Disputa entre empresas é principal linha de investigação da polícia em ataques a ônibus na Grande SP


Policiais do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) revelaram à TV Globo na manhã desta quarta-feira (16) que, agora, a principal linha de investigação da polícia em relação aos ataques a ônibus na Grande São Paulo é mesmo a disputa entre empresas que atuam no ramo do transporte urbano coletivo.
A hipótese ganha força em relação a duas outras linhas de investigação que também vêm sendo consideradas — ligação dos responsáveis do PCC e desafios de internet.
As empresas cujos ônibus são atacados sofrem com gastos de manutenção e multas aplicadas pela prefeitura pelo tempo de não circulação dos veículos.
Ao menos 36 ônibus foram alvos de ataques nesta terça-feira (15) em diferentes pontos da Grande São Paulo. Os atos de vandalismo ocorreram em cidades como Osasco, Itapevi, Cotia e nas zonas Oeste e Sul da capital.
A Prefeitura de São Paulo e a SPTrans informaram que a capital concentrou o número de casos, com 26 ônibus depredados.
Na Av. João Jorge Saad, na região do Morumbi, na Zona Sul, uma criança ficou ferida ao ser atingida por estilhaços de vidro.
Na Avenida Cupecê, também na região Sul da capital, testemunhas presenciaram homens em duas motos arremessando pedras contra veículos em movimento. Também houve ataques em Osasco, Itapevi e Cotia.
A polícia admite ainda haver um efeito de “contaminação” na depredação dos ônibus — pessoas não ligadas ao setor de transporte urbano coletivo também teriam atacado veículos.
Em nota, a SPTrans disse pedir para as concessionárias que comuniquem todos os ataques à central de operações e formalizam as ocorrências com as autoridades policiais.
Ataque a ônibus da Rod. Raposo Tavares
Reprodução/Aconteceu em Cotia
Ataque a ônibus em Cotia
Reprodução
Recorde no domingo
No domingo (13), a cidade de São Paulo registrou 47 ataques, segundo a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana e Transporte (SMT) e a SPTrans. Foi o segundo dia mais violento desde o início da onda de depredações, há cerca de um mês. O pico foi no dia 7 de julho, com 59 casos em um único dia.
As empresas operadoras relataram que, no total, 421 veículos foram depredados na capital desde o 12 de junho, aterrorizando motoristas e passageiros.
A onde de ataques atinge municípios da Grande São Paulo e da Baixada Santista, totalizando mais de 600 incidentes.
A polícia tem intensificado as investigações e prisões para conter a série de depredações. Até o momento, oito suspeitos foram detidos.
Em uma crítica à Polícia Civil, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, disse na segunda-feira (14), em entrevista à GloboNews, que considera que a investigação “está demorando” para descobrir quem está por trás da onda de ataques.
Vans também são alvo
A violência não poupa sequer vans que transportam pessoas com deficiência, como mostram registros recentes. Na última quinta-feira (10), uma dessas vans foi atacada. Outro veículo que presta o mesmo serviço já havia sido apedrejado dez dias antes.
Um dos detidos foi Júlio César da Silva. Ele aparece em imagens momentos antes de atirar uma pedra e foi contido por um motorista logo após o ataque. Apesar de aparentar um surto mental, a polícia não descarta sua participação em um ataque orquestrado. Questionado, ele admitiu: “Eu taquei, mano”. A defesa dele não foi localizada.
Outro suspeito preso é Everton de Paiva Balbino. Investigações apontam que ele é o motorista de um carro vermelho que, em 27 de junho, perto do aeroporto de Congonhas, entra na frente de um ônibus e freia bruscamente.
Após o incidente de trânsito, Everton segue viagem, e o ônibus continua seu trajeto. Três minutos depois, o carro vermelho estaciona com o pisca alerta ligado. Quando o ônibus passa, Everton atira a pedra, que acerta em cheio o rosto de uma passageira.
A pedra “causou inúmeras fraturas no rosto da vítima e poderia inclusive levá-la ao resultado morte”.
Ele foi identificado e preso por causa do carro e indiciado por tentativa de homicídio, sendo este o ataque “que teve o resultado mais gravoso até o momento”, esclarece o delegado. A defesa de Everton também não foi localizada.
Passageira ficou ferida após ataque com pedra a ônibus em São Paulo. Suspeito foi preso
Reprodução
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