
Aranha-marrom, armadeira e viúva-negra estão entre as espécies mais perigosas da região. Mesmo com presença comum no estado, mortes causadas por picadas são raras. Araneísmo: entenda o que são os incidentes com aranhas
Elas são pequenas, silenciosas e perigosas. No mundo, existem mais de 105 mil espécies de aracnídeos, sendo cerca de 45 mil apenas de aranhas. Em Rondônia, ainda não há um levantamento oficial sobre quantas espécies habitam o estado, mas pesquisadores estimam que esse número varie entre 1 mil e 3 mil, devido à riqueza da fauna Amazônica.
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Dentre essas estão três espécies, que de acordo com o Ministério da Saúde, são consideradas as mais perigosas do mundo. O g1 conversou com um especialista para entender os riscos das aranhas para a saúde humana, o que acontece com o corpo caso se é picado e o que fazer em casos de acidentes.
De acordo com o Ministério da Saúde, desde 2023 até este anos já foram registrados 622 acidente e 3 óbitos por acidente com aranhas em Rondônia. A maioria dos registros acontece na área urbana do estado.
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Nesta reportagem você vai encontrar:
Quais são as aranhas mais venenosas encontradas em Rondônia?
Como o veneno age no corpo humano?
Comportamento?
O que fazer caso seja picado?
Cuidados para evitar acidentes?
Aranha-marrom (Loxosceles amazonica)
Aranha-marrom é minúscula: tem cerca de 1cm
Shutterstock/Divulgação
Também conhecida como aranha-violino, não é agressiva e só ataca quando se sente ameaçadas ou quando comprimem seu corpo. Mede cerca de 1 cm de corpo e até 3 cm de comprimento total.
Veneno: A picada quase sempre é imperceptível, causa uma dor de pequena intensidade e provoca febre, mal‐estar geral, fraqueza, náusea, vômitos e mialgia.
Comportamento: Tem hábitos noturnos, escondendo-se em locais escuros como telhas, atrás de móveis e em madeiras empilhadas.
Aranha-armadeira (Phoneutria)
Aranha-armadeira fêmea após matar outra da mesma espécie
Luciano Lima/TG
Popularmente chamada de armadeira ou “macaca”, é bastante agressiva e pode saltar até 40 cm quando ameaçada. O corpo pode atingir 4 cm, com envergadura de até 15 cm.
Veneno: A dor imediata e a toxina pode causar edema, eritema, parestesia e sudorese no local da picada
Comportamento: Tem hábitos noturnos e costuma se esconder em troncos, entre folhas de bananeira e também dentro de casas, como em sapatos ou cortinas.
Viúva-negra (Latrodectus)
Uma aranha viúva negra americana.
Domínio Público
Apesar da fama, a viúva-negra não é agressiva. As fêmeas podem medir até 2 cm e os machos são ainda menores.
Veneno: A toxina causa suor generalizado e alterações na pressão e nos batimentos cardíacos. Podem ocorrer também tremores, ansiedade, excitabilidade, insônia, cefaléia, prurido, eritema de face e pescoço.
Comportamento: Costuma viver em locais sombreados e calmos, como frestas, jardins e sob móveis. Também tem hábitos noturnos e pode ser encontrada em grupos.
O que fazer caso seja picado?
Segundo o biólogo Danilo Degra, acidentes envolvendo aranhas são pouco frequentes e, quando ocorrem, dificilmente resultam em morte. Isso porque, embora a maioria das espécies possua veneno, ele geralmente não é potente o suficiente para causar efeitos graves em seres humanos.
Caso haja um acidente, a pessoa deve:
Lavar o local da picada com água e sabão;
Manter a calma e procurar atendimento médico imediato;
Não fazer torniquete, cortar, espremer ou aplicar substâncias caseiras como alho ou borra de café;
Se possível, tirar uma foto da aranha para facilitar o diagnóstico;
“Quanto mais rápido a vítima chegar ao hospital, melhor. A identificação correta da aranha permite a aplicação do soro adequado e aumenta as chances de recuperação rápida”, orienta o especialista.
Como evitar acidentes e o que fazer em caso de picada?
Embora acidentes com aranhas não sejam considerados um problema de saúde pública, o Ministério da saúde recomenda alguns cuidados básicos, especialmente em áreas de mata ou locais com pouca limpeza. Entre as dicas estão:
Manter jardins e quintais limpos. Evitar o acúmulo de entulhos, folhas secas, lixo doméstico, material de construção nas proximidades das casas.
Evitar folhagens densas (plantas ornamentais, trepadeiras, arbusto, bananeiras e outras) junto a paredes e muros das casas.
Manter a grama aparada.
Limpar periodicamente os terrenos baldios vizinhos, pelo menos, numa faixa de um a dois metros junto das casas.
Sacudir roupas e sapatos antes de usá-los, pois as aranhas e escorpiões podem se esconder neles e picar ao serem comprimidos contra o corpo.
Não pôr as mãos em buracos, sob pedras e troncos podres.
Usar calçados e luvas de raspas de couro pode evitar acidentes.
Vedar soleiras das portas e janelas ao escurecer, pois muitos desses animais têm hábitos noturnos.
Vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos e vãos entre o forro e paredes, consertar rodapés despregados, colocar saquinhos de areia nas portas e telas nas janelas.
Usar telas em ralos do chão, pias ou tanques.
Combater a proliferação de insetos para evitar o aparecimento das aranhas que deles se alimentam.
Afastar as camas e berços das paredes. Evitar que roupas de cama e mosquiteiros encostem no chão. Inspecionar sapatos e tênis antes de calçá-los.
Preservar os inimigos naturais de escorpiões e aranhas: aves de hábitos noturnos (coruja, joão-bobo), lagartos, sapos, galinhas, gansos, macacos, coatis, entre outros (na zona rural).
Sabia que as aranhas são importantes para o ecossistema?
As aranhas desempenham um papel fundamental no equilíbrio da natureza. De acordo com o biólogo Flávio Terassini, elas ajudam no controle populacional de diversos insetos, como baratas — que podem transmitir doenças ao ser humano. Além disso, elas servem de alimentos para macacos, lacraias e até outros insetos.
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