Minerais estratégicos são do povo brasileiro, e exploração tem que seguir a lei, diz presidente de instituto


Estados Unidos demonstram interesse em minerais estratégicos do Brasil
O presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), Raul Jungmann, afirmou nesta quinta-feira (24) que os minerais estratégicos são um patrimônio do povo brasileiro e que a exploração do material deve seguir a legislação do país.
Na quarta-feira (23), o encarregado de negócios da embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, voltou a manifestar o interesse do governo norte-americano nos minerais críticos e estratégicos (MCEs) do Brasil em reunião com empresários do setor, segundo relato do próprio Jungmann. A reunião foi a pedido do governo americano.
“Aqui é um país aberto para aqueles que seguirem as nossas leis”, afirmou Raul Jungmann.
Segundo o presidente do Ibram, o Brasil não tem nenhum tipo de legislação que permita que o governo de um outro país explore minerais em solo brasileiro, mas sim empresas.
“Somos importantes em questões de defesa, que é uma preocupação do governo Trump, porque as terras raras são importantes para radares, para navegação aeroespacial, para satélites, para chips. Estamos no entrecruzamento de todas essas questões que preocupam o mundo inteiro que preocupam o mundo inteiro”, afirmou.
🔍Minerais críticos e estratégicos são aqueles que desempenham papel central na economia do presente e do futuro. São usados, por exemplo, na tecnologia de ponta, em chips para celulares e computadores e na transição energética.
🔍Grande parte desses minerais são as chamadas “terras raras”, que são tão importantes na geopolítica mundial que, nos últimos meses, os EUA fecharam acordos sobre elas com Ucrânia e China. As maiores reservas do mundo estão na China a no Brasil.
O Brasil e os minérios estratégicos
A presença dos minerais estratégicos em solo brasileiro tem despertado cada vez mais atenção de governos e empresas ao redor do mundo.
O país possui vastas reservas de recursos considerados cruciais para o futuro da economia global — entre eles, o nióbio, o lítio, o grafite, o cobre, o cobalto, o urânio e os chamados elementos terras raras. Esses minerais estão no centro das transformações tecnológicas e energéticas do século 21.
As baterias com nióbio de carregamento ultrarrápido são a aposta da CBMM, empresa brasileira, para os próximos anos
Divulgação CBMM
Praticamente todas as grandes inovações da atualidade dependem de minerais críticos. É justamente por isso que as maiores potências do mundo têm se movido para garantir acesso seguro e diversificado a essas matérias-primas. Com o avanço da chamada “transição energética” e a corrida tecnológica entre Estados Unidos e China, a pressão sobre essas cadeias de fornecimento só aumenta.
O Brasil é um dos poucos países com potencial para ocupar papel relevante nesse tabuleiro. Além das grandes reservas naturais, o país tem vantagens comparativas importantes, como matriz energética limpa, território estável, tradição mineradora e conhecimento técnico acumulado em instituições como o Serviço Geológico do Brasil e a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM).
Entre os minerais mais cobiçados, destacam-se os elementos terras raras, usados em turbinas eólicas, carros elétricos, chips e sistemas de defesa. Segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos, o Brasil possui a segunda maior reserva conhecida desses elementos no planeta, atrás apenas da China — justamente a nação que hoje domina a cadeia global de produção e refino desses materiais.
O desafio brasileiro é transformar esse potencial mineral em desenvolvimento tecnológico e industrial. Será necessário investir em pesquisa, atrair parcerias estratégicas e desenvolver capacidades nacionais para refinar e agregar valor aos minérios aqui, antes de exportá-los. O governo brasileiro tem incentivado a transformação mineral e parcerias com centros de pesquisa e inovação sobre o tema.
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