
Tarcísio de Freitas (Republicanos), que cumpre agenda em Cerquilho (SP) neste sábado (12), expressou preocupação com a nova taxação e defendeu a atuação diplomática do governo federal. ‘Competência para negociação é do Governo Federal’, diz Tarcísio de Freitas sobre tarifaço de Trump
Após culpar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pelo tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros anunciado pelos Estados Unidos, o governador do estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), adotou um novo tom e disse que quer unir esforços com o governo federal para conter os efeitos da medida.
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A nova taxação anunciada por Donald Trump pode afetar diretamente setores da economia brasileira, como a aviação, o agronegócio e a indústria, além de, simultaneamente, inviabilizar exportações. Trump alega que um dos motivos para a taxação é o tratamento “muito injusto” recebido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, sugerindo que ele estaria sendo perseguido pela Justiça brasileira.
Em entrevista à TV TEM, neste sábado (12), em Cerquilho (SP), Tarcísio, que é um dos principais nomes da oposição, expressou preocupação com a nova taxação e defendeu a atuação diplomática do governo federal nas negociações internacionais para evitar prejuízos bilionários. Assista ao vídeo acima.
“Acho que é um momento que demanda união de esforços, demanda sinergia, porque é algo complicado para o Brasil, é algo complicado para o segmento da nossa indústria, do nosso agronegócio. A gente precisa fazer uns dados agora para resolver, deixar a questão por este lado e tentar resolver essa questão”, comentou o governador.
Conforme o governador, a expectativa do governo estadual é que a diplomacia brasileira consiga reverter o tarifaço, enquanto São Paulo atua como fornecedor de dados e interlocutor econômico para mostrar os impactos reais da medida.
“A gente procura mostrar o cenário da economia paulista, os números para fortalecer tomadas de decisão. Vamos ver se a gente consegue resolver isso no intuito de contribuir com a informação”, completa Tarcísio.
Lula respondeu, também pelas redes sociais, que o Brasil é uma nação soberana e não aceitará ser “tutelado por ninguém”. Os dois presidentes ainda não conversaram, e a expectativa é que a nova tarifa entre em vigor em 1º de agosto.
Tarcísio durante coletiva de imprensa em Cerquilho (SP)
Reprodução/TV TEM
Anistia?
Tarcísio ainda foi questionado sobre a exigência de anistia geral aos acusados pela tentativa de golpe e pelos ataques de 8 de janeiro de 2023 nos prédios do Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal, em Brasília (DF).
O plano, defendido por Eduardo Bolsonaro e o senador Flávio Bolsonaro (PL), seria uma forma de levar o presidente dos EUA a retirar a taxação. Em resposta, o governador pontuou que é uma questão de “ponto de vista”.
“Isso é questão de ponto de vista. Nesse momento, eu tenho que olhar o estado de São Paulo. Existem interesses que precisam ser preservados, das nossas empresas, dos nossos produtores. É isso que a gente tem que botar em primeiro lugar. Eu fiz alguma petição lá, peticionei alguma coisa? Não, né?”, completa o governador.
Indústria aérea afetada
Um dos exemplos citados pelo governador é a indústria aeronáutica: a Embraer, com unidades em São José dos Campos (SP) e Gavião Peixoto (SP), tem encomendas significativas para o mercado norte-americano, que correm risco de cancelamento com o aumento de tarifas.
“Só a American Airlines encomendou 90 aeronaves da Embraer. O tarifaço pode adicionar 9 milhões de dólares em cada avião. Isso torna a operação inexecuível”, comentou o governador.
Segundo ele, cerca de 30% dos voos que partem de aeroportos como o Ronald Reagan, em Washington, e LaGuardia, em Nova York, são feitos em aviões da Embraer. Nesse sentido, o impacto seria negativo também para a economia americana.
Agronegócio e exportações em risco
Além da aviação, o governador destacou os riscos para o agronegócio paulista, especialmente em cadeias que têm forte presença nos mercados internacionais, como suco de laranja, etanol e açúcar.
De acordo com Tarcísio, 80% do suco de laranja consumido no mundo são exportados do Brasil, sendo o estado de São Paulo um dos maiores produtores. Nesse sentido, a tarifa extra encareceria o produto para o consumidor americano, o que gera um “efeito cascata”.
“Para o americano também é ruim, porque muitas empresas precisam de produtos brasileiros para produzir e, no final das contas, isso vai encarecer também para o produtor americano e eles não vão encontrar produtos substitutos no curto prazo”, esclarece o governador.
Entenda taxa de 50% anunciada por Trump ao Brasil e a relação econômica com os EUA
Arte/g1
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