PF vê indícios de que Eduardo Bolsonaro usa conta bancária da esposa para esconder dinheiro e evitar bloqueios

A Polícia Federal (PF) viu indícios de que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) utilizou a conta bancária de sua esposa, Heloísa, para esconder recursos recebidos pelo seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e evitar possíveis bloqueios de valores. Processo semelhante teria sido empregado por Bolsonaro com sua esposa, Michelle Bolsonaro.
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A informação consta do relatório final produzido pela PF no inquérito que levou ao indiciamento de Eduardo Bolsonaro e Jair Bolsonaro por coação a autoridades responsáveis pela ação penal do golpe de Estado.
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Para a PF, pai e filho “se utilizaram de diversos artifícios para dissimular a origem e o destino de recursos financeiros, com o intuito de financiamento e suporte das atividades de natureza ilícita do parlamentar licenciado no exterior.
Transferências
Ao analisar a movimentação financeira dos investigadores, a Polícia Federal identificou que Jair Bolsonaro transferiu mais de R$ 2 milhões ao filho que está morando nos Estados Unidos desde o começo do ano.
Em junho, em depoimento à própria PF, Bolsonaro informou ter transferido R$ 2 milhões ao filho para Eduardo ‘não passar necessidade’. Segundo os investigadores, no entanto, Bolsonaro “omitiu informação à Polícia Federal em seu depoimento (…) de que teria repassado outros valores.” De acordo com o relatório, além da transferência de R$ 2 milhões, realizada em 13 de maio, Bolsonaro fez 6 transferências para contas do filho ao longo do ano, somando R$ 111 mil.
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A PF afirma que, após receber os R$ 2 milhões do pai, Eduardo Bolsonaro realizou duas transferências diretas para contas de sua esposa, Heloísa Bolsonaro. A primeira, em 19 de maio, foi de R$ 50 mil. Na segunda, em 5 de junho, foram transferidos R$ 150 mil.
Para os investigadores, a operação indica que Eduardo “utilizou a conta bancária de sua esposa como forma de escamotear os valores encaminhados por seu genitor, utilizando como conta de passagem, com a finalidade de evitar possíveis bloqueios em sua própria conta.”
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Michelle
Na análise das movimentações financeiras, a Polícia Federal também identificou um repasse de R$ 2 milhões de Jair Bolsonaro para a conta da esposa, Michelle Bolsonaro, na véspera do depoimento que prestou à PF em junho.
Segundo os investigadores, “não houve qualquer justificativa” para a transferência dos recursos.
Ainda segundo o relatório, as provas indicariam que Bolsonaro “atuou deliberadamente, de forma livre e consciente (…) com a finalidade de se desfazer dos recursos financeiros que tinha em sua posse imediata, bem como evitar possíveis medidas judiciais que limitassem e/ou impedissem de consumar o intento criminoso de apoiar financeiramente as ações do parlamentar licenciado [Eduardo] no exterior.”
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