
Idoso é encontrado morto em Palmas dias após oficializar paternidade do filho adotivo
Cinco dias antes de morrer o idoso Odilon Alves Evangelista, de 76 anos, teve homologado pela Justiça o pedido para reconheceu como filho um sobrinho de 57 anos. O idoso estava em Palmas tratando de um câncer e foi encontrado morto após sair para caminhar e passar a noite desaparecido.
Para Adenilson Alves, o filho socioafetivo, trocar o ‘Silva’ pelo sobrenome do pai foi uma mera formalidade diante do carinho e cuidado que recebeu de Odilon ao longo da vida.
“Ele [Odilon] chegou em mim e falou que sempre tinha vontade de me colocar como filho registrado e perguntou se eu aceitava. Falei ‘o que o senhor fez por mim, ter me criado, é maior que me colocar em um documento’. Melhor ainda, aceitei”, afirmou Adenilson.
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Odilon era de Dianópolis, na região sudeste do estado, mas estava em Palmas fazendo um tratamento contra câncer de próstata há dois meses. Ele morreu depois de sair para caminhar e passar mal. O corpo dele foi encontrado embaixo de uma árvor na quarta-feira (23).
O acordo de reconhecimento de parentalidade afetiva voluntária foi expedido pelo Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (CEJUSC) de Dianópolis no dia 18 de julho. Mas, Odilon e Adenilson conviveram como pai e filho desde 1970.
Quando era bebê, Adenilson foi deixado com a irmã biológica de sua mãe, que era casada com o Odilon. O casal passou a criá-lo e se estabeleceu uma relação sólida de afeto, convivência familiar e responsabilidade mútua. “Sempre tivemos uma relação muito boa. Nunca tivemos atrito, sempre foi pai e filho”, contou o filho.
Ao longo do processo, eles comprovaram por meio de fotos que mesmo após a separação de Odilon da irmã de Adenison, os laços afetivos entre os dois se mantiveram. Adenilson conversava com o pai diariamente e planejava acompanhar o idoso na última semana de tratamento, previsto para finalizar em agosto.
A perda repentina de Odilon dias após a paternidade ser oficializada provocou um misto de “alegria e choro”, mas Adenilson garante que sempre lembrará do pai com gratidão.
“Ele está num bom lugar, Deus vai estar com ele. Tentei retribuir o que fez por mim. Infelizmente não dei conta de pagar tudo que ele fez por mim, mas fiz um pouco”, disse Adenilson.
Odilon Alves e Adenilson tiveram a parentalidade socioafetiva reconhecida pela Justiça
Arquivo Pessoal/Adenilson Alves
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Parentalidade socioafetiva
Na decisão que reconheceu a paternidade de Odilon, o juiz João Alberto Mendes Bezerra Júnior argumentou que a paternidade não se limita aos laços biológicos.
“A paternidade socioafetiva tem seu reconhecimento jurídico decorrente da relação de afeto, marcadamente nos casos em que, sem nenhum vínculo biológico, os pais criam a criança por escolha própria, destinando-lhe todo o amor, ternura e cuidados inerentes à relação pai/filho”, afirmou.
Com a homologação, o Cartório de Registro Civil competente será notificado para que o registro de nascimento de Adenilson seja alterado e inclua o nome de Odilon e dos avós paternos. Além disso, o filho terá acrescido o sobrenome ‘Evangelista’ ao seu nome.
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