Maior onda já surfada no Brasil: como montanha submersa gera ondas gigantes na ‘Nazaré brasileira’


Como é a Laje de Jagua, onde a maior onda já surfada no Brasil foi registrada
A Laje da Jagua, formação rochosa submersa a 5,3 km da costa de Jaguaruna (SC), deixou de ser ameaça para navegadores e virou destino de surfistas em busca de ondas gigantes. Em julho, o ex-BBB Lucas Chumbo surfou ali a maior onda já registrada no Brasil: 14,82 metros, segundo a Big Waves Brasil.
Famosa pelas ondas gigantes, Jaguaruna busca reconhecimento como a “Capital Nacional da Maior Onda do Brasil”. Há, inclusive, um projeto de lei que tramita na Câmara de Deputados.
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Em busca das ondas gigantes, surfistas especializados, os chamados “big riders”, precisam atravessar 5 km de mar aberto em moto aquática, enfrentando arrebentações fortes. Lá, ondas com mais de 10 metros surgem devido a uma montanha submersa, explica o oceanógrafo Douglas Nemes. (entenda no infográfico abaixo)
Como surgem as super ondas em praia de SC
Arte g1
O atleta Lucas Chumbo, hexacampeão do Desafio Gigantes de Nazaré, estava na Bahia quando soube da previsão de ondas gigantes em Jaguaruna. Ele interrompeu a viagem, dirigiu por 22 horas até o Rio e embarcou para Santa Catarina.
“Quando a gente chegou na Laje, foi uma das maiores ondas que eu já vi na minha vida. Assim que a gente chegou, logo de manhã, o mar já estava gigantesco. Muito vento, e só me lembrava Nazaré, uma mini Nazaré no Brasil”, disse ao g1.
A expedição para chegar até a região sai da Praia da Jagua e é coordenada por Thiago Jacaré, idealizador da Big Waves Brasil (BWB), entidade responsável pelo levantamento da maior onda do país.
“Geralmente, os dias em que a gente vai para lá é quando dá uma baixada no vento e o céu ainda está grande. A gente sai da Praia da Jagua, na reta, passa a arrebentação, que é bem difícil, e faz esse translado de 5 km até chegar no pico. A gente evita em dias de chuva, porque fica com uma nebulosidade. O lugar é longe, pode não conseguir depois achar de volta”, comenta Jacaré.
🏄‍♀️ O fenômeno que acontece Jaguaruna é o mesmo de Nazaré, em Portugal, e Teahupoo, no Tahiti: o empinamento, ou “shoaling”, quando uma onda que se formou em águas profundas se aproxima de águas mais rasas.
A super onda de 14,82 metros surfada por Lucas Chumbo foi impulsionada pela passagem de um ciclone extratropical na costa brasileira. O fenômeno deixou o mar ainda maior e mais agitado. O surfista Marco Polo também aproveitou as condições extremas naquele dia. (entenda abaixo como foi feito o cálculo)
Inteligência artificial ajudou a identificar onda mais alta já vencida por um surfista no Brasil
A maior onda já surfada no Brasil
Arte g1
🌊 A descoberta da Laje
A Laje da Jagua foi descoberta em 2003 pelos surfistas Zeca Scheffer e Rodrigo Resende. Desde então, virou referência no surfe de ondas grandes no Brasil, atraindo atletas experientes e sediando competições.
Lucas Chumbo surfou na Laje da Jagua, conhecida como Nazaré brasileira, em 30 de julho
Gabriel Gomes
Além do surfe, a Laje da Jagua tem histórico de naufrágios. Segundo o historiador e arqueólogo Alexandro Demathe, cerca de 72 embarcações afundaram na região do Cabo de Santa Marta, principalmente nos séculos XIX e XX, por causa das rotas comerciais.
Demathe aponta os ventos fortes de leste, conhecidos como “lestada”, e falhas mecânicas como principais causas dos acidentes. A Laje também contribuiu diretamente para alguns naufrágios, como o de 14 de julho de 1839.
Na tragédia de 1839, um navio com 30 pessoas virou perto da Laje, ao sul do Cabo de Santa Marta, provavelmente devido a uma grande onda da Laje. Apenas alguns tripulantes conseguiram nadar até a praia de Campo Bom, em Jaguaruna.
“A construção do Farol de Santa Marta, no início dos 1900, veio para ajudar nessa navegação. Na face sul do refletor do farol existe uma faixa vermelha que, quando a luz passa por ela, indica a direção correta da laje, indicando e alertando para os perigo para a navegação”.
Veja fotos dos naufrágios em Jaguaruna
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