Homem doa rim para salvar a vida de amiga: ‘Para mim é um renascimento’


Homem doa rim para salvar a vida de amiga: “Meu milagre se concretizou”
Reprodução/Redes Sociais
Uma história de amizade eternizada por uma doação. Esta é a ligação entre Gilliard Barbosa Machado e Magna de Fátima Miguel Moraes, que têm um elo marcado por uma atitude corajosa e um presente diferente: um rim!
Nesta véspera do Dia do Amigo, o g1 conversou com os moradores de Volta Redonda (RJ) sobre como surgiu a amizade deles.
Magna tem 58 anos e convivia há anos com um diagnóstico de hipertensão, que após uma investigação médica mostrou que a origem eram problemas renais que geraram insuficiência nos dois rins.
“Já faz alguns anos que eu soube que eu estava perdendo meus rins. Eu passei por um período de muita dor de cabeça, descobri que estava hipertensa e após uma investigação chegamos ao diagnóstico de problemas renais. De lá para cá fiz acompanhamento constante, exames a cada três meses e à medida que o tempo foi passando, a perda dos rins foi acontecendo. Foi aí que nós chegamos até a indicação de transplante para mim”, afirmou Magna.
A professora contou que chegou a ir para a fila de espera e ficou na expectativa de receber a doação de alguma pessoa falecida.
À época, ela foi para Juiz de Fora (MG), onde passou por uma avaliação com um médico que constatou que ela tinha todas as possibilidades de fazer um transplante, mas os exames clínicos não estavam bons para passar pela cirurgia.
“Precisei passar por um período de hemodiálise e somente depois eu tive condição de buscar a doação. Meus irmãos fizeram exames, eles não eram compatíveis comigo e eu fui para a fila de espera na esperança de receber a doação de alguma pessoa falecida”, lembrou Magna.
Fim da espera
A espera pelo transplante acabou no dia 8 de dezembro de 2024. Nesta data, Magna decidiu ir a um compromisso do projeto voluntário que ensina pessoas a andarem de bicicleta para ajudar uma amiga que tinha sido atropelada, que estava acamada e precisava de fraldas.
Mesmo fazendo hemodiálise, Magna decidiu ir até o encontro do grupo para buscar as doações para amiga. Durante uma conversa com o fundador do projeto, ela acabou falando que estava na fila de espera do transplante e, por coincidência ou não, Gilliard estava perto, ouviu e perguntou para quem seria a doação.
“Ele foi e disse para mim: ‘Isso é verdade mesmo? Então vamos fazer o seguinte, eu tenho dois rins e vou te dar um. Só não sei como vou fazer para tirar ele daqui, mas vou guardá-lo para você até que providencie a maneira que você vai tirar ele daqui. Deus já abençoou, ele mandou te dar o rim’”, lembrou Magna.
Aquele dia foi um divisor de águas na vida dos dois. Magna encontrou o doador que tanto precisava e viu ali um sinal de esperança. Gilliard, que também é professor, sentia que era seu dever ajuda-la, mesmo sentindo medo.
“Eu senti muito medo, muito medo mesmo. Eu chorava com medo e falava com Deus, pedia conforto e calma. Essa decisão foi obra de Deus. Eu queria muito fazer isso por ela, a Magna ajuda muitas pessoas e nunca quis aparecer por causa disso e chegou a vez dela pedir ajuda. Quem iria ajudar a Magna? A família não poderia, qual amigo teria essa coragem? Eu tive. Deus me deu muita coragem para tomar a atitude que tomei”, disse Gilliard.
Início de um renascimento
A cirurgia aconteceu no dia 27 de março de 2025. O procedimento foi um sucesso e marcou uma nova fase na vida de Magna e de Gilliard.
“Se Deus quiser eu vou poder assistir à graduação do meu filho, já transplantada, diferente do que foi a graduação da minha filha em 2023. Esse transplante para mim é renascimento, é vida nova. Só sei sorrir e agradecer. É um momento muito especial da minha vida”, comentou Magna.
Amizade para a vida toda
A doação marcou também o início de uma grande amizade. Antes, eles só se conheciam do projeto de voluntário. Hoje, Gilliard frequenta a casa de Magna, são confidentes e apoio na vida um do outro.
“É uma amizade profunda, para o resto da vida. Não só com ela, mas com toda a família dela. Com o marido dela, uma pessoa com um coração enorme. Os filhos dela, todo mundo é muito carinhoso comigo. Eles falam que vão levar a vida toda dizendo obrigado e que não vai ser suficiente e eu falo: ‘Não agradeçam a mim, agradeçam a Deus’ e peço para que eles me coloquem nas orações deles. Minha relação com a Magna foi de 0 a 1 milhão em felicidade. Hoje sou muito feliz pela atitude que eu tive”, disse Gilliard.
Gilliard também fez questão de destacar que vive uma vida normal após a doação.
“A minha vida hoje é normal. Eu tenho uma vida normal, não tive sequelas nenhuma por causa do rim. A única coisa que o médico falou comigo foi para não abusar do álcool e do sal. Eu faço minhas atividades em casa, devagar, ainda estou em recuperação. Fisicamente, eu só tenho as cicatrizes da cirurgia. Espiritualmente eu sou uma nova pessoa. Eu brinco com a Magna o seguinte: ‘Você ganhou um rim e eu voltei para Deus’. Hoje a minha fé é maior, minha crença é maior. Eu agradeço mais as coisas que Deus me dá, eu reclamava muito da vida e hoje não reclamo mais”, comentou.
Magna também fez questão de pedir para que surjam outros “Gilliards” na vida de quem está na fila esperando transplante.
“Eu gostaria que outras pessoas tivessem essa oportunidade que surgissem outros Gilliards nas vidas de quase 50 mil brasileiros que estão na fila de transplante. Veja bem, não é só parente que é compatível, tem muita gente que precisa de um amigo, assim como eu tenho o meu, que salva vidas”, finalizou Magna.
Homem doa rim para salvar a vida de amiga:
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