
Professores municipais de Salvador iniciaram movimento grevista em 6 de maio
Cayque Guimarães e Ruth Helena
Após 74 dias de paralisação, os professores da rede municipal de Salvador encerram a greve nesta sexta-feira (18), após uma assembleia. O movimento grevista começou no dia 6 de maio após a categoria denunciar o não pagamento do piso nacional.
A informação foi confirmada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB) para a produção da TV Bahia. A assembleia foi realizada no Ginásio de Esportes dos Bancários, no Centro da cidade. Durante votação, a categoria aceitou o acordo a Prefeitura de Salvador.
Na quinta-feira (17), o secretário de Educação de Salvador, Thiago Dantas, informou que o calendário letivo deve ser estendido até janeiro de 2026.
De acordo com a gestão municipal, a decisão visa repor o conteúdo perdido e garantir que os 131 mil alunos matriculados em 415 unidades consigam cumprir o ano letivo.
“Sem dúvida, isso vai impactar no calendário, que tinha uma previsão de terminar na primeira quinzena de dezembro. Ele provavelmente vai se estender até janeiro para que a gente possa cumprir os 200 dias letivo e garantir as aprendizagens dos alunos no ano 2025 na rede municipal de Salvador”, afirmou o secretário de Educação.
Em entrevista à TV Bahia, Dantas disse que, mesmo com a greve dos professores, 90% das escolas estão em funcionamento e 41 dias letivos foram, de fato, prejudicados com a paralisação.
O secretário afirmou que, após uma nova rodada de negociação realizada nesta quinta-feira com o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB), foi estabelecido o pagamento do piso nacional de R$ 4.867,77 para a categoria.
“Na contraproposta apresentada na segunda-feira, os professores pediam 9% de aumento para todos os cargos, 20% de gratificação e isso aí já foi tudo acrescentado. Nesse momento, a prefeitura chegou no seu limite, tudo que poderia ser concedido, já foi”.
Dantas relatou que, no sábado (19), será realizada a ação Aprender Mais, em que parte dos alunos vão para as escolas para ter atividades de recomposição.
Por meio de nota, a prefeitura informou que negociou a possibilidade de conversão da licença-prêmio em pagamento, mediante regulamentação futura.
Disse ainda que foi pactuada a criação de novas vagas nos níveis 2, 3 e 4 da carreira. Conforme a gestão municipal, a medida tem como objetivo permitir que mais professores possam pleitear a progressão por titulação, valorizando a formação e incentivando o desenvolvimento profissional contínuo.
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Confira abaixo as reividicações da categoria ⬇️
Gratificação de diretores e vice-diretores passa a ser de 5% sobre os vencimentos
Tabelas de Gratificação de Otimização serão convertidas em percentual
Gratificação de Aprimoramento mantida nos percentuais de 2,5%, 5%, 7,5%, com teto de 25% do vencimento base
Revogação do §3º do art. 21 da Lei nº 9.865/2025
Restabelecimento de gratificação em unidades socioeducativas, de 30% do vencimento básico, e ajuda de custo para servidores lotados nas ilhas, de 50% do vencimento básico
Realização de concurso público em 2025 para professores e coordenadores pedagógicos
Ampliação do Quadro de Vagas do Magistério com envio de Projeto de Lei até julho/2025
Criação de previsão legal para conversão de Licença Prêmio em pecúnia
Prioridade para aposentadorias
Climatização de 100% das salas de aula até dezembro de 2025
Atendimento às demandas da Política de Inclusão, especialmente com ADIs em sala
Pagamento de diferenças retroativas (desde maio/2025) aos professores Reda, na forma de abono.
Entenda a greve
Greve dos professores municipais de Salvador completa dois meses
A greve começou no 6 de maio, após a categoria denunciar que a gestão municipal não pagava o piso nacional dos professores, fixado em R$ 4.867,77. Aproximadamente 131 mil estudantes são atendidos pelas unidades municipais.
Segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB), a prefeitura pagava o salário junto com as bonificações para atingir o piso nacional.
Além da revisão da proposta de reajuste salarial, os professores exigem melhores condições de trabalho, como climatização nas salas de aula, materiais pedagógicos e valorização profissional.
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Ainda em maio, a gestão municipal aprovou um projeto de reajuste no salário dos professores e servidores públicos, mas, mesmo com o reajuste, os profissionais alegam que o piso não é cumprido.
Veja a cronologia dos fatos:
Professores da rede municipal de Salvador realizaram um protesto nesta terça-feira (6), na Praça Campo Grande
APLB-Sindicato
📅 29 de abril – professores receberam proposta de reajuste salaria de 4%, que foi rejeitada
📅 6 de maio – a greve foi iniciada
📅 7 de maio – Tribunal de Justiça da Bahia ordenou suspensão imediata da greve, com multa diária de R$ 15 mil ao sindicato, mas a categoria manteve a paralisação
📅 22 de maio – Câmara de Vereadores aprovou o reajuste proposto pela prefeitura, mas professores não concordaram com o novo valor. A sessão foi marcada foi confusão entre professores, servidores municipais e vereadores
📅 22 de maio – O TJ-BA reiterou a ilegalidade do movimento e aumentou a multa diária à APLB, que passou a ser de R$ 100 mil. O órgão também autorizou a prefeitura a bloquear os repasses das contribuições sindicais
📅 30 de maio – Ministério Público da Bahia (MP-BA) recomendou que a prefeitura fornecesse alimentação para os estudantes que estão sem aula
📅 4 de junho – a prefeitura acatou a recomendação em escolas com atividades totalmente paralisadas. Foi acordado que os alunos do turno matutino podem comparecer às escolas entre 9h30 e 10h, já os da tarde vão ter a alimentação servida entre 13h30 e 14h. Os estudantes do programa Educação de Jovens e Adultos (EJA) terão refeições servidas das 18h30 às 19h30
📅 16 de julho – professores se reuniram para avaliar nova proposta da Prefeitura, sem acordo
📅 17 de julho – professores fizeram protesto na frente da Secretaria Municipal de Educação; secretário Thiago Dantas anunciou que as aulas seguirão até janeiro, após o fim da greve
📅 18 de julho – professores se reunirão em uma nova assembleia para decidir sobre a greve
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