
A Polícia Civil indiciou por lesão corporal culposa e homicídio culposo o dono e o padeiro de uma padaria onde uma família comprou uma torta de frango contaminada. O alimento causou intoxicação em três pessoas, incluindo uma idosa que morreu após ser hospitalizada. O caso aconteceu na Região da Pampulha, em Belo Horizonte.
A padaria foi interditada pela Vigilância Sanitária no fim de abril. Durante a inspeção, foi constatado que o local funcionava sem alvará sanitário e não estava registrado no sistema municipal de regularização.
O padeiro e o proprietário prestaram depoimento à polícia e foram liberados. Eles negaram responsabilidade pela contaminação e disseram que outros familiares também comeram a torta sem apresentar sintomas.
As vítimas foram Fernanda Isabella de Morais Nogueira, de 23 anos, José Vitor Carrillo Reis, de 24, e Cleuza Maria de Jesus, de 78. O casal ficou internado por quase três meses e recebeu alta em julho. Cleuza, avó de Fernanda, morreu dias após ser hospitalizada. (entenda mais abaixo)
A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais chegou a tratar o caso como suspeita de botulismo, mas exames feitos pelo Instituto Adolfo Lutz descartaram essa possibilidade. Também foi considerada a hipótese de intoxicação por substâncias químicas, como inseticidas, mas não houve confirmação.
Relembre o caso
A torta de frango foi comprada na noite do último 21 de abril, na Padaria Natália, no bairro Serrano, na Região da Pampulha, em Belo Horizonte.
Fernanda Isabella de Morais Nogueira e José Vitor Carrilho Reis consumiram o alimento junto à tia, Cleuza Maria de Jesus Dias, e relataram gosto azedo, devolvendo o produto ao estabelecimento.
Na madrugada seguinte, o casal, que mora em Sete Lagoas, foi internado em estado grave e entubado no CTI. Cleuza também passou mal, desmaiou e foi levada à UTI. Ela morreu pouco mais de um mês após comer a torta.
Familiares relataram aos policiais que a equipe médica suspeitava de envenenamento por alguma substância.
Segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), em abril, foi realizada a coleta de amostras clínicas dos pacientes para análise da Rede Nacional de Vigilância Laboratorial. Foram recolhidos, ainda, pedaços de alimentos como frango desfiado, milho verde, água e sobras presentes na fôrma da torta.
O material coletado foi encaminhado ao Instituto Adolfo Lutz, laboratório de referência nacional para botulismo, em São Paulo. No dia 20 de maio, exames laboratoriais descartaram a presença de toxina botulínica nos organismos dos três familiares.
Padeiro procurou a polícia
Policiais ouviram funcionários de uma padaria que confirmaram que os salgados são produzidos por um único padeiro e que as tortas foram feitas em 19 de abril, permanecendo congeladas para aquecimento sob demanda.
O dono do estabelecimento relatou à Polícia Militar que contratou o padeiro como freelancer, sem registro formal, e que ele trabalhou por apenas seis dias, sendo 20 de abril o último. O comerciante afirmou não ter informações básicas do colaborador, como telefone e endereço, pois o pagamento era feito em dinheiro.
Com a repercussão do caso, na tarde de 23 de abril, o padeiro se apresentou voluntariamente em uma delegacia da Polícia Civil, no bairro Alípio de Melo, na Região Noroeste de BH. Ele foi ouvido, negou que tenha cometido qualquer crime e foi liberado.
Estabelecimento fica bairro Serrano, na Região da Pampulha, em Belo Horizonte.
Reprodução/TV Globo
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