
Brinco-de-princesa é espécie indicada para se plantada em vasos suspensos.
Acervo EP
Trazer vida e embelezar o ambiente. Na grande maioria dos casos, esses são os dois principais objetivos das plantas ornamentais, cultivadas em jardins, varandas e espaços diversos em casas e apartamentos, bem como em parques e áreas verdes das cidades.
Mas além do viés do encantamento e o aspecto decorativo, algumas plantas podem trazer belas surpresas ao lugar onde estão presentes. Isso porque elas são um verdadeiro banquete para aves nectarívoras, como os beija-flores, e insetos, como abelhas e borboletas, por exemplo.
Mas será que toda planta ornamental atrai especificamente os colibris? Existem espécies que possuem um potencial maior? Em entrevista ao podcast ‘Sons da Terra’ a botânica Carol Ferreira explica que existe uma tendência a determinarmos padrões para as plantas e seus respectivos polinizadores. Na biologia o termo para isso é conhecido como ‘síndrome da polinização’.
Russélia é espécie pequena e delicada que apresenta a coloração vermelha e formato tubular.
Ananda Porto
“De uma maneira geral nós temos a tendência a traçar características para definir quais são os polinizadores. E assim falamos, por exemplo, que flores brancas, perfumadas e com bastante oferta de pólen tendem a atrair insetos. Já as flores tubulares, avermelhadas e chamativas que não possuem odor, atraem beija-flores, enquanto as espécies da flora que abrem durante a noite visam morcegos e mariposas. Mas isso não é uma regra. Na realidade, quando a gente faz observações mais profundas, é possível perceber que a dinâmica é diferente, não se restringe simplesmente a isso”, comenta.
Um estudo publicado no jornal científico Biotropica da ‘Association for Tropical Biology and Conservation (ATBC)’, menciona que a percepção dos polinizadores varia muito, e nesse sentido, já foi comprovado que os beija-flores podem perceber o vermelho muito melhor do que as abelhas.
Será então que investir nas flores vermelhas é o caminho? Arriscar no cultivo desta tonalidade seria uma boa opção sim. E o que não faltam são variedades. Espécies como russélia (Russelia equisetiformis), odontonema (Odontonema strictum) e ixora-rei (Ixora spp.) são ótimas opções para serem plantadas em canteiros ou áreas de muros baixos. Uma curiosidade é que elas florescem ao longo do ano e atingem em média 1 metro.
Lanterna-japonesa é conhecida também como sininho
Ananda Porto/TG
Ainda na paleta chamativa, porém com outras cores, é possível apostar em uma opção diferente, como a de vasos suspensos. Uma flor queridinha dos beija-flores, e que é muito utilizada para esse tipo de plantio é a brinco-de-princesa (Fuchsia magellanica). A beleza das suas flores pode ser contemplada geralmente entre as estações da primavera ao outono. Outra flor bonita e delicada, que também é indicada para uso em vasos suspenso, é a nativa lanterninha-japonesa (Abutilon megapotamicum).
Outra variedade que agrada muito aos colibris são os camarões, seja o amarelo (Pachystachys lutea) ou vermelho (Justicia brandegeana). Ambos podem ser cultivados em vasos, ou ainda como arbustos acompanhando muros e paredes. O colorido dessas plantas refere-se às folhas modificadas, pois a ‘verdadeira’ flor é esbranquiçada.
Camarão-vermelho possui folhas modificadas e colorido atrai espécies.
Ananda Porto
Para quem possui um ambiente com mais espaço é possível criar uma cerva-viva atrativa, as dicas são investir no malvavisco (Malvaviscus arboreus) e grevílea-anã (Grevillea bansksii).
Para finalizar, existem também opções que são ideais para serem plantadas em volta de árvores. É o caso da lantana (Lantana camara) e da penta (Pentas lanceolata). Ambas apresentam flores miúdas e coloridas, que embelezam e atraem as mais diferentes espécies para perto. A multiplicação dessas plantas pode ser feita por sementes e estacadas.
Lantana apresenta flores coloridas e também atraem borboletas
Ananda Porto/TG
Plantar vida e colher ainda mais. Essa é a proposta ao realizar o cultivo de plantas ornamentais em quintais, jardins e outros espaços.
*A sugestões presentes na reportagem foram baseadas em menções do livro “Aves Brasileiras e plantas que as atraem”, obra de Johan Dalgas Frisch e Christian Dalgas Frisch.
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