
Prédios da Avenida Brigadeiro Faria Lima, na Zona Sul de São Paulo, onde o metro quadrado é cobiçado pelas construtoras
Reprodução/TV Globo
A Prefeitura de São Paulo arrecadou R$ 1,668 bilhão no leilão de títulos imobiliários da Operação Urbana Consorciada Faria Lima realizado na terça-feira (19). O valor é menor do que a expectativa inicial da gestão municipal, que esperava chegar perto de R$ 3 bilhões, mas ainda assim representa a maior arrecadação da história das Operações Urbanas Consorciadas da capital.
Apesar de ter vendido apenas 57,6% dos Certificados de Potencial Adicional de Construção (Cepacs) ofertados, sem ágio sobre o preço mínimo de R$ 17,6 mil por metro quadrado, o resultado foi comemorado pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB), que destacou o caráter social da operação.
Mas por que esses títulos são importantes? Confira a seguir:
O que são os Cepacs
SP2 explica o que é a Operação Urbana Faria Lima; leilão nesta terça pode arrecadar R$ 3 bilhões
Os Cepacs são uma contrapartida. São títulos imobiliários que permitem a construtoras e proprietários construírem acima do limite estabelecido pela lei de zoneamento em áreas específicas da cidade. Em troca, a prefeitura arrecada recursos que devem ser aplicados em obras de infraestrutura, habitação popular, transporte público e melhorias urbanas.
Na prática, isso significa que cada prédio novo erguido com potencial construtivo maior na região da Avenida Faria Lima ajuda a financiar projetos que beneficiam toda a cidade — inclusive em áreas periféricas.
Para onde vai o dinheiro arrecadado
Entenda o novo leilão da Operação Urbana Faria Lima, na Zona Sul de São Paulo. — Foto: G1 Design
Arte/g1 Design
Segundo a prefeitura, entre 60% e 70% dos recursos do leilão serão direcionados para intervenções em Paraisópolis, na Zona Sul, como a abertura de uma avenida, obras de saneamento, construção de moradias populares para 3 mil famílias e extensão da Avenida Hebe Camargo até a estação Morumbi da LInha 5-Lilás do metrô.
O restante será aplicado em obras na própria região da Faria Lima, entre elas:
Prolongamento da avenida até a Bandeirantes (projeto não iniciado ainda);
Requalificação do Largo da Batata (obras em andamento);
Implantação de hidrovia no Rio Pinheiros e compra de embarcações (em estudo);
Melhorias das ciclovias da Faria Lima (licitação de obra em andamento);
Apoio ao transporte público, incluindo recursos para a Linha 4-Amarela do metrô e estudos para a implantação de um VLT (ainda em estudo);
Ampliação e construção de equipamentos públicos, como UBSs e escola de artes.
Impacto para o mercado imobiliário
O certame também era muito aguardado pelo setor da construção civil. Isso porque, em 2023, a Câmara Municipal ampliou o perímetro da Operação Urbana para uma área de 500 metros na Vila Olímpia, conhecida como “buraco da Faria Lima”, que até então concentrava imóveis baixos. Com a mudança, os terrenos passaram a ter coeficiente de aproveitamento maior, viabilizando prédios mais altos — desde que os Cepacs sejam adquiridos.
Antes só era possível construir até o dobro da área do terreno; agora é permitido construir até quatro vezes essa área, viabilizando os prédios mais altos. Com isso, incorporadoras que planejam novos empreendimentos ou precisam regularizar prédios já construídos dependem dos títulos para avançar nos negócios.
O mercado imobiliário estima que a área tenha pelo menos 15 prédios que podem ser enquadrados nessa gratuidade agora suspensa. O mais emblemático deles é o edifício St. Barths, um prédio de luxo da incorporadora São José, na Avenida Leopoldo Couto Magalhães Júnior.
Ele teve as obras embargadas em 2023, por não ter autorização da Prefeitura de SP para a construção dos 19 andares. Na época, a construtora foi multada em mais de R$ 2 milhões (veja vídeo abaixo).
Prédio de luxo foi construído sem autorização