Navios de guerra dos EUA na costa da Venezuela levantam suspeita de ação militar de Trump contra Maduro, diz jornal


EUA divulgam imagens de navios de guerra em operação no Oceano Atlântico
O envio de oito navios de guerra pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para a costa da Venezuela, como revelado por agências de notícias nos últimos dias, levantam a suspeita de uma possível ação militar contra o regime Maduro, segundo o jornal americano “Washington Post”.
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Segundo a reportagem, “é raro ver tantos recursos [navios militares] enviados para apoiar” a região do Caribe, que o Exército americano chama de “Comando Sul”.
Segundo informações de agências de notícias, os navios designados por Trump até o momento são os seguintes:
USS Gravely: destróier;
USS Sampson: destróier;
USS Jason Dunham: destróier;
USS Iwo Jima: navio de ataque anfíbio;
USS San Antonio: navio de transporte anfíbio;
USS Fort Lauderdale: navio de transporte anfíbio;
USS Lake Erie: cruzador de mísseis guiados;
USS Newport News, submarino de ataque rápido com propulsão nuclear.
Os navios devem chegar ainda nesta semana e foram atrasados por conta do furacão Erin, que se formou no Oceano Atlântico nos últimos dias.
Os militares se recusaram a detalhar a missão específica dos envios, mas afirmaram que as movimentações recentes visam enfrentar as ameaças à segurança nacional dos EUA vindas de “organizações narcoterroristas” especialmente designadas na região.
Recado a Maduro
EUA enviam navios de guerra para a costa da Venezuela
Na semana passada, os Estados Unidos já haviam deslocado navios de guerra, aviões, ao menos um submarino e cerca de 4.000 militares para o mar do Sul do Caribe, perto da costa da Venezuela, segundo as agências de notícias Reuters e Associated Press.
O objetivo seria o combate aos cartéis de drogas que operam na região levando drogas da América do Sul aos EUA.
O governo do presidente Donald Trump tem dado mostras de que Maduro é o novo alvo dos EUA:
Seis navios de guerra foram deslocados para o sul do Caribe, perto da costa da Venezuela, sob a alegação de conter ameaças de cartéis de tráfico de drogas, segundo agências de notícias.
Ao responder o porquê do deslocamento de navios, a porta-voz do governo, Karoline Leavitt, disse na terça (19) que Maduro “não é um presidente legítimo”, além de ser “fugitivo” e “chefe de cartel narcoterrorista” —e que, por isso, os EUA usariam “toda a força” contra o regime venezuelano.
A referência a “fugitivo” se explica pelo fato de os EUA terem colocado, no início de agosto, uma recompensa de US$ 50 milhões (R$ 275 milhões) por informações que levem à prisão ou condenação de Maduro.
Segundo o Departamento de Justiça dos EUA, o presidente venezuelano é acusado de envolvimento em conspiração com o narcoterrorismo, tráfico de drogas, importação de cocaína e uso de armas em apoio a crimes relacionados ao tráfico. O governo americano também diz que Maduro lidera o suposto Cartel de los Soles, grupo classificado recentemente pelos EUA como organização terrorista internacional.
Entenda a escalada de tensões entre governo Trump e Venezuela
Além dos três destróieres da Marinha dos EUA, equipados com o poderoso sistema de combate Aegis, e três navios de desembarque anfíbio, feitos para transportar e desembarcar divisões terrestres, o governo Trump deslocou aviões espiões P-8 Poseidon e pelo menos um submarino, além de 4.000 marinheiros e fuzileiros navais para a região.
Em resposta ao envio americano dos navios de guerra, Maduro anunciou mobilização de 4,5 milhões de milicianos para combater o que chamou de “ameaças” dos EUA.
Donald Trump, presidente dos EUA, e Nicolás Maduro, líder do chavismo na Venezuela
Kevin Lamarque e Manaure Quintero/Reuters
Navio anfíbio USS San Antonio, integrante do grupo de combate Iwo Jima da Marinha dos Estados Unidos.
Sargento Nathan Mitchell/Marinha dos Estados Unidos
Cartel de los Soles
Donald Trump aponta Nicolás Maduro como o chefe de uma organização chamada Cartel de los Soles, que seria liderada pelo alto escalão do Exército da Venezuela.
Segundo a imprensa latino-americana, o grupo atua como facilitador de rotas de drogas para outros grupos que vendem os produtos no mercado americano, como o mexicano Cartel de Sinaloa e o também venezuelano Tren de Aragua.
Desde a semana passada, alguns países sul-americanos têm acompanhado a decisão de Trump de designar o Cartel de los Soles como organização terrorista, começando pelo Equador, governado por Daniel Noboa, de direita.
Em seguida, foi a vez do presidente Santiago Peña, do Paraguai. Nesta sexta-feira (22), a Guiana também publicou uma medida semelhante.
Enquanto Equador e Paraguai são governados por opositores do chavismo, a Guiana se encontra em uma disputa terrirorial com Caracas pela região de Essequibo, que ela controla.
Poder de fogo de Caracas
Em contraposição aos EUA, a Venezuela tem problemas em seu arsenal militar. Segundo o IISS (Instituto Internacional para Estudos Estratégicos), as Forças Armadas venezuelanas operam com “capacidades restritas” e “problemas de prontidão” por conta de “sanções internacionais, isolamento regional e uma crise econômica de longa data”, que nas últimas décadas limitaram a capacidade de comprar armamentos e tecnologia militar.
“Sanções internacionais e a crise econômica limitaram significativamente a capacidade do país de obter novas tecnologias militares. (…) Devido à capacidade limitada de aquisição, grande esforço é direcionado a reparos e modernizações de sistemas já existentes, e a Força Aérea e a Marinha enfrentam problemas de prontidão”, afirmou o IISS no relatório.
Por conta dessas restrições, muita incerteza paira sobre as capacidades militares reais da Venezuela, mesmo com o país tendo alguns equipamentos considerados relativamente modernos.
Poderio militar da Venezuela.
Gui Sousa/Equipe de arte g1
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