
Delegados conversam após as negociações sobre um tratado global de combate à poluição por plásticos serem estendidas por mais um dia, na noite de 14 de agosto de 2025, em Genebra.
Foto de Fabrice COFFRINI / AFP
As negociações para a criação de um tratado histórico de combate à poluição por plásticos terminaram nesta sexta-feira (15) sem consenso sobre uma proposta de última hora destinada a romper o impasse.
Negociadores de 185 países trabalharam durante a noite na tentativa de encontrar um terreno comum entre as nações que defendiam ações ousadas — como a redução da produção de plástico — e os Estados produtores de petróleo, que queriam que qualquer tratado tivesse um foco mais restrito na gestão de resíduos.
Mas as conversas na sede das Nações Unidas em Genebra, iniciadas em 5 de agosto, terminaram sem acordo, apesar de terem se estendido além do prazo final de quinta-feira.
Após uma sessão de negociações a portas fechadas ser encerrada, os países se reuniram no salão principal da Assembleia do Palais des Nations da ONU para refletir sobre o impasse e considerar os próximos passos.
“Não teremos um tratado para acabar com a poluição plástica aqui em Genebra”, disse o negociador da Noruega, enquanto representantes tomavam a palavra após a maratona de conversas.
“Perdemos uma oportunidade histórica, mas precisamos continuar e agir com urgência. O planeta e as gerações presentes e futuras precisam deste tratado”, afirmou Cuba.
Palau, falando em nome de 39 pequenos Estados insulares em desenvolvimento (SIDS), expressou frustração por investir repetidamente recursos e pessoal nessas negociações e “voltar repetidamente para casa com progresso insuficiente para mostrar ao nosso povo”.
“É injusto que os SIDS enfrentem o peso de mais uma crise ambiental global para a qual contribuímos minimamente.”
A Coalizão de Alta Ambição, que inclui a União Europeia, Reino Unido, Canadá e muitos países africanos e latino-americanos, queria incluir no texto medidas para reduzir a produção de plástico e eliminar gradualmente substâncias químicas tóxicas usadas em plásticos.
Um grupo de países, em sua maioria produtores de petróleo, que se autodenomina Grupo de Afinidade, incluindo Arábia Saudita, Kuwait, Rússia, Irã e Malásia, defende que o tratado tenha um escopo muito mais restrito.
“Nossas opiniões não foram refletidas… sem um escopo acordado, este processo não pode permanecer no caminho certo e corre o risco de escorregar por uma ladeira perigosa”, disse o Kuwait.
Mais de 400 milhões de toneladas de plástico são produzidas globalmente a cada ano, metade para itens descartáveis.
Embora 15% dos resíduos plásticos sejam coletados para reciclagem, apenas 9% acabam realmente sendo reciclados.
Quase metade, ou 46%, vai parar em aterros sanitários, enquanto 17% é incinerada e 22% é descartada de forma incorreta, transformando-se em lixo.
COP30 – Quais doenças podem crescer com o aquecimento global?