MPT investiga exploração do trabalho infanto-juvenil em caso de Hytalo Santos


Justiça da Paraíba manda suspender perfis em redes sociais de influenciador Hytalo Santos
O Ministério Público do Trabalho (MPT) está apurando exploração do trabalho infantil na internet com relação ao caso Hytalo Santos. A informação foi divulgada na noite desta terça-feira (12), em um vídeo onde o procurador Flávio Gondim trouxe detalhes sobre a investigação.
O procurador Flávio Gondim detalhou que as investigações analisaram mais de 50 vídeos publicados nas redes sociais do influenciador e foram colhidos mais de 15 depoimentos de pessoas envolvidas na produção desses conteúdos.
“Foram analisados, de maneira muito criteriosa, mais de 50 conteúdos, 50 vídeos veiculados nas diversas redes sociais mantidas por Hytalo Santos, foram colhidos mais de 15 depoimentos de pessoas vinculadas ao projeto de produção de conteúdo digital, incluindo pessoas que trabalharam para ele em diversos momentos, foram analisados diversos documentos.”
Ministério Público do Trabalho da 5ª região em João Pessoa
Gabriel Costa/G1
Ainda de acordo com o procurador Flávio Gondim, desde 2024, o MPT vem recebendo denúncias de exploração de mão de obra infanto-juvenil relacionadas a Hytalo Santos.
Desde a sexta-feira (8), a conta do influenciador no Instagram está fora do ar, após o humorista Felca ter denunciado suposta exploração de menores de idade feita pelo paraibano.
Vizinhos denunciaram festas
Menores de idade faziam topless e participavam de festas com bebidas alcoólicas em um condomínio onde reside o influenciador paraibano Hytalo Santos para criação de conteúdos nas redes sociais, na cidade de Bayeux, Região Metropolitana de João Pessoa, de acordo com o Ministério Público da Paraíba (MPPB). O influenciador é investigado pela exposição desses menores nas plataformas digitais.
A promotora Ana Maria França, uma das responsáveis pelo inquérito, disse que vizinhos de condomínio de Hytalo Santos fizeram as denúncias sobre esses episódios e, a partir disso, o MP começou as investigações no final de 2024.
“Até tarde da noite havia muitos eventos atrapalhando o sono dos condôminos, transitar dentro do condomínio com adolescentes fazendo topless na moto para exibir tatuagem nas costas, festas regadas com bebidas alcoólicas, então foi a partir daí que começou nossa apuração”, disse a promotora.
A Justiça atendeu nesta terça-feira (12) o pedido do MP e mandou bloquear as contas de Hytalo Santos nas redes sociais, além de proibi-lo de ter contato com os adolescentes citados nas investigações. A promotora Ana Maria França assinou uma ação civil pública para pedir a Justiça o bloqueio das contas de Hytalo Santos nas redes sociais.
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Justiça determina que conteúdos de Hytalo Santos sejam desmonetizados
Os conteúdos postados por Hytalo nas redes sociais devem ser desmonetizado, ou seja, não podem gerar dinheiro para o influenciador, segundo a decisão judicial desta terça.
Para o g1, o MP confirmou que Hytalo Santos foi ouvido, em Bayeux, em 30 de maio de 2025. As vítimas, “por questões de evitar revitimização”, não foram ouvidas, porque já tinham sido interrogadas em outro processo do Ministério Público em João Pessoa que também trata da exposição de menores.
O promotor João Arlindo, da promotoria da capital, disse que o influenciador também foi ouvido no outro braço do processo e que ele negou as acusações.
Ainda conforme o MP, o órgão não foi responsável inicial pela suspensão da conta do influenciador, mas, após o ocorrido, solicitou que a medida fosse mantida e ampliada para outras redes sociais.
O g1 entrou em contato com a Meta, empresa responsável pelo Instagram, e questionou sobre a decisão judicial. A empresa ainda não respondeu até a última atualização dessa matéria.
A reportagem também entrou em contato com o Google, dono do YouTube, que informou por meio de assessoria que a empresa não foi intimada sobre a decisão, mas já vem tomando uma série de medidas relacionadas ao canal do influenciador, entre elas a desmonetização total dos vídeos e também remoção de conteúdos específicos que feriram as diretrizes da plataforma. Os vídeos do canal de Hytalo no YouTube atualmente são restritos para maiores de idade.
O TikTok informou, em nota, que um perfil do influenciador foi banido em 2025 pela segunda vez, já que em 2023 uma outra conta foi retirada do ar. A empresa não forneceu mais detalhes.
A reportagem entrou em contato com a defesa de Hytalo Santos, que não respondeu até a última atualização dessa reportagem.
Infográfico – Entenda o debate sobre ‘adultização’ que viralizou nas redes envolvendo Felca e Hytalo.
Arte/g1
A conta de Kamylinha Santos, de 17 anos, que participa dos vídeos do Hytalo Santos, também foi desativada, segundo a Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA) do Ministério da Fazenda. Em nota, a secretaria informou que o motivo do bloqueio foi por se tratar de uma menor de idade fazendo publicidade de casas de aposta.
No vídeo da denúncia do influenciador Felca, ela aparece como um dos principais exemplos de adultização e sexualização de menores. A influenciadora começou a gravar com Hytalo Santos vídeos de dança quando ainda era criança e foi adotada por ele aos 12 anos.
Influenciador dava celulares e pagava aluguel de casas, diz MP
Influenciador Hytalo Santos pode perder acesso à todas as redes sociais e não ter contato com menores citados nas investigações de exposição de adolescentes
Redes Sociais
O influenciador paraibano Hytalo Santos dava celulares, pagava aluguel de casas e também a mensalidade de colégios para familiares de menores que apareciam em ‘reality’ nas redes sociais.
Ao g1, um dos promotores do caso, João Arlindo Côrrea, informou que o MP investiga um possível esquema de benefícios para familiares dos menores em troca de emancipação dos adolescentes que participavam desses vídeos. Essa possibilidade foi levantada a partir de depoimentos durante o processo.
“O que ele fazia não necessariamente era em relação à criança. ‘Olha, o senhor emancipa o adolescente que eu vou custear o colégio da pessoa, etc’, não. Mas, por exemplo, há informes de que ele dava iPhones, alugava casa (para os familiares)…”, ressaltou.
O promotor explicou também que a investigação tenta descobrir se existe alguma relação entre os “presentes” e o fato de alguns adolescentes terem conseguido a emancipação para aparecer nos vídeos. Mas, segundo ele, fazer essa conexão é “difícil”, principalmente devido à anuência dos responsáveis.
Conforme o promotor, cerca de 17 adolescentes menores de idade participam desses vídeos produzidos por Hytalo Santos. O promotor disse que conseguiu ouvir grande parte deles durante o processo e que os ouvidos eram todos emancipados.
O MP também investiga os pais dos adolescentes que apareciam nos vídeos de Hytalo Santos. Segundo a promotoria, os responsáveis podem ter se omitido na proteção dos filhos, o que, caso as denúncias sejam confirmadas, pode configurar responsabilidade pela exposição indevida e pelos danos causados aos menores.
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