ser o “último recurso”, o “recurso extremo”.
Viana afirmou que Lula está “totalmente aberto ao diálogo” e que nos próximos dias conversará com representantes dos setores que serão afetadas pelas taxas, entre os quais produtores de aço, café, suco de laranja. O governo também deve conversar com a Embraer, que exporta aeronaves para os EUA.
“Ouvir as entidades e os grupos empresariais via ajudar a construir de maneira unidade a posição do Brasil”, disse.
Em paralelo à negociação com os EUA, a Apex projeta cenários para o mês de agosto. Caso as tarifas entrem em vigor, a agência auxiliará produtores brasileiros a procurarem outros mercados de exportação.