Paul Krugman faz nova crítica às tarifas de Trump contra o Brasil: ‘descaradamente ilegal’ e ‘não tem nada a ver com economia’


Economista afirma que republicano não coloca motivos econômicos para a aplicação das tarifas contra produtos brasileiros e destaca que Trump está tentando interferir na política de outro país. Paul Krugman critica Trump por tarifa de 50% aplicada ao Brasil
O economista norte-americano Paul Krugman voltou a criticar as tarifas de 50% impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o Brasil.
Em texto publicado nesta sexta-feira (11), o vencedor do Nobel de Economia afirma que a taxação é “descaradamente ilegal” e afirma que a decisão do republicano “não tem nada a ver com economia”, mas sim é uma “tentativa de interferir na política de outro país”.
“Escrevi outro dia sobre a tarifa de Trump para o Brasil, que é, como eu disse, maligna e megalomaníaca. Mas esqueci de destacar que ela é descaradamente ilegal”, diz o economista.
“Talvez — provavelmente — a Suprema Corte esteja tão corrompida neste ponto que irá ratificar qualquer coisa que Trump fizer. Mas não podemos ao menos colocá-los contra a parede? Não podemos forçar Scott Bessent a explicar por que apoia um abuso tão grotesco do poder presidencial?”, continua Krugman.
O vencedor do Nobel de Economia explica que a lei dos EUA realmente dá ao Poder Executivo muita “margem” para impor tarifas sem legislação adicional.
“Isso existe por um motivo: tarifas temporárias foram concebidas como uma válvula de escape política que tornaria sustentáveis as tarifas baixas resultantes de acordos internacionais. Isso funcionou bem enquanto tivemos presidentes responsáveis; tem sido um desastre sob Trump”, afirma.
Ainda de acordo com Krugman, as tarifas só podem ser impostas por motivos específicos. Veja abaixo:
Seção 201- disrupção de mercado: a seção determina que se houver um aumento repentino nas importações que coloque alguma indústria dos EUA em risco, o governo pode impor tarifas temporárias para dar tempo à indústria de se readaptar;
Seção 232 – segurança nacional: a lei determina que tarifas podem ser usadas para sustentar indústrias que possam ser necessárias durante confrontos internacionais;
Seção 301 – práticas desleais: nesse caso, a seção determina que tarifas podem ser usadas para compensar, por exemplo, subsídios à exportação de países estrangeiros;
Direitos antidumping: determina que tarifas possam ser impostas quando empresas estrangeiras venderem abaixo do custo;
Emergência Econômica Internacional: determina que o presidente dos EUA tem amplos poderes para definir tarifas durante uma crise econômica.
Paul Krugman em encontro com Biden na Casa Branca, em agosto de 2023
Adam Schultz/Official White House Photo
Segundo Krugman, Trump “abusou enormemente” dessas justificativas — principalmente da última, uma vez que os EUA não passa por nenhuma emergência econômica e, segundo o próprio Trump, a atividade do país está indo muito bem.
“Mas a tarifa contra o Brasil é outra coisa: não tem nada a ver com economia, é uma tentativa de interferir na política de outro país. Quem diz isso? O próprio Trump”, diz o economista, destacando o início da carta enviada pelo republicano ao presidente brasileiro.
No caso da carta enviada ao Brasil, Trump escreve já no primeiro parágrafo sobre o quanto conhece e respeita Jair Bolsonaro (PL), afirmando que a forma com a qual o país está tratando o ex-presidente é uma “vergonha internacional”.
Para Krugman, a carta é “basicamente uma confissão” de que as tarifas impostas pelo republicano não é baseada em motivos econômicos. “E isso não é permitido legalmente”, afirma o economista.
“Recado para a grande mídia: Não, Trump não está “testando os limites de sua autoridade” ou qualquer outro eufemismo. Ele está violando a lei. Ponto final. E isso deveria ser noticiado dessa forma.”, conclui.
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