Tailândia e Camboja entram em conflito na fronteira após crise diplomática


Soldado tailandês faz obstáculo de arame farpado na fronteira, pouco antes do início dos conflitos em 2016
Sukree Sukplang/Reuters
Soldados da Tailândia e do Camboja trocaram tiros nesta quinta-feira (24) em uma área de fronteira contestada, após os dois países reduzirem suas relações diplomáticas em meio a uma disputa que escalou rapidamente. Ainda não está claro se o confronto continua.
Uma transmissão ao vivo feita do lado tailandês mostrou moradores fugindo de suas casas e se abrigando em um bunker de concreto na manhã de quinta-feira (24), enquanto explosões eram ouvidas de forma intermitente.
O confronto ocorreu na área onde se encontra o antigo templo Prasat Ta Muen Thom, localizado na fronteira entre a província tailandesa de Surin e a província cambojana de Oddar Meanchey.
Os dois países acusaram um ao outro de terem aberto fogo primeiro.
Mais cedo nesta quinta-feira, o Camboja anunciou a redução das relações diplomáticas com a Tailândia ao nível mais baixo, expulsando o embaixador tailandês e retirando todo o seu pessoal da embaixada em Bangcoc.
A medida foi uma resposta ao fechamento dos postos fronteiriços no nordeste da Tailândia com o Camboja, à retirada do embaixador tailandês e à expulsão do embaixador cambojano na quarta-feira, em protesto contra a explosão de uma mina terrestre que feriu cinco soldados tailandeses.
As relações entre os dois vizinhos do Sudeste Asiático vêm se deteriorando fortemente desde maio, quando um soldado cambojano foi morto em um confronto armado em outra das várias pequenas áreas de terra disputadas por ambos os países
Segundo o exército tailandês, no confronto desta quinta-feira suas forças ouviram um drone antes de avistarem seis soldados cambojanos armados se aproximando de um posto tailandês. Os soldados tailandeses afirmam ter tentado alertar os cambojanos para evitar a escalada, mas que o lado cambojano iniciou os disparos.
O Ministério da Defesa do Camboja, por sua vez, afirmou que a Tailândia iniciou o confronto armado e que o Camboja “agiu estritamente dentro dos limites da autodefesa, respondendo a uma incursão não provocada das tropas tailandesas que violaram nossa integridade territorial”.
Na quarta-feira, a explosão de uma mina terrestre próxima à fronteira feriu cinco soldados tailandeses, um dos quais perdeu uma perna.
Uma semana antes, em outra área disputada, uma mina explodiu e feriu três soldados tailandeses quando um deles pisou nela, perdendo um pé.
As autoridades tailandesas alegam que as minas foram recentemente instaladas em caminhos que, por acordo mútuo, deveriam ser seguros. Disseram que os explosivos eram de fabricação russa e não do tipo utilizado pelo exército tailandês. O Camboja rejeitou as alegações como “acusações infundadas”, ressaltando que muitas minas e outros artefatos explosivos não detonados são heranças de guerras e conflitos do século 20.
A tensão foi ainda mais agravada por sentimentos nacionalistas em ambos os países, e a primeira-ministra da Tailândia foi suspensa do cargo em 1º de julho para ser investigada por possíveis violações éticas na condução da disputa fronteiriça.
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