
Atenção, imagens fortes
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Bebê sofre queimadura no pé em hospital Jayme Santos Neves na Serra no ES
Sara Peisino Barboza, mãe do pequeno José, bebê que teve o pé queimado por algodão enquanto estava internado no Hospital Estadual Jayme Santos Neves, na Serra, Grande Vitória, na terça-feira (19), disse que a sensação diante dessa situação é de que sua vida foi do céu ao inferno em minutos.
Poucas horas após o nascimento do primeiro filho, ou seja, com apenas um dia de vida, ela viu o sonho da maternidade virar pesadelo ao acordar com o choro do menino e, ao mesmo tempo, sentir cheiro de queimado. Ele precisou passar por uma cirurgia.
Profissionais envolvidos no caso foram afastados, a pedido da Secretaria de Saúde do estado. A Polícia Civil também investiga o caso.
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“Sonhamos e desejamos tanto o José. Foi uma alegria quando descobrimos, porque perdi minha avó recentemente e ele foi a nossa cura nesse momento. Passar por isso tudo é um pesadelo. Todas as roupas que fiz para ele, a mala e ele só usou uma roupinha. A gente planeja e sonha tanto, alguém vem e acaba em segundos por despreparo”, desabafou a mãe em entrevista para a TV Gazeta.
Por causa das queimaduras no pé, José passou por cirurgia nesta sexta (22). Segundo os médicos contaram à família, ele não corre risco de morte, mas precisa passar por novo procedimento cirúrgico nesta segunda (25), para tirar o restante de pele necrosada.
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Bebê recém-nascido tem o pé queimado com algodão em hospital e precisa passar por cirurgia na Serra, Espírito Santo
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Apesar de aliviada, nada faz Sara esquecer o que viveu no quarto andar do centro médico. A jovem mãe estava dormindo quando acordou com o choro do filho e com cheiro de queimado preenchendo todo o andar.
“Cheguei na sala e estava uma confusão enorme. Só me falaram que eu ia descer com ele para a Utin. Nem me explicaram o que tinha acontecido. Só vi a meia queimada, mas nem pensei que seria com ele. Desci e minha mãe que contou o que tinha acontecido”, explicou Sara.
Avó presenciou a cena
O desespero da mãe é o mesmo da avó Rosilene Pesino. Assim como a filha, a diarista sonhava com a chegada de José. A cena dela segurando o netinho acabou se transformando em salvamento do menino.
“Eu fui arrancando o papel filme todo do bercinho e fui abrindo o macacão dele. Quando peguei a perninha, já dava para ver que tinha pego fogo porque o macacão tinha queimado do lado de fora. Quando eu tirei o macacão o pezinho tinha sido todo queimado”, relatou a avó.
Rosilene Pesino, avó de José
Reprodução/TV Gazeta
Essa cena ocorreu após elas presenciar uma enfermeira preparar o algodão. “Ela pegou o algodão e esquentou nas lâminas que ficam no berço para esquentar. Subiu um cheiro de queimado e as colegas perguntaram o que era, mas ela disse que nada tinha acontecido. Depois, colocou o algodão nos dois pés e fechou a roupinha. Vi algo amarelo e percebi algo errado. Ai que fui tirando tudo para pegar ele”, contou.
A avó lembra de ter tirado o macacão do neto. “Ele é de tricô e, quando esquenta, ele vira um plástico. Se isso tivesse continuado, iria queimar ele todo, grudar na pele. Ele poderia ter morrido”, contou a avó.
Depois de ter sido transferido para outro hospital em Vitória, a família agora espera o momento de poder abraçar o pequeno José.
“Esse momento que seria o mais lindo das nossas vidas e, como disse a Sara, fomos do céu ao inferno em minutos. E tudo devido à negligência que temos sofrido”, reclamou a avó Rosilene.
Bebê recém-nascido tem o pé queimado com algodão em hospital e precisa passar por cirurgia no Espírito Santo
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“Perdemos o direito de curtir o nascimento do José, de estar junto, ele perdeu o direito de ser amamentado exclusivamente pelo seio da mãe, então fomos roubados de várias coisas por conta de algo que aconteceu no Jayme e a gente não tem culpa”, finalizou.
O que diz o hospital
A Secretaria estadual da Saúde (Sesa), que respondeu pelo Hospital Jayme Santos Neves, informou que determinou à direção do hospital que os profissionais potencialmente envolvidos no caso sejam afastados preventivamente até a conclusão da apuração sobre as circunstâncias que envolveram os ferimentos provocados no bebê.
“Por ordem do Secretário de Estado da Saúde, foi encaminhado ao setor de Auditoria da Sesa o pedido de abertura imediata de auditoria para que, no prazo máximo de 30 dias, apresente relatório conclusivo sobre o fato”, disse em nota.
A Câmara Técnica Materno-Infantil do Conselho Regional de Enfermagem do Espírito Santo (Coren-ES) explicou, por nota, que a técnica utilizada para controlar a temperatura um bebê de um dia, que o deixou com o pé queimado, não existe nos protocolos da Enfermagem.
Bebê teve o pé queimado por algodão enquanto estava internado no Hospital Estadual Jayme Santos Neves, na Serra, Espírito Santo
Reprodução/TV Gazeta
Segundo o conselho, a estabilidade térmica deve ser garantida por equipamentos adequados, como incubadoras ou berços aquecidos, e outras medidas padronizadas.
Já o Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES), por meio da Promotoria de Justiça Cível e da Infância e Juventude da Serra, instaurou, nesta sexta-feira (22), procedimento para apurar as circunstâncias da queimadura sofrida por José.
A Polícia Civil informou que o caso segue sob investigação da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) e, por envolver menor de idade, seguirá sob sigilo.
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