Servidor da Strans que continua foragido dava ordens para terceirizados apagarem multas; bilhetes eram usados, diz delegado


Delegado detalha esquema de cancelamento ilegal de multas de trânsito
Um servidor comissionado da Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (Strans) de Teresina dava ordens para funcionários terceirizados apagarem, ilegalmente, multas de trânsito aplicadas a pessoas relacionadas a ex-gestores e outros servidores da pasta. Ele continua foragido e é procurado pela polícia.
Segundo o delegado Ferdinando Martins, coordenador do Departamento Estadual de Combate à Corrupção (Deccor), bilhetes foram usados em algumas ocasiões, de forma improvisada, para pedir o cancelamento de multas sem que houvesse um processo formal.
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O g1 conversou com o delegado (assista no vídeo do topo da reportagem) e preparou uma reportagem com detalhes sobre o esquema que cancelou mais de 2 mil multas. Clique, abaixo, no tópico correspondente e veja o que sabe:
Como a polícia descobriu a fraude?
Quem foram os alvos da operação?
Quais medidas foram aplicadas aos alvos?
Qual era o papel dos envolvidos no esquema?
Como as multas eram apagadas?
Qual foi o prejuízo causado aos cofres públicos?
Há envolvimento de outros gestores no esquema?
Como a polícia descobriu a fraude?
Viatura da Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito de Teresina
Divulgação/Strans
O Deccor começou a investigar o esquema depois de receber uma denúncia anônima que apontava o envolvimento de gestores e funcionários da Strans no cancelamento indevido de multas de trânsito entre fevereiro e junho de 2024.
A polícia enviou um ofício à superintendência, que informou que fez uma auditoria interna no fim do ano passado e identificou 2.215 multas excluídas ilegalmente. Dessas, cerca de 400 foram apagadas após o horário de expediente.
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Quem foram os alvos da operação?
Os policiais do Deccor deflagraram a Operação Reset, na quarta-feira (23), contra três investigados. O g1 tenta contato com a defesa deles:
Bruno Pessoa, ex-superintendente da Strans;
Daniel Araújo, ex-gerente de Gestão de Trânsito da Strans e vice-presidente da Federação de Futebol do Piauí (FFP);
Lucas Rocha Lima, servidor da Strans.
Outros dois terceirizados da superintendência foram ouvidos pela polícia, que decidiu não aplicar nenhuma medida contra eles.
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Quais medidas foram aplicadas aos alvos?
Ex-superintendente e ex-gerente da Strans são alvo de operação da Polícia Civil
Reprodução/TV Clube
Bruno e Daniel estão sendo monitorados por tornozeleira eletrônica. A polícia também fez buscas e apreensões nas residências deles e está periciando os celulares de ambos.
A Justiça expediu um mandado de prisão temporária contra Lucas, mas os policiais não conseguiram encontrá-lo. Ele é considerado foragido e continua sendo procurado.
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Qual era o papel dos envolvidos no esquema?
O papel dos ex-gestores, de acordo com a investigação do Deccor, era determinar quais multas de pessoas ligadas a eles deveriam ser excluídas.
Os funcionários terceirizados, por sua vez, formavam um grupo responsável por acessar o sistema da Strans e cancelar essas notificações.
“Eles seguiam ordens dos chefes do setor e do então superintendente, e excluíam multas de pessoas próximas, apadrinhadas [pelos gestores ou] por algumas autoridades”, afirmou o delegado Ferdinando Martins.
Segundo o delegado, o servidor Lucas Rocha atuava tanto diretamente na exclusão das multas quanto ordenava aos terceirizados que fizessem isso por ordens dos gestores.
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Como as multas eram apagadas?
O grupo responsável por apagar as multas seguia dois métodos diferentes:
Abriam um processo eletrônico, no sistema da Strans, para acessar as notificações e excluí-las;
Recebiam as ordens informalmente, às vezes por meio de bilhetes, e faziam os cancelamentos sem abrir processo.
“São multas de toda natureza: estacionamento irregular, ultrapassar o sinal vermelho, falar ao celular… Às vezes era um parente de um membro da Strans, alguma liderança ou alguém mesmo que conhecia o vereador. O chefe recebia e pedia para excluir”, apontou o coordenador do Deccor.
Operação mira exclusão ilegal de multas de trânsito em Teresina
Divulgação/SSP-PI
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Qual foi o prejuízo causado aos cofres públicos?
Conforme a investigação, o cancelamento das multas causou aos cofres municipais um prejuízo estimado em mais de R$ 503 mil.
No entanto, a superintendência determinou que todas as notificações voltassem a ser cobradas — ainda que algumas não possam ser revertidas.
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Há envolvimento de outros gestores no esquema?
Além dos responsáveis pelo esquema, a polícia investiga se parlamentares e outras autoridades se beneficiaram com a fraude.
“Nosso objetivo agora é esclarecer se houve participação de autoridades superiores e eventuais ordens políticas para a prática dos atos ilícitos”, completou o delegado Ferdinando.
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