
Menino de quatro anos desapareceu em uma plantação de milho em Jataí. Professor da UFJ foi um dos voluntários nas buscas e encontrou a criança. Professor universitário Marco Antônio de Oliveira Viu morreu após espancamento, em Goiás
Reprodução/Instagram de Marcos Antônio de Oliveira Viu
O professor Marco Antônio de Oliveira Viu, de 58 anos, que morreu após ser espancado, ficou conhecido por ajudar nas buscas de um menino autista de quatro anos que desapareceu em uma plantação de milho em Jataí. O professor da Universidade Federal da Jataí (UFJ) e morreu semanas depois de ser espancado com pedra e chutes na cabeça na saída de um bar em Jataí, na região sudoeste do estado.
A criança desapareceu no dia 24 de março em uma fazenda no Setor Cidade Jardim. Segundo relato do Corpo de Bombeiros, a criança estava no aos cuidados do pai quando se perdeu. Além dos bombeiros e do professor, foram mobilizados nas buscas pelo menino a Polícia Civil e Militar, a Guarda Civil Municipal, familiares, amigos e a comunidade, totalizando em 50 pessoas.
Crime contra o professor
Professor agredido em frente a bar morre, em Jataí
O professor foi espancado no dia 29 de junho e ficou internado no Hospital Santa Mônica até segunda-feira (7), quando faleceu em Aparecida de Goiânia, Região Metropolitana da capital. O momento em que ele foi espancando foi registrado por uma câmera de monitoramento divulgadas pela polícia (veja acima).
O g1 não conseguiu contato com a defesa dos suspeitos até a última atualização desta reportagem. As imagens das câmeras de monitoramento mostram quando um dos suspeitos atirou uma pedra contra o professor, atingindo na altura do peito. O professor caiu no chão. Logo após, outro homem se aproximou do professor que ainda estava no chão, chutou e pisou na cabeça da vítima.
Investigação
A Polícia Civil informou que os quatro suspeitos foram presos e não conheciam o professor. Segundo o delegado Marlon Souza, ainda se sabe qual motivo certo para a confusão. Ele explicou que um dos suspeitos afirmou que houve um desentendimento por conta do sumiço de um celular.
“Os quatro são amigos e chegaram em uma loja ao lado do bar onde o professor estava. Ficaram um tempo, saíram e um deles esqueceu o celular em cima do carro. Lembrou disso e retornaram, procurando o celular e o professor estava perto. Não se sabe se eles questionaram o professor se viu celular, mas eles bateram boca e começou aquele desentendimento”, explicou.
Ainda de acordo com o delegado, anteriormente, os suspeitos estavam sendo indiciados por tentativa de homicídio. Mas, com a morte de Marco, agora eles vão responder por homicídio qualificado com três qualificadoras. “As qualificadoras são motivo fútil, meio cruel pelo espancamento e impossibilidade de defesa da vítima” informou o delegado.
Quem era o professor
Marco Antônio era mestre em genética e melhoramento animal pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) e doutor em ciência animal pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Ele lecionava como professor associado das disciplinas de reprodução animal e eficiência reprodutiva dos rebanhos na Universidade Federal de Jataí (UFJ).
Marcos atuava também na área de melhoramento de características reprodutivas, estratégias para aumento da eficiência reprodutiva, andrologia e sistemas de produção de bovinos. O perfil oficial da UFJ publicou uma nota decretando luto oficial por três dias, suspendendo todas as atividades administrativas e acadêmicas não essenciais.
“Que sua trajetória inspire reflexão sobre a valorização da vida e o combate à violência em nossa sociedade”, declarou em nota. O Sindicato dos Docentes das Universidades Federais de Goiás (Adufg-Sindicato) também publicou uma nota lamentando o ocorrido.
A esposa dele, a médica veterinária Sarah Fernandes, falou sobre a perda do marido e desabafou sobre o luto que tem vivido. “Você era bom demais para estar nessa Terra! Você foi atrás do Sol. Por favor, me ilumine daí! Eu não sei como viverei sem você, sem sua alegria…” desabafou em post nas redes sociais.