Folclore na sala de aula: escolas do RN usam música, dança e lendas para preservar tradições


Folclore na sala de aula: escolas do RN usam música, dança e lendas para preservar tradições
Cedida/IECE
No Dia do Folclore, celebrado em 22 de agosto, escolas do Rio Grande do Norte se transformam em palcos de celebração da cultura popular. Entre cordéis, danças, lendas e culinária típica, professores e alunos resgatam tradições que fazem parte da identidade potiguar, conectando saberes ancestrais às novas gerações.
Em Natal, turmas do ensino fundamental do Instituto Educacional Casa Escola tiveram não só um dia, mas uma semana inteira de atividades. Os alunos participaram de brincadeiras tradicionais, como pé de lata, cantigas de roda e trava-línguas, até releituras de personagens do folclore, como o Saci, o Curupira e lendas como a da Vitória-Régia e a da Viúva Machado, que teve a origem em Natal.
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“Eles estudaram mitos e lendas locais, pesquisaram sobre o Papa Figo, confeccionaram brinquedos como o pé de lata, além de trabalhar com simpatias, trava-línguas e adivinhações. Tudo isso entra na escrita, na linguagem, na variação linguística e até na culinária, porque a cultura atravessa o currículo inteiro”, destaca a diretora pedagógica da escola Priscila Griner.
As crianças exploraram mitos populares e participaram de rodas de conversa sobre a presença da cultura no dia a dia e tiveram contato com a obra de Câmara Cascudo, maior folclorista brasileiro.
A celebração contou ainda com momentos de manualidades, capoeira e um lanche coletivo preparado com receitas transmitidas de geração em geração.
“Valorizar é uma questão de compromisso interno, uma forma de conduzir nossos trabalhos. Também é uma orientação da própria Secretaria de Educação, que faz parte da lei: as escolas precisam abordar a cultura e o folclore. Mas, aqui, temos esse cuidado de trazer essas manifestações de forma transversal ao longo do ano todo”, explica Priscila.
Para ela, o folclore dá “um colorido a mais” à formação das crianças. “É parte da identidade delas. Foi nossa formação e agora é a vez deles, que estão passando por essas tradições e brincadeiras. O aprendizado não fica restrito à teoria: ele se conecta à vida”, diz.
Folclore na sala de aula: escolas do RN usam música, dança e lendas para preservar tradições
Cedida
No Complexo de Ensino Noilde Ramalho, em Natal, o Festival do Folclore Brasileiro transforma a escola em um espaço de vivência cultural, com música, dança, literatura e exposições que resgatam memórias e histórias do Brasil.
Segundo Lucilla Ramalho, diretora geral do Complexo, o festival é mais do que uma agenda cultural. “É um reencontro com nossas raízes e um convite para refletir sobre a importância de manter vivas as tradições que formam a identidade do nosso povo”, explica.
De acordo com a diretora, na escola, o folclore é trabalhado de forma transversal, integrado às diferentes disciplinas. Alunos participam de leituras de lendas, danças, cantigas, brincadeiras populares e produções artísticas.
Atividades práticas, como a criação de murais e exposições, concursos culturais e exibição de filmes, permitem que a aprendizagem saia da teoria e se conecte com a experiência cultural.
“Ao apresentar tradições locais junto às nacionais, como o Saci e a Iara, mostramos aos alunos a riqueza cultural próxima de sua comunidade. Isso fortalece o sentimento de pertencimento e constrói uma identidade cultural sólida”, acrescenta Lucilla.
Entre as ações realizadas neste mês de agosto, estão pesquisas e produções sobre lendas nacionais e tradições locais, ensaios de danças folclóricas, criação de exposições e murais interativos, concursos culturais e exibição de filmes que resgatam memórias da cultura popular.
Folclore no RN
O trabalho das escolas se conecta com a programação da Fundação José Augusto (FJA), que durante o mês de agosto promove o evento “A Gosto do Folclore”. A ação celebra os 18 anos do Registro do Patrimônio Vivo do RN (RPV), iniciativa que reconhece mestres e grupos tradicionais que mantêm viva a identidade cultural potiguar.
Entre as atividades estão exposições, apresentações artísticas e educativas em Natal, Santa Cruz e Canguaretama.
Os destaques da programação são:
Exposição Folguedos e Tradições, Pinacoteca do Estado – Natal (até 30/08)
Exposição Registro do Patrimônio Vivo do RN, Teatro Candinha Bezerra – Santa Cruz (até 30/08)
Exposição História dos Festejos Juninos, quatro escolas estaduais de Natal (até 22/08)
Espetáculo Rimas Potiguares, com Felipe Pereira e Erasmo Ferreira, Teatro Candinha Bezerra – Santa Cruz (21/08, 19h)
Apresentações de grupos do RPV, Centro de Turismo de Barra de Cunhaú – Canguaretama (23/08, 19h)
Segundo a FJA, a programação integra cultura, educação e memória, reforçando a importância de levar às novas gerações o conhecimento sobre manifestações como o Boi de Reis, Pastoril, Coco de roda, Chegança e Fandango.
Lei estadual incentiva valorização do folclore
O Rio Grande do Norte instituiu em setembro de 2024 o Programa Estadual de Valorização do Folclore, por meio da Lei nº 11.903/2024.
A norma estabelece ações para promover a preservação do folclore brasileiro, regional e local, estimulando atividades educativas, culturais e comunitárias em escolas e espaços públicos.
Entre os objetivos da lei estão a realização de atividades mensais, o incentivo à tolerância e à diversidade cultural e a manutenção do Dia do Folclore, em 22 de agosto, no calendário oficial do Estado.
O programa também prevê a articulação com universidades, órgãos públicos e instituições privadas para fortalecer a difusão das manifestações culturais.
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