Nº de desaparecidos volta a crescer no AC e supera média de um caso por dia em 2024


Desaparecidos no Acre
Renato Menezes/Arte g1
O número de desaparecimentos registrados no Acre cresceu mais de 8% e ultrapassou a média de um caso por dia em 2024, segundo dados do Anuário da Segurança Pública, divulgados nessa quinta-feira (24). De acordo com o levantamento, 376 pessoas foram declaradas desaparecidas no estado.
O estudo também revisou o total de desaparecidos que havia sido relatado na edição do ano passado, reduzindo de 400 para 347 o número de registros no ano de 2023.
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Com isso, considerando um ano de 365 dias, o estado teve média de 1,03 desaparecidos por dia. Enquanto isso, a estatística de localizados teve um crescimento brusco: foram apenas 320 pessoas localizadas no ano passado, contra 82 em 2023. Esse número também aparece revisado.
Ainda conforme o estudo, produzido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a média de desaparecidos a cada 100 mil habitantes no estado, que foi de 42,7, continua acima do índice nacional, que caiu para 38,5.
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Pessoas localizadas
Por outro lado, o número de pessoas que tiveram o desaparecimento comunicado e que foram encontradas teve uma subida brusca em 2024 no Acre.
Conforme o anuário, o total saiu de 82 pessoas reencontradas em 2023 para 320 no ano passado. Essa estatística não especifica se foram encontradas vivas ou morta, e pode ter distorções.
“[…] não foi possível apurar como o registro é realizado: qual o documento de base; se diz respeito a pessoas localizadas vivas ou mortas; se o encontro está ou não vinculado a eventos de desaparecimento previamente reportados; a que ano se refere o desaparecimento eventualmente antes reportado, ou seja, em que ano essa pessoa foi dada como desaparecida. Assim, os registros de pessoas localizadas nos anos de 2023 e 2024 não correspondem, necessariamente, aos casos de pessoas desaparecidas registrados no referido período”, cita o documento.
MP faz campanha para reforçar busca por desaparecidos no Acre
Banco de dados e campanhas
Em 2023, o aumento no número de desaparecimentos no estado já havia sido detectado. O Anuário do Fórum Brasileiro da Segurança Pública mostra que os registros de desaparecidos no estado aumentaram em 57% entre 2021 e 2022.
As informações sobre pessoas localizadas foram fornecidas por cada estado. No entanto, não foi possível apurar como o registro é feito: qual o documento de base (por exemplo, boletim de ocorrência); se diz respeito a pessoas localizadas vivas ou mortas; se o encontro está ou não vinculado a eventos de desaparecimento previamente reportados; a que ano se refere o desaparecimento eventualmente antes reportado, ou seja, em que ano essa pessoa foi dada como desaparecida. Em 2022, 15 pessoas foram encontradas e em 2021 apenas nove foram achadas.
Assim, os registros de pessoas localizadas nos anos de 2021 e 2022 não correspondem, necessariamente, aos casos de pessoas desaparecidas registrados no referido período. A taxa de registros de desaparecimentos a cada 100 mil habitantes no estado é maior do que a nacional, que é de 32.
“Saudade: essa dor pode acabar” dá visibilidade ao drama vivenciado pelas famílias
Reprodução/MP-AC
Por conta disso, desde o começo daquele ano, o Ministério Público do Acre (MP-AC) começou a tomar algumas medidas como forma de acompanhar esses casos mais de perto. Em janeiro, o órgão lançou a campanha “Saudade: essa dor pode acabar”, para dar visibilidade ao drama vivenciado pelas famílias, sensibilizar a sociedade sobre o problema, além de divulgar informações sobre como proceder diante dessas situações.
Como uma forma de reforçar ainda mais essas buscas e chamar atenção para esses índices, o MP disponibiliza um canal para que o cidadão possa fazer o registro de pessoas desaparecidas. A novidade está disponível no endereço eletrônico.
Para fazer a comunicação, basta ter em mãos o boletim de ocorrência em que o desaparecimento tenha sido comunicado.
“O MP faz parte de um programa que é nacional, chamado Programa de Localização e Identificação de Desaparecidos (PLID), que criou um sistema, que é interligado entre os estados, que chama Sistema Nacional de Localização e Identificação de Desaparecidos (Sinalid). Em grande parte do país, os MPs que fazem a alimentação do sistema, então recebemos essas informações a partir de registro da ocorrência policial e fazemos a inserção dentro do sistema. Mas, aqui no estado customizamos esse sistema nacional para criar a possibilidade do cidadão comum fazer a inserção dessas informações dentro do sistema nacional sem precisar que os servidores do MP façam essa ponte. Estamos trabalhando para dar maior agilidade a essa informação”, explica a promotora Marcela.
Com isso, qualquer cidadão comum que tenha registrado um boletim de ocorrência de desaparecimento consegue inserir esses dados no sistema. Porém, é importante destacar que esse sistema não substitui a investigação da Polícia Civil, apenas cria um fluxo e um banco de dados para esses perfis, que podem ser acessados por órgãos de outros estados.
“Quando a pessoa registra o boletim na delegacia, ela está comunicando uma situação que pode ser criminosa ou não, aquele desaparecimento pode ser fruto de um crime e a polícia precisa iniciar os seus trabalhos. O que o MP vai fazer é tentar auxiliar esse trabalho de localização dessa pessoa”, diz.
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