[VÍDEO: começo da entrevista aqui]
A Tribo da Periferia é uma das principais atrações do Festival Tribolou Legends, que acontece neste sábado (16), em Brasília. 🎵🎤
Para a dupla, Duckjay e Look, este não é apenas mais um show – é o “dia de contar história de cima do palco”. A apresentação no Estádio Mané Garrincha vai reunir sucessos atuais e clássicos em uma celebração única para os fãs brasilienses.
“Tocar aqui em Brasília é sempre diferenciado, sempre único. A galera responde bastante. É muito emocionante”, diz Look, membro da Tribo.
Em uma conversa exclusiva com a TV Globo e o g1, Luiz Fernando Correia da Silva, o Duckjay, e Nelcivando Lustosa Rodrigues, o Look, abriram os corações e falaram sobre carreira, família e futuro.
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A história do grupo começou em 1998, na periferia de Planaltina, no Distrito Federal, com Duck no comando. Em 2016 chegou o Look e, desde então, a Tribo vem conquistando espaço e fãs de todo o país.
Vinte e sete anos depois, os números comprovam o sucesso: 3,6 bilhões de visualizações no YouTube, mais de 1 bilhão de streams no Spotify e 2,3 milhões de seguidores no Instagram.
De Planaltina para todo o Brasil
Tribo da Periferia fala sobre infância e raízes em Planaltina, no DF.
Apesar dos quase 30 anos de carreira, Duckjay e Look ainda são jovens: 43 e 45 anos, respectivamente. Os dois conheceram a música ainda na adolescência e hoje são referência, principalmente para quem vive onde eles cresceram.
E o sucesso não apagou as raízes: Planaltina ainda é sinônimo de lar para eles.
“É muito bom poder voltar e voltar bem, né? Voltar como exemplo. Acho que isso é o mais gratificante. Não voltar como um derrotado, mas como alguém que não deu certo”, diz Look.
Duckjay compartilha da mesma visão e afirma que a trajetória da dupla serve como inspiração para quem enfrenta desafios. “Nós viemos de uma classe muito pobre, então eu acho que hoje somos uma referência para mostrar que não precisa desistir, você pode conseguir”, afirma.
‘A música me deu voz’, diz Duckjay
Duckjay conta comenta sobre gagueira e diz que encontrou voz no rap.
A música, para Duckjay, teve um papel ainda mais profundo. Durante a entrevista, ele contou que sempre foi gago e que o rap o ajudou a ter mais confiança e transmitir a mensagem que queria.
“A música me deu voz e eu comecei a falar através dela […] Com 14 anos, eu não me comunicava. Eu batia em mim, não conseguia falar de jeito nenhum”, disse.
Com o tempo, a música trouxe segurança e liberdade para se expressar, fortalecendo a própria autoestima. O cantor cresceu em um loteamento no Jardim Roriz, em Planaltina, para onde se mudou com a família em 1989.
Hoje, casado e pai de três filhos, Duckjay vê na família sua principal motivação.
“Os filhos são combustível, são o que te coloca na direção. Você começa a fechar os olhos para várias coisas e focar mais no crescimento da família, no seu crescimento, no de quem está à sua volta”, diz.
Look: ‘me apaixonei pelo ritmo’
Look fala sobre infância e paixão pelo rap.
Look também é filho de Planaltina. Criado pelos avós, já que a mãe não tinha condições de cuidar dele, precisou contribuir para o sustento da casa desde cedo.
“Eu perdi meu avô muito cedo, com 10/11 anos. Mas não fui menino de vó não, tive que ir para o mundo, tive que ir para a rua […] Fui criado na periferia, no meio disso tudo, dessa violência toda, que era muito forte naquela época. Conheci a música muito novo, me apaixonei pelo ritmo, pelo rap e fui batalhando”, relembra Look.
Essa paixão pela música uniu ainda mais a dupla e os motivou a criar canções que retratam a realidade das periferias de Brasília. Agora, aos 27 anos de carreira, subir aos palcos ainda emociona o rapper.
“Não tem como se acostumar. Como a gente veio de baixo, quando vemos as pessoas cantando e até chorando emocionadas, não tem como não se emocionar também”, afirma.
Letras que falam da vida real
Duckjay (à esquerda) e Look (à direita) da Tribo da Periferia.
TV Globo/Reprodução
As composições da Tribo da Periferia são um reflexo direto das experiências vividas pelos integrantes. O repertório da dupla mistura temas como o cotidiano, a busca por sonhos, as dificuldades financeiras, a violência, o amor e a superação.
Duckjay e Look explicam que não escrevem apenas suas próprias histórias, mas também as de amigos, vizinhos e pessoas que observam ao redor.
Essa conexão com a realidade torna a música do grupo verdadeira e próxima do público, que se identifica facilmente com as mensagens.
“A identificação aparece quando as pessoas entendem a música. Elas não estão ali só para dançar, gritar ou pular. As pessoas cantam junto, fecham os olhos e viajam naquela atmosfera. Então, a comunicação é muito real. Até porque a letra é real”, conta Duckjay.
Resiliência
Para Duckjay e Look, ‘Imprevisível’ e ‘Resiliência’ são músicas que revelam essência da Tribo
“Pois quem dorme, sonha; quem vive, realiza; e eu elevo o nível do imprevisível” trecho da música Imprevisível – Tribo da Periferia.
O g1 perguntou qual música definiria a essência da Tribo da Periferia. Responder não foi fácil, mas na conversa surgiram dois nomes: Imprevisível e Resiliência.
Em Imprevisível, Duckjay e Look falam sobre “quebrar estatísticas” e a realização de sonhos. Já em Resiliência, a reflexão é sobre colher os frutos do trabalho de toda uma vida.
“Ninguém nasceu no topo da montanha e a escalada sempre vai ser árdua. Só aquele que resistir ao processo vai ter direito à vista mais fantástica”, diz a letra de Resiliência.
O caminho até hoje não foi fácil. Eles enfrentaram portas fechadas, falta de reconhecimento financeiro e preconceito dentro do cenário do rap nacional.
Mas a resposta sempre veio através da música, que, com verdade e autenticidade, encontrou espaço e um público fiel. E não são apenas números que impressionam, mas o impacto real da arte na vida de quem escuta.
“A recompensa não é vender a arte. É ser reconhecido. Ter as pessoas dizendo que essa música as ajudou a sair da depressão”, afirma Duckjay.
Festival Tribolou Legends
O Festival Tribolou Legends acontece no sábado (16) na Arena BRB Mané Garrincha, em Brasília. Além da Tribo da Periferia, o evento contará com Filipe Ret, MC Hariel e Matuê.
📅 Data: 16 de agosto de 2025 – sábado
📍 Local: Arena BRB Mané Garrincha, Brasília–DF
⏰ Horário: a partir das 19h
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