
Após inseminação artificial, vaca pare quadrigêmeos em Guararapes
Uma vaca da raça Nelore pariu quadrigêmeos em um sítio na zona rural de Guararapes (SP) após passar por um processo de inseminação artificial. O caso ocorreu em 14 de agosto e é considerado raro.
Segundo o médico veterinário entrevistado pelo g1, os estudos indicam que as chances de isso acontecer variam de uma a cada 180 milhões.
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Logo após o parto, um dos bezerros não resistiu e morreu. O nascimento de quadrigêmeos foi uma surpresa para a tutora do animal e até mesmo para o profissional que fez o procedimento.
O veterinário Henrique Rodrigues Tonani lembra que não se atentou ao número de embriões na barriga da vaca quando vez o ultrassom.
“Eu tive apenas a informação após o nascimento. A gente fez o ultrassom, mas não me atentei à quantidade [de embriões]”, revela.
A vaca enfrentou uma gestação arriscada, pois quatro bezerros precisavam de nutrição para se desenvolverem dentro do útero. O fato de não ter havido diagnóstico de quadrigêmeos fez com que ela ficasse desassistida de alguns cuidados preventivos.
“O processo foi através de uma Inseminação Artificial de Tempo Fixo (IATF). Usamos um estímulo através de hormônios. É um caso muito raro. Estudos indicam um caso em 180 milhões”, explica.
Henrique Rodrigues Tonani (à esquerda) de 36 anos que foi o médico veterinário responsável pela inseminação artificial
Arquivo pessoal
🔎 Inseminação Artificial de Tempo Fixo surgiu nos Estados Unidos há cerca de 25 anos, mas começou a ser usada no Brasil depois dos anos 2000. A técnica permite controlar e definir o horário de ovulação e inseminação, o que facilita o manejo e elimina a necessidade de observar o cio. A IATF traz vantagens como a possibilidade de realização de diferentes cruzamentos, a definição da data do parto e a organização do manejo. Além disso, também diminui o risco de erro na observação do cio.
O parto foi acompanhado por um funcionário da fazenda e ocorreu de forma natural. Porém, um dos bezerros teve complicações e morreu um dia depois do nascimento.
“Infelizmente ela nasceu menor, mais fraca que os outros e não conseguimos reverter o quadro”, conta o veterinário.
Os outros continuam se desenvolvendo na propriedade rural. Eles são nutridos com o leite da vaca duas vezes ao dia, mas precisam de complementação com leite em pó especial.
Vaca que pariu quadrigêmeos com seus bezerros após o parto em uma zona rural em Guararapes (SP)
Arquivo pessoal
Uso de mamadeira
À reportagem, a engenheira agrônoma Victoria Mestriner contou que já sabia que a vaca estava prenha, mas não esperava quadrigêmeos. Foi vendo um urubu próximo ao animal que ela percebeu que o parto tinha ocorrido. Em seguida, pediu ajuda ao funcionário.
“Eu tinha notado que a barriga dela estava enorme, mas não tinha noção que seriam quadrigêmeos. No dia, eu vi que tinha um urubu próximo dela e que ela estava próxima de fazer o parto. Depois, quando fomos checar, tinha quatro bezerros”, revela.
Inicialmente, eram dois bezerros machos e as outras duas fêmeas, mas uma das bezerras não resistiu.
“A gente notou que uma das fêmeas não estava bem, respiração muito elevada e não quis mamar, essa não resistiu e morreu. Os três que restaram estão ótimos, estão mamando na mãe. Ela [vaca] tem muito amor nos três bezerrinhos”, revela Victoria.
Três bezerros que nasceram em uma propriedade rural em Guararapes (SP)
Arquivo pessoal
Devido à necessidade de alimentação mais de duas vezes ao dia, os três bezerros têm sido auxiliados pelos trabalhadores do sítio. Eles utilizam mamadeiras para alimentá-los.
“A gente já vivenciou aqui o parto de gêmeos, mas de trigêmeos e quadrigêmeos é a primeira vez. E, na nossa região, eu nunca tinha ouvido falar”, explica a engenheira.
Victoria Mestriner que é engenheira agrônoma e tem cuidado dos três bezerros que sobreviveram durante o parto de uma vaca em Guararapes (SP)
Arquivo pessoal
Novos estudos
Além da surpresa inicial, o caso registrado em Guararapes serviu de inspiração para que o médico veterinário desenvolva novos estudos em relação à inseminação artificial e à reprodução animal.
“Foi um caso muito raro e, com certeza, vai contribuir para estudos e aprendizados. Nesse tipo de inseminação que fazemos, os partos duplos são mais rotineiros, cerca de 1%, mas os quádruplos eu nunca tinha visto, só informações pela televisão”, finaliza Henrique.
* Colaborou sob supervisão de Henrique Souza
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