Violência fecha lojas e assusta comerciantes em Vicente de Carvalho


Violência fecha lojas e assusta comerciantes em Vicente de Carvalho
A crescente onda de violência em Vicente de Carvalho, na Zona Norte do Rio, tem mudado a rotina de quem trabalha e vive na região. Comerciantes relatam prejuízos com a queda no movimento, extorsões de criminosos e até o fechamento definitivo de estabelecimentos.
A sensação de insegurança se espalha também por bairros vizinhos, como Vila Kosmos, Vaz Lobo, Tomás Coelho e Irajá.
“A gente começou a perceber uma redução no número de clientes. Muitos diziam que moravam perto, mas não iriam até a loja por medo da criminalidade”, contou um funcionário de uma loja da região.
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Dados do Instituto de Segurança Pública do Rio (ISP-RJ) mostram um crescimento nos indicadores de criminalidade.
A área da 27ª DP (Vicente de Carvalho), que abrange seis bairros — Vicente de Carvalho, Irajá, Colégio, Vista Alegre, Vila da Penha e Vila Kosmos —, registrou aumento de 16% nos roubos de janeiro a maio deste ano. Foram 1.474 casos registrados no período, contra 1.271 no mesmo intervalo de 2024.
O impacto da violência também pode ser medido no número de estabelecimentos fechados após os crimes. Em 2024, entre janeiro e maio, foram 9 casos. Já em 2025, o número mais que dobrou: foram 20 registros, um aumento de 122%.
Além da perda de clientela, os relatos apontam para o avanço do tráfico na área. Comerciantes denunciam que traficantes estariam cobrando taxas para permitir o funcionamento das lojas.
“Inclusive estão proibindo o comércio de funcionar. Estão extorquindo e pedindo dinheiro”, disse um lojista.
Em algumas ruas internas de Vicente de Carvalho, moradores tentam se proteger instalando cancelas e câmeras. Já na principal via do bairro, a Avenida Vicente de Carvalho, onde ficam estações de BRT, metrô e um shopping, o reforço policial é visível, com presença de viaturas e até blindados.
Mesmo assim, o medo persiste. Moradores relatam que os tiroteios são frequentes e acontecem a qualquer hora do dia. Em um dos casos, uma moradora contou que os disparos atingiram o prédio onde vive, horas antes de conversar com a equipe de reportagem.
Violência fecha lojas em Vicente de Carvalho
Reprodução/TV Globo
O medo e a insegurança também impactam a economia local. Uma pizzaria tradicional, que funcionava havia mais de 20 anos na avenida principal, encerrou as atividades.
“Era ponto de encontro da comunidade, festinha de criança. Fechou. Fico triste. Desemprego. Cerca de 60 funcionários foram dispensados, poucos realocados. A maioria ficou sem trabalho”, lamentou uma ambulante.
Casos como esse têm se repetido. Uma loja foi montada com grande investimento, mas após um assalto no imóvel ao lado, o dono desistiu de inaugurar. As portas seguem fechadas há mais de 1 ano.
“Não dá pra viver num lugar onde se tem medo constante. A maioria dos nossos gerentes já foi assaltada saindo da loja”, disse outro comerciante.
O que diz a polícia
A Polícia Civil reforça a importância de que os comerciantes façam os registros das ocorrências, para que seja possível mapear as áreas mais críticas e ampliar as investigações.
A 27ª DP afirma que está empenhada em identificar os criminosos e os grupos que atuam na região cobrando dinheiro de lojistas.
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