
Brasileiro vendeu açaí na COP 28 em Dubai.
O açaí, assim como outros alimentos típicos da culinária paraense, foi proibido de ser comercializado dentro das áreas oficiais da Conferência das Partes, a COP 30, que vai ocorrer em Belém em novembro. Mas o produto como sorvete foi permitido e vendido dentro da COP 28, em Dubai, em 2023.
Em entrevista ao g1, o empresário brasileiro Márcio Saboya, que atua com a venda do sorvete de açaí no Oriente Médio há 10 anos, disse que foi convidado pela própria organização da área de alimentação da COP 28 para levar o produto ao evento. Na época, o governador Helder Barbalho chegou a provar o sorvete vendido por Márcio em um dos quiosques na Green Zone da Conferência — veja no vídeo acima.
“Fomos chamados, mas tivemos que passar pelo processo de inscrição para sermos aprovados. Aqui não tinha nada com o açaí. Fomos convidados por sermos uma marca famosa no país; açaí é considerado saudável e bom pro calor”, contou Márcio, que teve o único quiosque do produto na COP daquele ano.
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Márcio destacou que a colheita do fruto é feita no município de Igarapé-Miri e a verticalização do produto é em Castanhal, no nordeste do Pará. A produção segue cadeia rastreável e sustentável.
A partir de Castanhal, o sorvete é exportado para países do Oriente Médio e vendido para outras empresas ou diretamente ao consumidor final, já com todas as certificações internacionais necessárias.
O Brasil é responsável por cerca de 90% da produção mundial de açaí, sendo o Pará o estado com maior produção. A média anual de produção no estado ultrapassa 1,7 milhão de toneladas do fruto, segundo o governo estadual.
Sorveteria de açaí ficou na Green Zone da COP 28, em Dubai.
Arquivo pessoal / Márcio Saboya
Alimentação na COP 30
O edital para selecionar operadores de quiosques e restaurantes dentro da Blue Zone, de acesso restrito, e da Green Zone, de acesso à sociedade civil na COP 30 em Belém foi publicado pela Organização dos Estado Íbero-Americanos (OEI).
Os interessados em operar nos 87 estabelecimentos (50 estarão na Blue Zone e 37 na Green Zone) tem até às 10h do dia 25 de agosto para o envio.
No documento, constam os ingredientes e preparos autorizados e proibidos para serem comercializados dentro do evento. O tucupi (caldo feito a partir da mandioca), a maniçoba (prato feito à base da maniva, a folha da mandioca) e todos os tipos de açaí foram barrados e classificados como alimentos com alto risco de contaminação.
A tabela de proibições ainda inclui:
sucos de fruta in natura,
maionese e molhos caseiros,
bebidas abertas e sem nota fiscal,
leite cru e derivados não pasteurizados,
doces caseiros com cremes ou ovos sem refrigeração,
gelo artesanal ou não industrializado,
alimentos preparados com antecedência e fora de refrigeração,
e produtos artesanais sem rotulagem e registro sanitário.
Apesar das proibições a ingredientes da base alimentar paraense, o edital pontuou que os restaurantes e quiosques precisam incluir até 30% de ingredientes locais ou sazonais nos cardápios, priorizando alimentos orgânicos e produzidos de forma agrícola sustentável.
O g1 questionou a OEI se ingredientes da culinária amazônica poderão ser incluídos em receitas e produtos a serem comercializados dentro do evento, mas ainda não havia obtido retorno até a publicação desta reportagem.
Medida de segurança
O engenheiro de alimentos e professor da Universidade do Estado do Pará (UEPA), Diego Aires, explicou que restrição se caracteriza como medida de segurança sanitária baseada em protocolos internacionais, adotada para grandes eventos.
“No caso do açaí, o principal risco é a contaminação pelo protozoário causador da doença de Chagas, controlada no Pará pelo branqueamento do fruto, processo eficaz, mas nem sempre seguido de forma padronizada. Como não é possível certificar toda a cadeia produtiva em um evento internacional, os organizadores optam por limitar o consumo desse produto”, detalhou Diego.
Além disso, o engenheiro também confirmou que o açaí pasteurizado, processo mais longo de esterilização e muito utilizado na indústria do açaí, não oferece nenhum risco à saúde.
Em Belém, a prefeitura municipal iniciou um mapeamento dos pontos de venda de açaí na capital paraense.
Mapeamento de pontos de venda de açaí será realizado em Belém
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