
Eduardo Bolsonaro é investigado por supostamente estar articulando, nos EUA, ações contra autoridades brasileiras
Wilton Junior/Estadão Conteúdo
O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) está articulando formas de não perder o mandato e permanecer nos Estados Unidos costurando apoios ao pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro. A licença que ele solicitou se encerra no final de julho e, caso não volte, ele pode perder o cargo por faltas.
O parlamentar analisa duas alternativas. Uma delas é promover alterações regimentais que permitissem sua permanência. Uma das propostas, de autoria do deputado Evair de Mello, permite o exercício do mandato do exterior.
“Essa adequação regimental vai muito além da questão do Eduardo. Essa semana por exemplo tudo já está virtual, eu poderia estar no polo norte. Num futuro, onde se fala em redução dos custos, é preciso avaliar e medir um Parlamento mais virtual, até para redução de custos”, disse Evair. Segundo o deputado, Motta prometeu que iria ouvir os líderes partidários sobre a proposta.
Já o líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), apresentou um projeto para permitir uma renovação de licença parlamentar por ano por mais 120 dias.
Segundo Sóstenes, isso vai ser articulado após o recesso. O líder do PL disse que conversou por telefone com Eduardo Bolsonaro e que ele pediu para que a bancada se articulasse em uma tentativa de preservar seu mandato. Do contrário, ele está disposto a abrir mão do cargo para permanecer nos Estados Unidos.
Essas alternativas, no entanto, dependem da anuência do restante da Câmara dos Deputados e de seu presidente, Hugo Motta (Republicanos-PB).
Reservadamente, líderes partidários avaliam como inviável a aprovação da medida neste momento, já que todos sabem que a proposta é encomendada para salvar o mandato de Eduardo.
O vice-presidente da Câmara, Altineu Cortes (PL-RJ), disse à Globonews que o partido “vai lutar para garantir o mandato de Eduardo”.
A segunda alternativa seria apresentar um atestado médico justificando a necessidade de tratamento nos Estados Unidos.
Essa opção é vista como mais viável, porque só depende da apresentação do documento e uma aprovação formal da Mesa Diretora. Além disso, ela pode ser renovada indefinidamente e permite que ele siga votando do exterior nas situações em que o sistema remoto, o Infoleg, é usado.
Caso não consiga articular nenhuma das duas opções, Eduardo já admitiu a possibilidade de abrir mão do mandato. Em entrevista à Coluna do Estadão, o parlamentar afirmou ter convicção de que seria preso caso retornasse ao Brasil.
Eduardo Bolsonaro apresentou uma licença de 120 dias em março deste ano. Em seu lugar, a Câmara chamou o seu suplente, o deputado Missionário José Olímpio.