Com inovação verde, bioeconomia otimiza produtos para saúde e agro em SC


Bioinformática, ciências de dados, química analítica e ciências ômicas são algumas das competências recentes que ajudam a indústria a aproveitar o potencial da bioeconomia em Santa Catarina. A bioeconomia é um dos principais motores do desenvolvimento sustentável no Brasil e no mundo, não diferente em a nível local, com vasta biodiversidade do estado e forte presença no setor agroindustrial.
O uso de recursos da biodiversidade catarinense gera soluções que fomentam tanto o setor de saúde, na indústria farmacêutica, quanto o agronegócio e a alimentação da população. SC vem demonstrando sua vocação como centro estratégico para a inovação verde, que contribui no fortalecimento da economia circular e na sustentabilidade, ao usar sua biodiversidade para gerar alternativas inovadoras.
Conforme estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV), a bioeconomia responde por cerca de 20% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, levando em conta a produção de recursos biológicos renováveis, como na agricultura, pecuária, extrativismo vegetal, pesca e aquicultura, abate e processamento de carnes, pescados e laticínios. Além disso, são citados pelo estudo a produção de açúcar e outros alimentos, assim como produtos têxteis, celulose, papel e produtos de papel, e fabricação de biocombustíveis.
Aproveitando esse potencial a nível local, uma série de projetos de pesquisa, inovação e desenvolvimento tecnológicos nos campos da biotecnologia, bioeconomia e biodiversidade estão sendo desenvolvidos por institutos de inovação e de tecnologia, resultando em biofármacos, novos produtos e processos sustentáveis. Esse trabalho vem sendo desenvolvido pela Rede Bio, iniciativa criada pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial de Santa Catarina (SENAI/SC).
A bioeconomia não só potencializa a inovação em Santa Catarina, que é destaque tanto no agronegócio quanto na indústria, mas também contribui para o fortalecimento da economia verde e o desenvolvimento do estado, de acordo com Leonardo Oliveira, coordenador da Rede Bio. Diante da maior exigência de um mercado globalizado, o uso intensivo da tecnologia tem sido a chave para a competitividade e o sucesso das empresas nestes setores, o que demanda a adoção de novas tecnologias de produção e a digitalização dos processos para enfrentar desafios como sustentabilidade ambiental e a descarbonização.
“É neste contexto que surgem as oportunidades para a Bioeconomia, que é a economia baseada nos recursos biológicos da natureza. Iniciativas como a valoração de resíduos agroindustriais, a substituição de insumos de origem fóssil não renovável por insumos de origem biológica renovável e a utilização de bioprocessos para o tratamento de efluentes industriais são apenas alguns exemplos de como a Bioeconomia pode gerar valor para a economia e contribuir com o desenvolvimento sustentável do nosso estado”, detalha o especialista.
A biodiversidade brasileira deve permitir que o país possa evoluir e se tornar referência global em Bioeconomia, na opinião do coordenador da Rede Bio. A nível local, o especialista reforça a importância, neste processo, da contribuição da fauna, flora e microbiota característicos do bioma Mata Atlântica, presentes ainda nos ambientes aquáticos, como rios, lagos e lagoas.
Oliveira entende que a Bioprospecção, busca sistemática por organismos, genes, enzimas, compostos, processos e partes provenientes de seres vivos que possam levar ao desenvolvimento de produtos e processos, é uma ferramenta fundamental para transformar a Biodiversidade catarinense em inovação e prosperidade econômica para o país.
“Neste sentido, diversas iniciativas têm procurado aplicar a Bioprospecção, por exemplo: para a descoberta de alternativas sustentáveis para o controle de pragas e melhoramento do solo, com o desenvolvimento de biodefensivos e biofertilizantes; a redução dos resíduos agroindustriais e das emissões de carbono, com o desenvolvimento de biocombustíveis; a formulação de novos ingredientes para a indústria de alimentos, dentre outras aplicações”, exemplifica.
Avanços do conhecimento sobre biodiversidade otimizam a indústria
De olho no “PIB da Bioeconomia”, a Rede Bio foi criada há três anos pelo Senai/SC com o objetivo de apoiar a indústria na melhoria dos seus processos e no desenvolvimento de novos produtos, considerando as oportunidades provenientes das ciências biológicas e pelo surgimento de novas ferramentas e novas áreas do conhecimento, como a Bioinformática e as Ciências Ômicas.
“A utilização destes novos conhecimentos e ferramentas permite a exploração da biodiversidade para a substituição de insumos de origem fóssil e não renovável, a promoção da circularidade nos processos industriais e a Bioprospecção de forma geral. Para tanto, a rede reúne competências de três de nossos institutos de Inovação e Tecnologia e outros parceiros, utilizando a Biotecnologia como ferramenta transversal, na execução de projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação”, completa.
A RedeBio possui uma série de pesquisas em andamento atualmente, que miram no desenvolvimento de novos produtos e na diminuição do impacto ambiental. Entre os estudos, estão a prospecção de novos insumos para a cadeia de proteínas alternativas baseada no estudo de microalgas; a busca por estratégias naturais e sustentáveis para o controle de pragas que afetam o agronegócio, subsidiando o desenvolvimento de novos biodefensivos; o estudo de microrganismos presentes na pele humana e a caracterização de resíduos agroindustriais visando o desenvolvimento de novos produtos e a redução do impacto ambiental.
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