
Palestino ao lado de carro incendiado após um ataque de colonos israelenses na aldeia de Jinsafut, na Cisjordânia, em 21 de janeiro de 2025.
AP Photo/Majdi Mohammed
O Parlamento de Israel, conhecido como Knesset, aprovou nesta quarta-feira (23), por 71 votos a 13, uma moção em prol da “aplicação da soberania israelense” ao território palestino da Cisjordânia.
O texto vai contra o entendimento internacional de que a Cisjordânia não pertence a Israel e deve constituir um Estado palestino. No entanto, ele não tem nenhum efeito prático imediato sobre o território, já considerado ocupado por Israel.
“As regiões da Judeia, Samaria e do Vale do Jordão [nomes pelos quais Israel se refere à Cisjordânia] são parte inseparável da pátria histórica do povo judeu. À luz dos eventos de 7 de outubro e do amplo consenso nacional que se opõe à ideia de estabelecer um Estado palestino, há uma crescente compreensão da necessidade de uma iniciativa estratégica, moral e de segurança para garantir nosso futuro nesta terra”, diz o texto, aprovado por larga margem no Knesset.
“A aplicação da soberania israelense sobre essas áreas simbolizaria o compromisso do Estado de Israel com a visão sionista, com o fortalecimento da presença judaica na pátria e com a proteção de seus cidadãos. Tal medida deixaria claro ao mundo que Israel não aceitará soluções que envolvam concessões territoriais perigosas e que permanece comprometido com seu futuro como um Estado judeu seguro.”
A moção vai contra diversas resoluções da ONU e até mesmo os Acordos de Oslo, firmados entre Israel e a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) entre 1993 e 1995.
Cisjordânia
Desde 1967, após a Guerra dos Seis Dias, Israel controla os territórios palestinos da Cisjordânia, Gaza (promovendo um bloqueio terrestre e marítimo, embora tenha desocupado seus assentamentos em 2005) e de Jerusalém Oriental, além das Colinas de Golã, da Síria.
Apesar de os Acordos de Oslo preverem a retirada gradual do controle israelense sobre a Cisjordânia, ele jamais foi cumprido integralmente.
O território é dividido em diversas sub-regiões, com poucas áreas não contínuas de fato sobre controle da Autoridade Palestina, presidida por Mahmoud Abbas, da OLP.
Israel exerce controle militar na região e também controla as fronteiras e diversos postos de controle, os quais limitam a passagem da população palestina.
Além disso, mais de 450 mil israelenses residem atualmente em assentamentos na Cisjordânia, considerados ilegais pela ONU e pela comunidade internacional. Apesar disso, os assentamentos seguem crescendo, com liberações recordes de permissões de construção pelo governo do atual primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu.