
No Rio Grande do Norte, o tarifaço ameaça as exportações de sal marinho e pescado.
Os Estados Unidos respondem por 47% de todos os negócios que a indústria salineira do Rio Grande do Norte tem com o exterior, destino que vai deixar de ser viável com a sobretaxa de 50%.
“Isso significa dizer que nós não temos mais condições de mandar o nosso sal para os Estados Unidos. Estamos falando da ordem de 550 mil toneladas de sal por ano”, afirma Airton Torres, presidente do Sindicato da Indústria de Extração do Sal do RN.
O Rioo Grande do Norte produz 98% do sal marinho do Brasil. De acordo com empresários do setor, 4 mil empregos diretos estão em risco se novas rotas de exportação não forem firmadas.
47% das exportações de sal do RN vão para os EUA
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“O mercado do sal está limitado a essa região aqui do Oceano Atlântico. O sal é um produto de baixo valor e que não consegue ser competitivo quando as distâncias forem muito maiores”, explica Torres.
O setor pesqueiro também está preocupado. Isso porque 80% do atum pescado por embarcações potiguares têm os Estados Unidos como destino. Na busca por novos mercados, há um entrave: desde 2018 o Brasil não exporta o pescado para a Europa, quando uma fiscalização apontou que a cadeia produtiva não atendia a critérios do mercado europeu.
80% do atum pescado por embarcações potiguares têm os Estados Unidos como destino
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O estado exporta hoje em torno de 3 mil toneladas de atum por ano, de acordo com o sindicato da indústria de pesca, que devido ao tarifaço, considera o risco de embarcações sequer saírem para pescar.
“Só no setor da pesca de atum industrial, mais de 1.500 empregos serão perdidos. Fora todo um contexto desenvolvido por empresas que têm 30, 40 e 50 anos”, ressalta Arimar França Filho, presidente do Sindipesca-RN.
O governo do Rio Grande do Norte anunciou que empresas que exportam para os Estados Unidos vão ter um incentivo fiscal extra, proporcional ao quanto venderam para o mercado americano.
“A preocupação ela é real porque há uma perda estimada de US$ 70 milhões, US$ 100 milhões por ano. E essa realidade precisa ser revista”, conclui Roberto Serquiz, presidente da FIERN.