
Estudante da UnB Wilker Leão foi suspenso de duas disciplinas do curso de história.
A Justiça do Distrito Federal condenou o estudante da Universidade de Brasília (UnB) Wilker Leão por difamação e injúria contra um professor da disciplina de História da África.
Segundo a decisão, publicada na última sexta-feira (1º), Wilker gravou e divulgou em redes sociais vídeos das aulas sem autorização, com comentários ofensivos e depreciativos contra o professor.
De acordo com o Tribunal de Justiça do DF (TJDFT), o estudante atingiu a honra do professor ao expor o que chamava de “doutrinação comunista” no curso de história.
A juíza Ana Cláudia Loiola de Morais Mendes entendeu que houve “violação à honra objetiva” do docente.
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Wilker foi condenado incicialmente a 2 anos e 3 meses de detenção em regime aberto, mas teve a pena convertida em duas multas de 15 salários mínimos cada — uma destinada ao professor e a outra a uma entidade social escolhida pela Justiça.
Ele também deverá pagar R$ 5 mil em honorários advocatícios. O g1 entrou em contato com Wilker, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.
Decisão judicial
Estudante Wilker Leão é suspenso por 60 dias de duas disciplinas do curso de história.
Redes sociais/Reprodução
Na sentença, a juíza destacou que a liberdade de cátedra — direito do professor de ensinar com autonomia — garante ao docente o controle sobre o uso de ferramentas em sala, inclusive a autorização (ou não) para gravação das aulas.
A juíza considerou que a conduta do estudante “transbordou a discussão crítica ou acadêmica dos temaa”, com vídeos voltados à promoção pessoal, “as quais se colocou como paladino da defesa do direito dos alunos, em detrimento da imagem do professor”.
“Todo conteúdo produzido teve por finalidade apenas a exposição da figura do professor, que por acaso cruzou o caminho do querelado, na sua trajetória de “estudante de um curso de humanas”, que queria “provar que havia doutrinação ideológica na universidade pública”, diz um trecho da decisão.
No processo, a defesa de Wilker argumentou que não houve intenção de ofensa, que as falas foram retiradas de contexto e que não há proibição legal para gravação de aulas.
Alegou ainda que as críticas tinham teor político e não pessoal. A Justiça, no entanto, rejeitou os argumentos.
Seis vídeos foram analisados pela Justiça
A decisão levou em conta seis vídeos publicados por Wilker entre outubro e novembro de 2024. A Justiça concluiu que eles continham ofensas à honra do professor e violavam sua imagem e privacidade. São eles:
18/10/2024: Wilker chama a aula de “bobagem” e diz que o professor “fugiu” do debate. Continuou filmando mesmo após o pedido para interromper a gravação.
23/10/2024: Vídeo com a imagem do professor e legenda “Prof Brabão”. Wilker o chama de “comunista” e fala em doutrinação.
30/10/2024: Post intitulado “Essa é a cara do professor valentão que se acha general”, com imagem e voz do docente, em tom depreciativo.
07/11/2024: Novas publicações com as legendas “professor Brabão dobrou a aposta” e “tá querendo socializar meu capital?”.
13/11/2024: Caricatura semelhante ao professor e comentários desdenhosos sobre temas discutidos em sala, como escravidão e capitalismo. “Isso aqui é doutrinação ou não é?”, escreveu o aluno.
19/11/2024: Vídeo com o termo “transgeneral” e insinuações de que o professor teria suspendido a aula “protelando isso com intenções mesmo de enrolar”.
UnB suspendeu estudante
Em dezembro do ano passado, a Universidade de Brasília (UnB) suspendeu Wilker Leão de duas disciplinas – História da África e História do Brasil – por 60 dias. A medida cautelar foi tomada porque, segundo a UnB, e estudante “atrapalhava as aulas”.
De acordo com a universidade, ao gravar as aulas e publicar o conteúdo nas redes sociais sem autorização dos envolvidos, o aluno atrapalha a explicação do conteúdo e também os outros estudantes matriculados nas disciplinas (saiba mais abaixo).
Na época, ao g1, Wilker Leão disse que a “decisão é completamente absurda, tanto do ponto de vista jurídico quanto do que se espera de um ambiente acadêmico”e que ficou sabendo da suspensão por e-mail.
Confusão com ex-presidente e senador
Youtuber provoca Bolsonaro e causa confusão em Brasília
Wilker Leão é formado em direito e conhecido por publicar vídeos políticos nas redes sociais. Ele soma mais de dois milhões de seguidores no X, YouTube , TikTok e Instagram.
O estudante também ficou conhecido por abordar políticos e apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro na saída do Palácio da Alvorada.
Em uma das ocasiões, em agosto de 2022, chegou a se envolver em uma confusão com o ex-presidente (veja o vídeo acima).
Em fevereiro do ano seguinte, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) tomou o celular da mão de Wilker, após se envolver em uma discussão com ele. Na ocasião, o youtuber começou a questionar Randolfe, de forma repetitiva, sobre a opinião dele a respeito de terrorismo e assédio político (veja o vídeo abaixo).
Em discussão, senador Randolfe Rodrigues toma celular de youtuber
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