
Alenilson e Eduardo no palco em suas apresentações
Arquivo Pessoal
Nesta terça feira (19) é comemorado o dia do Artista de Teatro. Para celebrar essa data, os artistas da região: Alenilson Ribeiro e Eduardo Sousa Rodrigues, contaram ao g1 sobre suas experiências e visões sobre essa arte tão importante.
Professor Alenilson Ribeiro conta que seu caminho no teatro começou em 1988, quando ingressou no Grupo Teatral José de Anchieta (Gruteja). Desde então, ajudou a criar a Mostra de Teatro de Santarém, hoje conhecida como Mostra do Tapajós, participou da fundação da Associação de Teatro de Santarém (ATAS) e, em 2018, contribuiu para a formação do Espaço Cultural Kauré.
O artista recorda que antes mesmo de atuar já se encantava com as manifestações populares, como as encenações da Paixão de Cristo e os cordões de pássaro, e afirma que Santarém, no oeste do Pará, carrega uma tradição teatral desde o século XIX, na qual inscreve sua trajetória.
✅ Clique aqui e siga o canal g1 Santarém e Região no WhatsApp
Já Eduardo Sousa Rodrigues, de 27 anos, estudante de Engenharia Florestal na Ufopa, encontrou no teatro o espaço para sua expressão em 2018, a partir do projeto Teatro Iurupari. Começou em oficinas e no núcleo de contação de histórias, experiência que o levou a se tornar monitor e multiplicador dessas práticas. “Hoje me vejo mais como contador de histórias e oficineiro do que como ator, porque minha formação é essencialmente prática”, explicou.
Ao recordar os primeiros passos, Alenilson cita a peça da Independência na escola, onde interpretou Dom Pedro I, incentivado pela professora Sônia Amazonas. A experiência o fez perceber o poder transformador da arte na educação. Eduardo, por sua vez, não aponta um episódio único, mas afirma que sempre que assiste a espetáculos profissionais presenciais, renova seu encantamento pela potência e humildade que o teatro exige.
Contribuição da arte
Os dois artistas também destacam as mudanças que o teatro trouxe em suas vidas. Alenilson afirma que a arte influencia diretamente sua atuação como professor de História, trazendo criatividade, disciplina e ferramentas que tornam o aprendizado mais rico e dinâmico. Já Eduardo relata que o teatro o transformou como pessoa, permitindo olhar para si e para o outro de maneira mais crítica e reflexiva, o que também impactou sua própria formação acadêmica.
Quando falam sobre os desafios de fazer teatro no Brasil, Alenilson aponta a falta de valorização financeira e de políticas públicas consistentes. Para ele, o teatro precisa de investimentos, patrocínios, leis de incentivo e público que apoie os artistas locais. Ele defende que a cultura deve caminhar junto da educação, do turismo e da assistência social para fortalecer a cena regional. Eduardo reforça outra dificuldade: o acesso. Ele considera “desesperador” que muitas pessoas ainda não tenham oportunidade de assistir a espetáculos, e que o teatro, por sua vez, nem sempre chegue a esses públicos.
Resistência e libertação
Na visão de Alenilson, o teatro tem a capacidade de valorizar identidade, ancestralidade e tradições, funcionando até como um espaço de cura simbólica. Eduardo complementa afirmando que a arte, mais do que ensinar, é um veículo de trocas, onde todos aprendem uns com os outros.
Para celebrar o Dia do Artista de Teatro, os dois artistas deixam mensagens inspiradoras. Alenilson ressalta que fazer teatro na região é também um ato de resistência, lembrando que não apenas os atores, mas todos nos bastidores constroem a magia da cena. Já Eduardo recorre às palavras de Augusto Boal, ao lembrar que o teatro pode ser arma de dominação ou de libertação, e de Fernanda Montenegro, para quem só deve seguir nesse caminho quem não consegue viver sem ele. “Fazer teatro exige coragem, e é isso que nos move”, resumiu.
Alenilson fala um pouco sobre a data e faz um convite a quem estiver interessado na àrea
VÍDEOS: Mais vistos do g1 Santarém e Região