
Filhos descobrem que pai não os abandonou e ganham nova irmã 30 anos depois em Divinópolis; Na foto: Soraia, a irmã Michele, Marcus e Willian
Sorais Euzébia/Arquivo Pessoal
Por quase 30 anos, três irmãos de Divinópolis carregaram a dor da ausência paterna. Soraia Euzébia, Marcus Sallomé e Wilhan da Silva cresceram acreditando que haviam sido abandonados pelo pai, Geraldo Alves Pereira, que deixou a cidade de Cláudio rumo a Belo Horizonte após se separar da mãe deles.
Na época, os três eram apenas crianças, com idades entre dois e quatro anos, e a partida da figura paterna marcou profundamente suas vidas.
Mas o que parecia ser uma história de abandono acabou se transformando em uma verdade comovente. Uma investigação feita por um irmão por parte de mãe revelou que Geraldo nunca abandonou os filhos.
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O homem havia falecido pouco tempo após deixar a região Centro-Oeste de Minas, e os três irmãos não apenas descobriram a verdade sobre o pai, como também conheceram uma irmã que jamais souberam que existia.
“Carregamos essa dúvida e essa mágoa durante anos e anos, por pensar que tínhamos sido abandonados. Hoje, ao saber que ele faleceu, desejamos que ele esteja em um bom lugar. De nossa parte, está tudo perdoado”, disse.
Do sentimento de abandono à reviravolta familiar
Para os irmãos, o tempo não apagou a dor. Soraia contou que a falta de respostas alimentava um sentimento de abandono que se tornava cada vez mais difícil de suportar.
“Esse sentimento de abandono sempre esteve presente entre nós. Principalmente entre os meus dois irmãos. Eu ainda alimentava uma esperança. Já eles tinham convicção de que ele havia nos deixado e não nos procurava por vontade própria”, disse.
Marcus também carrega as marcas dessa história. Para ele, a dor da dúvida foi uma companheira constante, mas agora, com a revelação da verdade sobre o paradeiro do pai, as angústias dão lugar ao alívio e ao perdão.
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Investigação em busca da verdade
A reviravolta na vida da família Silva veio com a ajuda de Elias Antônio Santos, irmão por parte de mãe do trio. Querendo aliviar o sofrimento dos irmãos, ele iniciou uma investigação por conta própria.
Por meses, foi atrás de documentos e encontrou a certidão de óbito de Geraldo, descobrindo que ele não estava desaparecido. Ele morreu em um acidente de trânsito, vítima de um atropelamento.
Apesar da notícia dolorosa, os irmãos afiram que descobrir a verdade foi como terminar um quebra-cabeça.
“Foi como tirar um peso do peito. Aquela dor de desprezo virou tristeza, mas também alívio”, comentou Soraia.
A descoberta de uma nova irmã
Em Belo Horizonte, Geraldo havia se casado novamente e tido outra filha, Michele Antero de Pádua, que também cresceu tendo que lidar com a ausência do pai.
A descoberta veio após um contato com a viúva de Geraldo. No início, ela recebeu a história com desconfiança, mas, aos poucos, as peças começaram a se encaixar.
Com o tempo, ela acabou confirmando os laços e abriu espaço para que os irmãos finalmente se conhecessem.
Mesmo ausente, Geraldo Pereira acabou sendo o ponto de partida para uma conexão inesperada. Em maio deste ano, depois de muitas conversas por telefone e mensagens carregadas de emoção, o encontro aconteceu.
Michele viajou até Divinópolis para abraçar, pela primeira vez, os irmãos que a vida havia mantido distantes por tanto tempo.
“Foi incrível. Ela é parecida demais com todos nós. A conexão foi imediata. A sensação de vazio deu lugar à certeza de que meu pai não teve a chance de voltar. Ele não nos abandonou, ele morreu”, afirmou Soraia.
Para Michele, até então filha única, o momento foi igualmente surpreendente e significou o início de uma nova etapa em sua vida.
“Um dia, em uma confraternização da empresa do meu marido, alguém comentou sobre levar a irmã e eu pensei: ‘Não sei o que é ter um irmão’. Três dias depois, recebi a ligação dizendo que eu tinha, na verdade, três irmãos. Foi algo mágico, uma bênção mesmo”, finalizou a irmã.
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