Jovem que foi repreendido em escola por gostar de Ozzy Osbourne lamenta morte do cantor: ‘Veio como um tiro’


Jovem canta música de Ozzy Osbourne em bar na Alemanha
Marcelo Corrêa Machado tinha apenas oito anos quando foi mandado à diretoria por “batucar” músicas de rock e heavy metal na mesa da escola, em São José do Rio Preto (SP), e teve que ouvir a diretora tentar convencê-lo de que ser fã de Ozzy Osbourne, o ex-vocalista da banda Black Sabbath, era “coisa do diabo”. Na época, o menino mudou de escola e, hoje, inspirado pelo “Príncipe das Trevas”, se tornou músico.
O cantor britânico, considerado um dos pioneiros do heavy metal, morreu na terça-feira (22), aos 76 anos. A causa da morte do líder do Black Sabbath não foi revelada.
📲 Participe do canal do g1 Rio Preto e Araçatuba no WhatsApp
Marcelo havia acabado de se mudar para Rio Preto quando passou pelo episódio de preconceito, no primeiro dia de aula na escola nova, em 2011. Chocada com a história, a mãe dele decidiu mudá-lo de unidade para evitar outros transtornos parecidos.
Ozzy Osbourne durante sua apresentação no festival Monsters of Rock, em São Paulo, em abril de 2015
JF Diorio/Estadão Conteúdo
Hoje em dia, o jovem tem 22 anos e mora em Leipzig, na Alemanha. Ao g1, ele contou como foi receber a notícia de que um dos artistas que ouvia desde pequeno havia morrido.
“Veio como um tiro e me desestabilizou completamente. Lembrei de ter chorado ao ouvir ele cantar ‘Changes’ no último show que fui. Quando percebi, estava chorando novamente. Lembrei de todos os momentos nos quais a música dele me serviu de abrigo”, conta.
O último show de Ozzy ao qual o músico foi ocorreu em 2017, em São Paulo. Marcelo estava junto do avô, que nunca gostou de rock, mas o acompanhou para ele poder entrar no local, já que era menor de idade na época.
Após a morte do ex-vocalista do Black Sabbath, o jovem agradece por ter conseguido “aproveitar” o cantor e compositor enquanto ele ainda estava vivo. “Quando tive a oportunidade, fui vê-lo. Ainda não consegui processar tudo, mas ele se mantém imortal”, explica.
LEIA MAIS:
VÍDEO: músico descobre morte de Ozzy Osbourne enquanto tocava sucesso do ‘Príncipe das Trevas’ no violão
Ferozzy, o Ozzy brasileiro, virou celebridade no show do Black Sabbath; veja quem era
Fã que esteve no 1º Rock in Rio relembra show de Ozzy Osbourne no festival: ‘Foi o maior sucesso’
Show do Ozzy Osbourne ao qual Marcelo foi com seu avô, em 2017, em São Paulo
Arquivo pessoal
Relação com o rock
A paixão de Marcelo por Ozzy e pelo rock em geral surgiu por influência do outro avô. Entre as bandas que ele apresentou ao neto quando ainda era mais novo, estava Black Sabbath. “Lembro de ficar obcecado pela banda Iron Man. Foi a primeira música que eu fiquei vidrado”, relata.
Ao mesmo tempo, o fato de ter sido “repreendido” na escola pelo gosto musical também o afetou, mesmo que tenha mudado de unidade e conversado com a mãe sobre o assunto depois do ocorrido.
“Essa situação, junto à diferença cultural de Rio Preto e de onde eu morava antes, fez com que, durante um período, eu basicamente parasse de tocar e ouvir música ativamente. Meus familiares me explicaram que essa ligação, pelo menos da forma como foi colocada pela diretora, não existia”, comenta.
Marcelo Côrrea de Carvalho foi criado em Rio Preto (SP) quando era mais novo
Arquivo pessoal
Impacto que vai além do gosto musical
Ainda assim, Marcelo diz que faltam palavras para descrever o impacto que o rock e a música de Ozzy Osbourne tiveram na vida dele, desde a infância até os dias de hoje.
“Eu não sei descrever, ainda sigo ouvindo ele todo dia e boa parte do meu repertório diário de músicas que uso para treinar na guitarra são dele. Sem ele, boa parte do que eu amo não existiria e eu não seria quem eu sou.”
Músico fã de Ozzy Osbourne toca solo de ‘Mr. Crowley’
Toda vez que o músico viaja para a casa dos avós ou para a casa da mãe, ele ouve “Mama I’m Coming Home”, criando uma conexão que, para ele, vai além da música.
“Meu maior objetivo era tocar os solos de ‘Mr.Crowley’ e ‘Changes’. Essa conexão me ajudou a navegar em um período que foi o mais complicado da minha vida. Eu poderia passar o dia inteiro listando músicas dele e que me ajudaram de diversas maneiras, mas a importância do Ozzy para mim e o seu legado são algo imensurável”, completa.
Marcelo Côrrea Machado quando mais novo, junto à banda Motordrunk, de Rio Preto (SP)
Arquivo pessoal
*Colaborou sob supervisão de Ana Paula Yabiku
Veja mais notícias da região no g1 Rio Preto e Araçatuba
VÍDEOS: confira as reportagens da TV TEM
Adicionar aos favoritos o Link permanente.