
Presidente Lula inaugura fábrica de hemoderivados da Hemobrás, em Goiana, Pernambuco
Reprodução/TV Globo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) inaugurou, nesta quinta-feira (14), a fábrica de hemoderivados da Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás), em Goiana, na Zona da Mata de Pernambuco. A inauguração finaliza uma sequência de 15 anos em que a unidade esteve em obras, que inicialmente eram previstas para terminar em 2016.
Foram inaugurados os blocos B02 e B03 da fábrica. Eles fazem, respectivamente, processos de fracionamento de plasma, do preparo e de envase dos medicamentos. Apesar de não haver mais obras previstas para os blocos técnicos da Hemobrás, a produção só deve começar no próximo ano, porque toda a tecnologia precisa ser validada por meio de testes e certificações.
De acordo com o governo federal, foram investidos R$ 1,9 bilhão na construção da Hemobrás, com o objetivo de produzir, a partir do plasma humano excedente em 72 hemocentros públicos e serviços de hemoterapia em todo o país, medicamentos e substâncias de alto custo, como albumina, imunoglobulina e Fatores de Coagulação VIII e IX.
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Eles são fornecidos de graça pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e usados no tratamento diversos tipos de doenças, de queimados graves, pacientes de UTIs, hemofilias, doenças raras e em grandes cirurgias.
Hoje, esses medicamentos, que têm alto custo, são produzidos por meio de envio de material para processamento no exterior. Com a inauguração da fábrica, a partir de 2026, a fábrica vai passar a fazer o fracionamento do plasma e a maior parte dos insumos será produzida pelo país. Em 2027, a previsão é de que o Brasil se torne autossuficiente na produção desses insumos.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse que a inauguração da Hemobrás se soma a esforços para garantir a soberania brasileira perante mercados internacionais.
“Significa produção de medicamentos para o povo brasileiro, pelo SUS, sem as pessoas terem que pagar por esse medicamento. É a gente ficar livre, às vezes, de cartéis internacionais que existiam na comercialização dos hemoderivados, e soberania, porque está atraindo o conhecimento, formando profissionais aqui, gerando conhecimento e tecnologia para dar novos saltos”.
Na mesma linha, a presidente da Hemobrás, Ana Paula Menezes, disse que a planta de hemoderivados é uma fábrica não só de medicamentos, mas de cidadania. “É um projeto de cidadania porque esse plasma é doado voluntariamente pela população, e ele volta para a população brasileira como medicamentos.”
O que aconteceu com a fábrica da Hemobrás
A Hemobrás é uma empresa estatal vinculada ao Ministério da Saúde, com sede em Goiana, na Zona da Mata Norte de Pernambuco, a 63 quilômetros do Recife.
Foi criada em 2005 com o objetivo de reduzir a dependência do Brasil em relação ao mercado externo no setor de hemoderivados — medicamentos que têm como matéria-prima o plasma humano, um dos componentes do sangue.
Com a fabricação dos hemoderivados, a expectativa é que o país seja capaz de produzir por conta própria medicamentos que hoje são importados para serem distribuídos no SUS, tornando as medicações mais acessíveis para a população.
O primeiro módulo da fábrica da Hemobrás entrou em operação em setembro de 2012, dois anos depois do início das obras, na cidade de Goiana, a 63 quilômetros do Recife. O projeto prevê, ao todo, 19 blocos, distribuídos numa área de 48 mil metros quadrados.
A construção foi interrompida em 2016 — ano em que a unidade deveria ter ficado pronta — após o Tribunal de Contas da União (TCU) encontrar irregularidades no contrato com a empreiteira responsável pelas obras, cancelando o contrato. A investigação começou em 2015, como parte de operação da Polícia Federal (PF).
Na época, agentes da PF flagraram maços de dinheiro sendo arremessados de uma das janelas do prédio onde morava o então diretor-presidente da Hemobrás, Rômulo Maciel Filho, no Recife.
A diretoria da Hemobrás foi afastada por determinação da Justiça, após recomendação do Ministério Público Federal (MPF).
Em setembro de 2022, a Justiça Federal condenou três réus por envolvimento em fraudes na construção da fábrica.
Entre os condenados, estão dois ex-funcionários da Hemobrás e um representante da construtora Concremat Engenharia e Tecnologia S/A.
Segundo a Justiça, os três “agiram em conluio” na licitação para favorecer a construtora e desviar recursos públicos, incluindo no projeto e no edital para a contratação da empresa “cláusulas excessiva e injustificadamente restritivas”.
Em 2024, o presidente Lula foi a Goiana para inaugurar fábrica de Fator VIII Recombinante, que era uma das duas unidades que faltavam para que a estrutura ficasse pronta completamente.
Agenda de Lula no Recife
Além da inauguração de fábrica de hemoderivados em Goiana, o presidente tem outras duas agendas, no Recife.
Às 16h, o presidente Lula e o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, visitam o Hospital Ariano Suassuna Hapvida, no bairro da Ilha do Leite, no Centro do Recife, para acompanhar o início dos atendimentos especializados ofertados pelos planos de saúde a pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). A iniciativa integra uma série de ações do programa Agora Tem Especialistas, que busca reduzir a fila de espera por consultas com especialistas no SUS.
Também à tarde, às 17h, o presidente vai para a Zona Sul do Recife. Ele participa da entrega de 599 títulos de regularização fundiária de interesse social da comunidade de Brasília Teimosa, em parceria com a prefeitura do Recife.
Nessa primeira etapa de entrega de títulos, é contemplada uma área de aproximadamente 80 mil m² na comunidade, avaliada em mais de R$ 3,8 milhões. Brasília Teimosa faz parte do Acordo de Cooperação Técnica, firmado entre o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos e a prefeitura da capital.
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