TikTok Shop, loja dentro da rede social, completa três meses com críticas: ‘Está parecendo camelô’


Ícone do TikTok Shop
Reprodução/TikTok Shop
Antes apenas uma rede social de vídeos curtos, o TikTok agora também é uma grande plataforma de vendas. A mudança criou mais uma fonte de renda para criadores de conteúdo, mas tem irritado muitos usuários.
Tudo acontece no TikTok Shop, lançado no Brasil há três meses. Ele permite comprar os mais diferentes produtos na própria rede social, sem precisar sair para fazer o pedido no site do vendedor.
Garrafinhas de água, lixeiras inteligentes, luzes de LED… os vendedores anunciam de tudo um pouco. Para comprar, é só inserir os dados após clicar no ícone do carrinho laranja que aparece junto ao vídeo.
Os produtos também podem ser promovidos em lives ou nas vitrines, onde marcas e criadores mostram suas recomendações. A cada venda, o influenciador ganha uma comissão, o que tem levado à criação de perfis dedicados ao anúncio de produtos.
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Isso faz usuários reclamarem da quantidade de vídeos de vendas e da diminuição do conteúdo orgânico, isto é, aquele de pessoas que realmente gostaram do produto que estão recomendando.
“Amava ver vídeos de comprinhas, mas agora é apenas sobre vender. Saudades de quando as redes sociais eram para socializar e não uma eterna 25 de março”, disse uma usuária do X, em referência à famosa rua de comércio popular em São Paulo.
Outras pessoas afirmam que “o TikTok está parecendo camelô” e reclamam que “todo vídeo agora é uma propaganda disfarçada tentando vender produto”.
Vídeos que promovem produtos no TikTok Shop
Reprodução/TikTok
Ao mesmo tempo, há usuários que gostam do espaço para compras, destacando os preços e a rapidez da entrega. “Estou viciada no TikTok Shop”, disse uma usuária.
A rede social não revela números sobre o TikTok Shop no Brasil, mas informou que ele movimentou US$ 100 milhões (cerca de R$ 540 milhões) apenas na Black Friday de 2024, quando o recurso ainda não tinha chegado ao país.
Para Davi Carneiro, professor de Ciências da Computação no Centro Universitário de João Pessoa, o TikTok Shop simplifica o processo de compra porque já tem muitos dados dos usuários. Mas, ao mesmo tempo, pode afastar quem só quer ver vídeos divertidos.
“Faz todo sentido esse investimento do TikTok no Brasil, mas ele requer uma análise de se isso é, de fato, o melhor caminho a ser seguido na perspectiva do usuário”, afirmou.
“Hoje, existem contas voltadas apenas para vendas. No mesmo aplicativo, os vídeos podem ser de entretenimento e de marketing. Isso é um problema grande porque o usuário não sabe mais o que você vai encontrar”.
Julia Affonseca, diretora de Negócios e Operações da Wake Creators, diz que a chegada de uma nova forma de monetização é positiva, mas exige adaptação para criadores de conteúdo, que passam a atuar como vendedores.
“Tem influenciadores que, até então, trabalhavam no formato de publi, permuta, afiliados. Quando entra um formato novo, tem um tempo de ajuste”, afirma.
“Não dá para fazer um infomercial [uma espécie de comercial de televisão] porque os seguidores não necessariamente vão entender como autêntico. Se não entendem como autêntico, a probabilidade de conversão [quantidade de vendas] reduz bastante”.
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Divulgação/TikTok
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